A criatura

Na idade média, havia um enorme castelo de pedras, onde escondiam nas profundezas de um calabouço escuro e úmido, repleto de fezes humanas, alimentando ratos sinistros, uma criatura bizarra, que era mantida presa por correntes enferrujadas, onde argolas de ferro, apertavam seu pescoço enrugado. Porém, houve um tempo em que o rei esqueceu-se da criatura no interior da prisão, deixando-a trancada naquele abismo perdido.
Faminto por carne humana, a estranha figura corcunda, tenta morder as correntes para se livrar, mas ao surgir um soldado e avistar a dramática situação, resolveu libertar o monstro. Quando se aproximou da imagem daquele ser desprezível, de odor forte e olhos arregalados, a criatura saltou sobre o homem que grita intensamente ao ter a orelha arrancada por uma mordida brutal, jorrando sangue nas grades de ferro. Algum tempo depois, dois soldados passam no local e avistam os restos mortais do guarda, estendidos no chão terreno. Imediatamente, deram sinal de alarme sobre a fuga do monstro, que nesse momento estava atrás de uma parede rochosa no escuro, somente observando o movimento das pessoas. Anoite, quando todos estavam no leito, dormindo profundamente, uma freira idosa, que acabara de orar na sala das promessas, caminhava nos corredores sombrios do castelo sozinha, e acaba se deparando com a cena de alguém de pé no escuro, rosnando feito um animal, aproximando-se da figura desconhecida, disse:
-Por que está escondido meu filho?
Reparando que aquilo não era um homem, a freira suou frio e começou a andar apressadamente, sem olhar para trás, segurando um crucifixo com muito medo. Porém, ela começou a ouvir passos rápidos atrás dela, como se estivesse sendo seguida por alguém, parou no meio do corredor, iluminado por tochas de fogo e fazendo o sinal da cruz, tomou coragem para olhar o que havia de estranho atrás dela e respira aliviada ao ver que não tinha nada. No entanto, quando ia continuar o caminho, se depara com a criatura na sua frente, salivando intensamente, com marcas de cicatrizes no seu corpo deformado. Iniciou uma oração em voz baixa, de olhos fechados e quando abriu os olhos, descobre que a figura diabólica tinha desaparecido misteriosamente. No dia seguinte, o padre do castelo, entra na sua pequena igreja, localizada no interior do reino e ao colocar a batina, se depara com a imagem da criatura no altar, bebendo vinho do cálice sagrado, perplexo, o padre mostra uma cruz de madeira ao monstro e se aproximava dele, falando em latim.
Mais tarde, um soldado do rei, percebe a ausência do reverendo e vai até o templo procurar aquele bom homem. Ao entrar na igreja, descobre o corpo do velho senhor, estendido na mesa do altar, totalmente dilacerado pelas mordidas da criatura, onde o sangue jorrou sobre uma imagem de Jesus Cristo. Observando o lugar, ele repara a figura da criatura grudada na parede, rosnando ferozmente. O soldado retirou sua espada e desafia o ser sinistro, que não reage ao chamado e continuava roendo os ossos do padre com muita fome.
O rei apareceu repentinamente, cercado por dois guardas e ordena á criatura que descesse imediatamente dali. Inexplicavelmente, o monstro desceu desconfiado, largando os ossos no chão e se encolheu próximo á majestade que acorrenta o demônio, prometendo torturá-lo mais tarde. O soldado não sabia, mas o rei era tão cruel quanto aquela criatura...
Alexandre S Nascimento
Enviado por Alexandre S Nascimento em 20/07/2007
Reeditado em 27/09/2016
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