SEU JUCA - 10 ANOS DEPOIS - CAPÍTULO I

No dia seguinte, Maria Rosa acordou e tomou café na melhor pousada da cidade, se é que segundo ela, poderia ser chamada de pousada. Não quis acordar seu tio que roncava absoluto no quarto. Mesmo de portas fechadas era possível ouvi-lo. Resolveu deixar o café pronto para quando ele acordasse e sair, pois o relógio marcava sete horas da manhã. Assim, ela teria tempo para reconhecer as mudanças da cidade.

Minutos depois ela já estava rondando as ruas estreitas de São Bento da Trindade. Resolveu então ir até a feira que começava às seis da manhã e terminava ao meio dia. Começaria por lá para ver se encontrava velhos amigos ou pessoas conhecidas.

Começou a andar pela feira e já estava na metade da mesma, quando notou um rosto familiar.

Uma mulher que há muito tempo ela não tinha mais visto, agora com o rosto já meio tomado pelas rugas, estava vendendo seu milho assado. Agora ela vendia também milho cozido e cuscuz.

– Olá, dona Marieta. A senhora se lembra de mim? – perguntou Rosa.

A mulher olhou para ela fixamente durante uns quinze segundos como estivesse tentando lembrar-se. De repente exclamou:

– Eu sei quem você é lindinha! Você é aquela menina que há muito tempo entrevistou o velho Juca.

– Parabéns. A senhora tem uma memória muito boa – falou Rosa sorrindo.

– Mas você se transformou em uma moça muito bonita. O que você veio fazer aqui nesse fim de mundo? Isso aqui não é para você – falou a mulher desdenhando de sua terra.

– Na verdade eu não voltei para morar aqui. Eu estou com meu tio Cássio hospedada em uma pousada aqui perto e na verdade estou aqui para falar com o seu Juca novamente.

Ao ouvir a moça falar sobre seu Juca a expressão da mulher mudou completamente. Parece que tinha agora um misto de medo e raiva.

– Você vai entrevistar aquele velho novamente? Não sei o que ele pode lhe dizer que preste. As histórias deles são somente mentiras.

Com certeza havia acontecido algo entre os dois, pois, a mulher não costumava a falar dele nesse tom. Antigamente ela falava dele de um jeito amigável que deixava a todos em dúvida sobre o que ele fazia na cidade.

– Preciso falar com ele, mesmo achando que não vai me dizer nada de sério.

Neste momento o celular toca. Rosa meteu a mão no bolso lateral da calça jeans e tirou um celular rosa. Olhou pra mulher e disse sorrindo antes de falar ao aparelho:

– Ainda bem que existem antenas de celular aqui.

– Alô? Oi querido, legal que você ligou. Já faz tempo que cheguei sim. Pare Lucivaldo. Eu não sou sua namorada para ficar lhe dando satisfações. Depois eu ligo, porque estou conversando com uma pessoa. Fui!

D. Marieta olhou sorrindo para Rosa e perguntou:

– Não é da minha conta, mas ele não é seu namorado mesmo?

– Não D. Marieta, ele é meu amigo. Mas tenho certeza que ele virá atrás de mim.

Continua

Alci Santos
Enviado por Alci Santos em 05/05/2016
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