O ANJO AZRAHEL-2

Cada dia chegavam mais pessoas sobreviventes naquele povoado,éramos cerca de 8oo moradores agora.Todos recebiam abrigo,uma casa para morar,alimentos.O reverendo era uma ótima pessoa e organizou uma escola para as 50 crianças que haviam ali,eu ajudava a lecionar aproveitando meus conhecimentos junto a uma professôra e cuidávamos deles como podíamos.Mas Ryan não gostava de se juntar aos outros na escola e passava grande parte do tempo no seu quarto.Ele falava sózinho e estava desenvolvendo sintomas de distúrbios psiquícos.Tentei falar com ele mas não adiantava.Uma noite acordei com o barulho da porta se fechando e fui ver,era o menino e disse a ele:-Ryan onde voce andou a estas horas da noite? Ele respondeu:-Estive no matagal perto do parque observando a casa do reverendo,ele tem côrnos,devemos ir embora daqui. Na sua mão havia um binóculos. Respondi a ele:-Ryan voce está vendo coisas,falando sózinho,estou preocupado contigo. Ele disse:-Venha comigo e veja voce mesmo! Está certo eu irei com voce respondi,queria provar a ele que estava enganadodo,isso iria ajudá-lo. Nos aproximamos da prefeitura onde o pastor morava atravessando o parque e subimos numa árvore,eu havia levado minha filmadora junto.Do lugar podia se ver a janela do quarto do reverendo.Observei com o binóculos,o pastor lia um livro sentado serenamente.Havia uma cama,quadros e móveis no aposento.De inesperado ele retirou sua boína da cabeça,deixando a mostra dois pequenos côrnos de marfim.Comecei a filmar com a cam alguns minutos,mas ele fechou as cortinas e apagou a luz.Ryan falou:-Voce viu alguma coisa? Sim eu disse, mas pode ser que ele tenha alguma anomalia e precisamos de mais provas.Ao chegarmos em casa fui olhar o filme na cam,mas apareciam os móveis e objetos e o reverendo não.A cam não havia captado sua imagem,como podia ser?

No dia seguinte estava fazendo um lanche com o menino,quando o reverendo veio nos visitar.Eu o convidei a entrar e ele falou:-Costumo fazer visitas de cortesia pessoalmente aos novos moradores que chegam,se necessitarem de alguma coisa não hesitem de vir me procurar.Vamos tirar uma foto juntos para colocar no mural da prefeitura com os demais,isso auxilia na identificação de muitos.

Naturalmente respondi.Então ele retirou sua boína deixando a mostra seus cabelos vastos e grisalhos,ele deveria ter 50 anos.Ao olhar a foto eu estava ao seu lado e ele sorria.Quando ele se despediu e foi continuar suas visitas eu fiquei com a impressão que ele queria me provar que eu havia me enganado,será que ele tinha percebido que estava sendo observado?

A situação de Ryan se agravou,ele reduziu sua alimentação e me pedia constantemente para irmos embora dali para outro lugar.Eu decidi fazer o que ele queria e lhe disse:-Ryan não podemos sair daqui sem um forte motivo,todos os que foram embora daqui foram encontrados mortos nos arredores do povoado,voce sabe.Teremos que fazer um plano convincente,portanto faça tudo como eu disser.Dois dias depois eu fui até a casa do pastor na prefeitura,eram 2 da madrugada e o acordei.

-Reverendo venha comigo até minha casa,nós temos um grande problema,é melhor o senhor ver pessoalmente.Ele me acompanhou prestativo como sempre e o levei ao quarto do menino.Ryan estava com febre alta (toalhas aquecidas na água quente) perdia espuma branca pela boca(shampo).E falei a ele:-O menino apresenta os primeiros sintomas do vírus,teremos que tirá-lo daqui antes que contamine todos os moradores do povoado.Se eles souberem disso causará uma massa histeria e o senhor perderá o controle da cidade que criou com tanta dedicação.Há 400 km daqui existe um hospital,eu o levarei para lá e mandarei notícias.

O pastor respondeu:-Como isso é possível? O lugar está protegido.

Mas se for para o bem do menino e da cidade,pode ir.Quando pretende partir?

-Amanhã,assim que ele se refazer um pouco.Ele então voltou para sua casa, havia acreditado na nossa farsa.Alguns minutos depois eu e Ryan deixamos a cidadela com outro carro para não sermos seguidos.

Cerca de 100km depois,uma mulher jovem pedia carona na auto estrada e diminuí a marcha.Ryan disse:-Não páre,ela foi enviada pelo pastor!

Pisei no acelerador,pelo espelho retrovisor não se via ninguém.Alguma coisa estranha acontecia,sem dúvida alguma.

Eram 5h da madrugada quando fomos atingidos por uma densa neblina, ao atravessar uma ponte que parecia não ter fim.A ponte era sobre uma lagoa e mais adiante se via luzes duma cidade. Ao entrar no lugar alguns policiais nos receberam e nos levaram para uma grande clínica num parque imenso.Nunca tinha ouvido falar que por ali havia um hospital de tamanho porte.Uma recepcionista providenciou um apartamento no local para mim e Ryan.Os cômodos eram limpos e arejados e havia um restaurante onde eram servidas as refeições.Alguns médicos trabalhavam ali e havia um diretor.Ryan parecia ter gostado do lugar,e me disse:-Aqui estamos em casa Werner. Uma mulher veio me buscar dizendo que o diretor queria me ver e a acompanhei até uma sala

ampla e espaçosa.Numa mesa havia um homem jovem que me recebeu sorrindo e outros que me observavam atentamente.-seja bem vindo entre nós,ficamos felizes que tenham vindo se aliar conosco,um bioquímo e cientista nos será de grande ajuda,ele disse. Aquele jovem diretor era sábio,bem educado.Eu me sentia bem perto dele,como se transmitisse segurança.

Depois Ryan e eu fomos descansar em nosssos aposentos,havia uma paz no ar e aroma das flores e árvores do parque.Era ótimo saber que haviam mais sobreviventes por toda parte.Eu iria trabalhar ali com eles e ajudar no que pudesse,agora tinha um menino para cuidar.Olhei para ele que dormia serenamente,ele era tudo que eu tinha na vida.

-Continua no próximo capítulo