O Pedido De Socorro

Acendo o cachimbo e sento-me em minha cadeira artesanal, feita de folhas de bananeira e bambus, ajeitando confortavelmente minha bunda. Estou surpreso em como fiz um belo trabalho nela. A coitada aguenta um velho já um pouco acima do peso. Frisando: apenas um pouquinho. Quando a fiz, imaginei que cederia à primeira sentada, e lá se vão seis meses de uso.

A brisa do mar vem em minha direção, empurrando a fumaça que preguiçosamente exalava do cachimbo em minha cara. Uma ou duas tossidas são inevitáveis.

Após me recuperar deste pequeno infortúnio, passo a vislumbrar as ondas do mar, se formando e quebrando, como sempre fazem.

Ah, que vida de rei tenho. Minha família é uma das poucas moradoras dessa ilha. Uma das de um grande arquipélago no meio do Oceano Atlântico. Um verdadeiro paraíso, porém, um local totalmente isolado. Apenas alguns turistas vêm aqui de vez em quando. Posso aproveitar todos os dias a praia e trabalho quando quero. Sou pescador. Nunca peguei um grande peixe, daqueles que os pescadores adoram para se gabar aos outros, porém, sempre que velejo nunca volto de redes vazias. Nunca deixei faltar para ocasionais encomendas nem para a família.

- Bom dia, pai! - Ouço meu filho dizer, enquanto passa como um raio ao meu lado, em direção ao mar.

- Bom dia, filho. - Respondo, mas não tenho certeza de que ele ouviu.

Observo-o encher um balde de água e se encaminhar à areia. Logo começa a trabalhar em alguma escultura.

Vendo-o tão solitário, me vem uma vontade de que Harry tivesse uma vida normal, fosse a escola, fizesse amigos, conhecesse umas moças, e tudo mais. Já tem dezoito anos o moleque, mas infelizmente, não parece. É extremamente infantil, talvez pela falta de convivência com mais pessoas. Euzébia, minha mulher, se encarrega de ensiná-lo as matérias básicas da escola. Penso em mandá-lo passar uma temporada com uma tia na Europa para que ele vá à faculdade e ganhe experiência de vida.

Um cheirinho de café no ar interrompe minhas divagações. Significa que Euzébia já levantou. Em dois segundos apago meu cachimbo; ela não gosta que eu fume, e escondo-o num bolso.

Sento-me a mesa e observo ela comendo. Devora avidamente um sanduíche de atum atrás do outro. Uma observação visando seu bem-estar me é inevitável.

- Você poderia aproveitar mais esta ilha, querida. - digo. - Já estás obesa, poderia fazer umas caminhadas.

Euzébia bufa.

- Ora essa, está me chamando de gorda? Como se estivesses uma tábua de magro. - Revida.

- Falo para seu bem. Não quero que acabe em estado terminal na cama, não podendo levantar nem para ir ao banheiro por não aguentar o próprio peso.

Harry surge gritando, interrompendo nossa conversa matinal.

- Mãe, pai!

- O que é?

- Vejam o que achei na praia! - E nos mostra um objeto. Euzébia pega e examina.

- Mas o que é isso… - resmunga, virando pra cima e pra baixo o achado. - Veja aqui Juventino, parece que tem algo dentro...

Analiso. É uma garrafa de vidro, do tipo que conheço bem. Certamente é de rum. Em seu interior, um papel dobrado. Removo a tampa e com certa dificuldade, retiro o papel.

Está sujo e encardido.

- O que está escrito? - pergunta Harry, animado com a descoberta.

Desdobro a folha, que parece ter sido arrancada de um bloco de notas qualquer, e leio:

“ SOCORRO,

A EMBARCAÇÃO EM QUE EU ESTAVA AFUNDOU, APENAS EU SOBREVIVI

ESTOU À DERIVA NO MAR EM UM BOTE SALVA-VIDAS.

