Convite macabro

Quando a turma chamou para irmos em uma festinha na casa do Edu, imaginei que seria divertido, já que ele era engraçado. Muito brincalhão. Edu era novato na escola, mas logo se enturmou. Bonito não era. Magricela, com um cabelo comprido cor de areia, aparelho nos dentes. Morava em um sobrado um pouco afastado do centro da cidade.

Chegamos pontualmente a sua casa as vinte duas e trinta. Edu nos recebeu efusivamente e convidou-nos a entrar. O ambiente estava gelado, apesar de não haver nenhum ar condicionado ou coisa do tipo á vista. Havia poucos móveis, e a iluminação era muito fraca. Parecia que convidados eram só nos cinco. Um rock antigo tocava em uma radióla antiga. Tudo ali exalava tristeza e mistério. Tive vontade de ir embora e percebi que os meus amigos também não estavam á vontade, mas por educação sentaram num velho sofá. Edu ofereceu-nos cerveja, mesmo sabendo que por sermos menores não bebíamos nada alcoólico. Recusamos, mas ele começou a beber enquanto debochava de nós. Em certo momento ele foi até a cozinha e nos trouxe uma bebida dizendo ser suco, meus quatro amigos beberam e eu apenas fingi beber. Não gostei da cor daquele líquido meio rubro e não ia toma-lo para parecer educada e corajosa.

Faltavam alguns minutos para a meia noite quando meus quatro amigos começaram a bocejar. Disse á eles que estava na hora de irmos embora. Começaram a se levantar, mas logo começaram a tremer incontrolavelmente e a seguir paralisaram. Somente seus olhos se mexiam nas orbitas. Olhei para Edu em busca de socorro, mas a sua expressão era de pura satisfação.

De repente ouvi passos descendo a escada. Um senhor idoso muito alto, magro, encurvado apareceu sorrindo. Edu o abraçou e disse algo em seu ouvido. O velho me olhou com certa raiva e mandou que eu fosse embora. Naquele momento tudo o que eu queria era sair dali e pedir ajuda, mas quando me virei para abrir a porta fui atingida com uma pancada forte na cabeça.

Acordei na manhã seguinte encostada em uma árvore no meio de uma mata. Minha cabeça rodava e tive ânsia de vomito. Uma dor muito forte vinha das minhas pernas, e quando consegui focar os olhos, descobri horrorizada que meus pés haviam sido amputados.