O ANJO AZRAHEL

"Ví um cavalo descorado e o assentado nele tinha o nome de MORTE,e foi lhe dado poder de matar parte da terra,com a espada,fome e pestilência." Offenbarung,cap.6 vers.8

Hamburg é uma grande e movimentada cidade.Há 5km fora da cidade fica

a clínica moderna onde trabalho como bioquímico num laboratório bem equipado.Aqui trabalham os médicos mais qualificados do mundo.Um dermatologista me enviou uma amostra de pele para analizar de um paciente.Ele havia contraído uma leve alergia em suas férias nas ilhas Seychelas,na África. Observei no microscópio e deduzi que era uma espécie de bactéria.Para cada célula que morria,duas se reproduziam.Ela sofria uma mutação em contato com o ar e se transformava num vírus.Atirei tudo na centrífuga e apertei o painel da sirene de alarma.Abri a porta ao lado onde 30 colegas trabalhavam e gritei:-Fora daqui todos,temos um vírus! A correria e o pânico se espalhou no lugar.Tomei a escada,pois os elevadores estavam lotados,eu estava no 8 andar.Ao chegar no terceiro abri a porta do corredor,mas era tarde.Haviam muitas pessoas se debatendo no chão em convulsão,eles perdiam espuma pela boca como numa crise de epilepsia e filetes de sangue corriam dos olhos e ouvidos.A porta da sala dos médicos estava aberta e ví que todos estavam mortos,alguns ainda na frente do computador ligado.Num deles havia a imagem dum pastor que proclamava o fim do mundo e lia um salmo: "-Padece a terra e o mar,pois desceu a vós o diabo e tem grande furor,pois sabe que seu tempo é curto e busca ajuntar almas para a batalha contra o divino"

Cheguei no estacionamento e entrei no carro,iria buscar o que podia e desaparecer dali.Ao chegar na cidade reinava o caos.Pessoas mortas estiradas nas ruas,e os sobreviventes aproveitavam para depredar as lojas e roubar,quebrando as vitrines.Alguns rezavam de joelhos ao lado dos seus parentes mortos,outros maldiziam a Deus.Parei numa farmácia e peguei todos os medicamentos que pude achar,os fucionários estavam todos mortos.Passei no supermercado e me supri de enlatados.Eu ainda usava a roupa,a máscara e as luvas do meu trabalho.Até quando eu iria sobreviver

não sabia.O tráfego era dificultado pelos inúmeros carros colididos com seus condutores mortos caídos no volante,mas consegui sair da cidade.Na auto estrada havia um posto de gasolina e um restaurante.Lá dentro os fregueses estavam tombados sobre as mesas com o rosto dentro dos pratos.No chão tinha um policial morto,e retirei suas duas pistolas e a munição levando comigo.Pelas árvores se juntavam abutres atraídos pelo mau cheiro dos corpos,esperando para se alimentarem das carnes dos fartos mortos e atirei em alguns deles para matá-los.Percebi uma camioneta dos correios num canto,arrastei o motorista morto para fora e levei minhas coisas para lá.De repente escutei o choro de alguém e me virei para ver.Um menino de 10 anos chorava em estado de choque perto dos carros e cadáveres de seus familiares.Eu disse a ele:-Venha,eu o levarei comigo.Ele respondeu:- Meu nome é Ryan,meus pais morreram,todos aqui estão mortos. Eu o coloquei no carro e me afastei do lugar em alta velocidade.Depois de 4 horas parei num vilarejo para dormirmos.Lá o cenário era o mesmo,mortos espalhados por toda parte e abutres devorando os cadáveres descompostos. Entramos numa das casas vazias e fui preparar algo para comer.O menino estava traumatizado e teria que cuidar dele e deitei ao seu lado num sofá para passar a noite.Ao amanhecer continuei a viajar buscando um lugar para ficarmos.Depois de dois dias encontrei sinal de vida numa cidade,haviam luzes acesas,as ruas eram limpas e os moradores pareciam normais.Estacionei em frente a uma lancheria e entramos.Uma mulher amável nos atendeu e disse:-São novos aqui,de onde vieram? Eu respondi:-viemos de longe e estamos buscando abrigo.Ela falou:-Tem chegado muitos por aqui,temos casas sobrando,cuidamos da cidade e nos ajudamos uns aos outros,fiquem morando conosco,estamos seguros aqui.Costumamos nos reunir na halle da prefeitura,onde mora o reverendo que nos orienta,ele nos recebeu aqui e tem nos ajudado muito,compareçam lá esta noite.Outro homem prestativo nos levou até uma bela casa onde poderíamos morar.O vírus ainda não havia chegado ali,mas seria por pouco tempo.Também não havia abutres ali.De noite eu e Ryan fomos na prefeitura com os outros vizinhos.Lá haviam mais 300 pessoas sentadas numa grande sala.Na frente falava um pastor com uma boína de estilo dos judeus e lia seus salmos:-Irmãos,virão até nós muitos sobreviventes a tribulação,teremos que ajudá-los e recebe-los como ordena o divino,estamos protegidos por Ele.Vamos dar nossas boas vindas aos novos que chegaram.Alguns se levantaram e se apresentavam dizendo seus nomes e sua origem e eram aplaudidos pelos demais.Eu disse:-Meu nome é Werner e este é meu filho Ryan,viemos de Hamburg.Eu considerava o menino meu filho adotivo e me sentia responsável por ele.

Quando voltamos para casa Ryan falou: -Eu não gosto do pastor,ele mente e não irei mais nos encontros. -Todos gostam dele,ele é bom e só quer ajudar Ryan,eu respondi.Depois desliguei a luz de seu quarto e ele adormeceu. Tivemos sorte de ter achado aquele lugar e ainda estar vivos. Talvez Deus tivesse nos conduzido até ali.

- Segue no próximo capítulo

NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 05/04/2016
Reeditado em 05/04/2016
Código do texto: T5595779
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