ME ENCONTRO PRÓXIMO AOS DESTROÇOS.

SE ALGUÉM ENCONTRAR ESSA MENSAGEM, POR FAVOR, VENHA ME RESGATAR! “

- O que é? - Euzébia questiona.

- Um pedido de socorro. - Respondo em tom de estranheza, levando os dedos a meu cavanhaque branco para alisá-lo.

Harry e Euzébia leem.

- Nós temos que ajudá-lo, pai.

- Não sei não, filho. Essa garrafa pode ter sido jogada no mar há anos. Pode nem ser verdade…mas uma brincadeira de mal gosto.

- O que pretende fazer, querido? - pergunta Euzébia. Reflito por um minuto.

- Honestamente, nada. - Sentencio.

- Mas pai… - Harry me olha com o brilho da esperança nos olhos. Não gosto nadinha de sua expressão. - Não podemos ignorar um pedido de ajuda…

- Claro que podemos! - Respondo.

- Seu pai tem razão, Harry. Pode ser muito perigoso ir atrás de qualquer pessoa que seja.

- Que tipo de pessoas são vocês? - Grita Harry e, indignado, sai em disparada para seu quarto, batendo a porta.

Balanço a cabeça pesarosamente. Termino de comer, em seguida vou ouvir o rádio, a única coisa que nos conecta com o mundo de fora por aqui.

A tarde passa e Harry não sai do quarto nem para almoçar. Suas últimas palavras me vem à cabeça… Que tipo de pai sou? O que estou ensinando para meu filho? Que sou um covarde? Que devemos ser egoístas e pensar só em nós mesmos?

Após refletir, bato na porta dele.

- Que? - ele diz, irritado.

- Pegue os mapas de navegação, vamos tentar encontrar o sobrevivente!

Passamos a noite escarafunchando os mapas. Me foquei em um em especial, que mostra as correntes marítimas ao longo do ano, na esperança de ver o caminho mais provável percorrido pela garrafa até aqui. Euzébia não gostou nadinha.

Mais tarde, no quarto, a conversa:

- Juventino, você não é mais nenhum jovem para partir em busca de aventuras desse jeito.

- E não vou. É um salvamento!

- Você mesmo disse que pode não ter nada lá…

- É o que espero… - digo baixinho. - Não será nada demais, marquei um ponto máximo até onde estou disposto a navegar. Se nada houver até esse ponto, voltaremos.

- Voltaremos? Como assim? Ah não, Juventino! Não me diga que pretende levar o Harry!

Nesse ponto, fechei os olhos e fingi um ronco.

O brilho do Sol reflete intensamente nas águas, o céu azul com poucas nuvens, uma conjunção de pássaros em forma de seta passa piando sobre nossas cabeças. É um belo dia para salvar uma pessoa.

Harry e eu estamos na Titanica, meu barco. Aos poucos vamos nos afastando da costa. Viro para trás, consigo ver a carranca de Euzébia na praia, dando tchauzinho de má vontade. Retribuo sorrindo e dando um tchau vigoroso. Harry está concentrado na rota de navegação e não se vira para acenar.

- Preste atenção no caminho, Harry. Logo teremos que manobrar Titanica trinta graus à esquerda. Hoje você é meu copiloto. - digo.

- Ok. - ele me responde, dá pra ver que está compenetrado em sua tarefa.

Seguimos velejando, horas passam e não encontramos nada.

Ao meio dia, nuvens acinzentadas surgem tampando o Sol, num presságio de tempestade. Apresso o barco.

Já era meio da tarde quando chegamos ao ponto máximo que avisei estar disposto a percorrer para encontrar a tal pessoa.

Tudo que nossos olhos alcançavam era o azul escuro do mar. Apenas uma fina garoa caía, mas não demoraria para o céu desabar.

- É filho… Não tem nada aqui. - digo com pesar, apesar de estar comemorando em meu íntimo.

Cabisbaixo, ele faz que sim com a cabeça.

- Vamos voltar… - diz.

Começo a manobrar o barco para retornar.

“ Uuuuuuuh”

- O que foi isso? - Harry pergunta. Também penso ter ouvido algum som...

“ Láá Lá Láááá Láááá”

Franzo o cenho em estranheza…. Parece uma voz feminina e melodiosa. Olho em volta atentamente. Nada.

- Olha, pai! – grita Harry. Acompanho a direção que o dedo dele aponta, e vejo algo boiando no mar. Está longe para distinguir.

Aproximo o barco, e aos poucos, inúmeros destroços aparecem. Pedaços de madeira, objetos, roupas, e… contenho um vômito, partes diversas de seres humanos. Felizmente, se é que se pode dizer isso, não são muitas. Não estou muito à vontade em ficar olhando, mas parecem ser umas cinco ou seis pessoas. Tudo indica que já foram lanchadas por tubarões e peixes. O cheiro aqui não é muito agradável.

- Está vendo algum bote? - Pergunto a Harry.

- Estou procurando.

- Não fica olhando muito pra essas coisas, filho, pra não ter pesadelos.

Um raio corta o céu e um trovão se faz ser ouvido.

- Precisamos ir embora, logo.

“ Uuum dia liindo no maaaar

Praaaa queeem pode sonhaaaar “

Me tremo todo e Harry dá um pulo. Ouvimos algo novamente, agora com a certeza de que se trata de uma voz feminina…afinal o vento não sabe cantar com palavras. Não sei porque, mas senti medo.

Olho em volta, de repente, como em um passe de mágica, tudo estava diferente. O sol brilhava forte, o céu estava azul e nem sinal da tempestade. Os tocos de braços, pernas, e outras partes sumiram da água, bem como os destroços, e tudo que havia no lugar eram dois troncos boiando. Pisco os olhos bem forte, tentando voltar a mim, mas nada acontece. Era como se aqueles destroços e corpos nunca tivessem estado ali.

- Tem alguém aí? - Berro com toda a força dos meus pulmões, já maltratados pelo fumo.

- Ooooi, alguém? - Grita Harry, mais alto que eu.

Observamos abismados uma mulher surgir da água e agarrar-se num dos troncos, puxando o ar logo em seguida. Fico paralisado por um momento pelo acontecimento inesperado. Ela é jovem, extremamente branca, o cabelo lilás, molhado, os olhos grandes e azuis, a boca pequena e delicada, bem como o nariz. Será que estou presenciando a aparição de uma santa?

Antes que eu pudesse dizer algo, Harry o faz:

- Vem pra cá, sobe no barco!

Ela sorri para ele, então, mergulha no mar, para ressurgir alguns segundos depois próxima à Titanica.

A moça estica os braços finos e pálidos em direção a Harry, que ligeiramente vai de encontro a ela, segurando-a pelas mãos para auxiliá-la a subir.

- Vem pro mar, marinheiro, vem pro maaaar… - ela começa a cantar. Reconheço a voz como a que ouvimos antes. Harry se esforça em puxá-la, mas não consegue fazê-la subir. - Aqui é seeeeu lugaaaar...

De repente, a posição se inverte e é a mulher quem começa a puxar Harry, só que para baixo… para fora do barco!

- Veemm ficaaar… comigooo.

Desconcertado pela situação, corro em socorro a Harry. Agarro-o pela camisa e puxo-o para meu lado. A mulher não para de cantar, noto que estranhamente Harry estava mole… não estava lutando para se manter no barco.

- Vamos filho, largue dela!

Ele não responde. Continuo puxando-o com todas minhas forças, mas parece que apesar da aparência frágil, a mulher tem uma força descomunal.

Era como se estivéssemos lutando por um boneco inanimado, Harry não reagia.

- Aquiiii… é seeeuu.... lugaaaar...

- Não Harry, o que você está fazendo? Me ajude, vamos! - Grito desesperado, quando percebo que Harry agora luta para ir com a mulher, dificultando mais ainda que eu consiga mantê-lo no barco. Minha mão escorrega pela camisa dele, que acaba com a metade do corpo para fora...

Apenas as pernas ainda permanecem para cima. Meus músculos doem como nunca, lacrimejo, seguro firme na perna dele, mas todas minhas forças não são suficientes, ele me escapa e cai de vez na água, e eu, caio pra trás.

- Não! - Berro. - Harry!

Corro para procurá-lo no mar. Estou nervoso, vejo alguma movimentação embaixo d’água, tento alcançar com o braço, mas o vulto some. Decido me arriscar e ir atrás dele. Vou entrar na água.

- Capitão, capitãããooo… - Outra voz cantante surge. - Do mar é reeei, também do meeeuuuu coraçãããão.

Virando-me para o local de onde vem a voz, deparo-me com outra mulher, sentada sobre o tronco. É parecida com a que levou meu filho, porém seus cabelos são loiros e seus olhos, amarelos. Arregalo meus olhos quando vejo seu corpo...

A outra nunca deixou a água, nada vi além da cabeça e ombros; esta está mais à mostra. Não usa nada na parte de cima! E na parte de baixo, não sei se se trata de um traje de banho extravagante, mas parece um tipo de saia feita de escamas… cintila em tons verdes e roxos. A exuberância dela chamou minha atenção e ocupou minha mente de tal maneira…

Deve fazer uns vinte anos que não vejo um corpo feminino assim, tão durinho e levantado. Logo que casamos, minha mulher se acomodou e tudo despencou.

Mas que diabos, o que estou pensando?

Harry. Preciso salvar meu filho.

- Deixa eu te levaaaaar… Prometo, você vai gostaaaaar… - ela continua cantando.

Sinto-me paralisado. Quero pular na água, mas algo me impele a encará-la, contra minha vontade. Tento me concentrar em Harry, mas a visão daquele corpo escultural está me atrapalhando. “Eu amo minha esposa.”, penso repetidamente, como se isso me ajudasse a desviar o foco forçado dessa estranha, mas não adianta.

Ela estende os braços.

- Veeeem, capitãããooo… Veeeemmmm...

Realmente não sei o que está havendo. Perdi totalmente o controle, minhas pernas se movimentam sozinhas. Sento-me na beira do barco, com as pernas pro lado de fora.

Minha última visão da superfície é a da mulher levantando e abaixando os pés, batendo no mar… descubro que não são pés, mas sim, uma cauda de peixe! Não tenho tempo de ficar aturdido com isso, pois logo me jogo involuntariamente no oceano e rapidamente submerjo…

A água fria entrando em contato com meu corpo inteiro de forma abrupta me deu um choque. A única coisa que deu pra fazer no segundo em que estava caindo foi segurar a respiração e fechar os olhos.

Aos poucos vou me recuperando do susto e retomando a consciência da situação. Abro os olhos, tento bater os pés, voltar a superfície. Minha tentativa é frustrada, algo segura minhas pernas. Olho pra baixo, e vejo a criatura mais horrível. A pele esverdeada, o rosto lembrava uma face humana, porém deformada, cheia de verrugas e bolhas, os olhos esbugalhados, com veias negras e a íris pequena e escura no centro. Ao me ver olhando-a, a criatura dá um grito, alto e estridente. Vejo seus dentes pontiagudos, como dentes de tubarão… em nada parecida com a bela mulher de antes.

Puxa-me para as profundezas, não possuo forças para revidá-la. Em desespero, sei que meu oxigênio logo acabará… Nesse momento tudo que consigo pensar é “Maldito pedido de socorro, maldita pessoa que o mandou…”.

A necessidade de respirar bate em minha porta e eu preciso abri-la… Em meio a horrível sensação da água salgada entrando pelo nariz, sinto algo tocando em minha cabeça, ombros e braços… Serão peixes? De repente, sinto um puxão pra cima, e logo depois, uma dor excruciante em uma das pernas. A água é manchada de sangue e minha consciência se esvai...

***

Acordo com um espirro de água saindo de mim. Estou deitado. Sinto uma pressão ritmada em meu peito. Engasgado, começo a tossir compulsivamente. Meus olhos focalizam uma mulher sentada ao meu lado. Dou um pulo pra trás assustado. Outra mulher-monstro?

Sento-me e percebo que estou em um bote salva-vidas. Também percebo que está chovendo forte, que há uma corda já afrouxada em volta dos meus braços e que minha perna está ardendo. O machucado é uma visão forte… parte da carne da panturrilha está exposta, e o chão do bote inundou de sangue.

Sinto algo em meus ouvidos. É alguma coisa tampando-os. Levo minha mão à eles para retirar o que tampava, mas a mulher segura meu braço e faz um sinal negativo com a cabeça.

Ela é morena, veste um jaleco branco. Molhada e tremendo, parece desnutrida. Fito rapidamente as pernas dela, para ver se não são de peixe, e fico aliviado ao ver que são normais.

Ela amarra um pano em minha panturrilha, pega um pau e passa a remar. Não demoro muito tempo para desmaiar, talvez pela perda de sangue.

Acordo já de noite. A chuva parou, não estamos mais no local dos destroços, porém, continuamos no bote. Ela retira o que tampava meus ouvidos.

- Olá, sou a doutora Patrícia. - diz. E logo me conta a história…

- Eu e uma equipe de cientistas viemos para essa região estudar um grupo de baleias. Tudo ia bem, até que quatro dias atrás, fomos emboscados por um grupo de sereias...

“Sereias?”, penso. Nunca imaginei que pudessem existir… devo ter ouvido falar algo sobre elas há muito tempo. Já não lembrava…

- Eu era a única mulher do grupo, talvez por isso, fui a única a viver. As sereias enlouqueceram os homens, destruíram o barco. Sai a tempo com esse bote. Todos morreram. Como nada entendo de navegação - sou biologista - fiquei completamente perdida. Sobrevivi comendo restos de comida e bebidas que boiaram. Tive a ideia de mandar um pedido de socorro, mas não tinha esperanças de que alguém viesse…

- E Harry?

- Harry?

- Meu filho… - explico a história.

- Sinto muito, não vi mais ninguém. Eu já ia sem rumo pra longe dali, quando ouvi novamente o canto daqueles monstros… Voltei para ver se havia aparecido alguém pra me salvar... Quando cheguei lá, vi apenas o senhor se jogando na água. Fui atrás, consegui por uma corda ao seu redor e o puxar. Infelizmente, quanto a Harry… essa hora as sereias já devem tê-lo devorado. Sinto muito, mesmo.

Lacrimejo.

- Não… não pode ser. - digo. - Eu quero trocar de lugar com ele… Diga para elas me levarem no lugar dele!

Choro o choro mais infeliz de minha vida. Preferia ter morrido. O que vou dizer para Euzébia? Que sou uma droga de pai, que deixei levarem nosso único filho...

- E como mato aqueles monstros? Você sabe?

****

Guiado pelas estrelas, levei o bote à ilha. Salvei a sobrevivente, mas perdi meu filho… Se pudesse voltar atrás, jamais teria ido. A única coisa que posso fazer agora, é vingar Harry. Eu vou descobrir um jeito de matar as sereias, e vou voltar lá, nem que seja a última coisa que eu faça.

Temas: Criaturas Aquáticas - Sobrenatural

Bruna Dmsk
Enviado por Bruna Dmsk em 11/05/2016
Reeditado em 04/03/2019
Código do texto: T5632624
Classificação de conteúdo: seguro
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