Uma noite alucinante
O meu jeito de contar histórias é bem particular....não abro mão do humor..não descarto jamais um pouco de sarcasmo , sou fã dos enigmas e surpresas nonsense do Stephen King e de Hitchcock e para piorar , essas malditas reticencias entraram na minha vida para ficar......
Uma noite aterrorizante esta ao alcance de qualquer um e essa mulher....pobre mulher escolheu saber o que é angustia e terror....
Era noite....
Ele podia sentir sua presença mesmo sem vê-la....era uma relação de muita cumplicidade, e apesar de não conversarem, a relação de ambos era sempre permeada por amor, medo, cautela, raiva , angustia, alegria e entendimento....nenhuma palavra entre eles se fazia necessária ....
E mais uma vez a sua missão de carrasco daquela pobre mulher fora cumprida....ele infernizou aquela pobre mulher ao ponto de quase enlouquece-la...
Ela estava acordada e pelo olhar atormentado em seu rosto....ele sabia que a dominava...
Enquanto ela tentava dormir... uma lâmpada noturna coloria todo seu quarto de azul profundo, e ele podia ver isso.
Seus olhos grandes e arregalados podiam ver sob a luz azul...e apesar de cansados e vermelhos e mesmo com muito sono... ele era incapaz de dormir.... e ele queria muito mante-la acordada pois sentia-se responsável pelas decisões e sabia que controlava toda a vida daquela mulher....
Desde que ele apareceu na vida dela...ela estava vivendo a vida nos termos dele. Ela iria comer, beber, dormir e falar apenas de acordo com seus caprichos e com sua estridente vontade.
Então, como ela ousaria tentar dormir tão pacificamente quando ele estava acordado ... inquieto....e com desejos insatisfeitos???
Ele ergueu a mão para manifestar sua insatisfação... e ela rapidamente afastou para longe.
Ele tentou se levantar, mas suas pernas traíram seus pensamentos e ele caiu como um bêbado.... aparentemente durante essa falsa embriaguez provocada pelo sono e cansaço ele estava ainda mais furioso....e ela teria que pagar por isso....ele assim a castigava...
O relógio marcava duas da manhã e por um instante ela pensou em jogar a primeira coisa que tinha em suas mãos... um travesseiro... sobre ele e fugir do quarto... mas o amor e o sentimento de culpa decidiram contra ela e esse seu instinto ....
Afinal, ela o amava ....mas sabia que seus gritos iriam acordar a vizinhança e sabia que tinha que silencia-lo...então com calma pensava em como reverter aquela situação durante o estranho silêncio da noite....aquilo tudo era ensurdecedor...seus gritos ameaçavam sua sanidade mental ...tudo estava em risco e não havia mais ninguém na casa para quem ela pudesse pedir ajuda....
Ela podia sentir seus olhos fixos ...fitando-a.....e no auge daquele momento... não mais do que de repente... lá estava ele, rindo..... um sorriso, que estremecia seus alicerces....derretia seu coração quase tomado pelo desespero....mas ela sabia que aquele sorriso tinha algo de perverso....
Era uma espécie de sorriso de triunfo.
Ela se aproximou mais dele.,...derrotada mas ainda assim agradecida....
Ela estava tensa e pelo olhar atormentado em seu rosto... ele sabia que tinha ganho a guerra daquela noite....
Agarrando seu bem mais valioso com uma só mão...e que foi mantido longe dele por algum tempo... ela ergueu corajosamente sua cabeça e finalmente caminhou em direção a ele...e sobre seu pequeno corpo esticado na caminha decorada , ela disse sorrindo "porque o bebe docinho da mamãe ta chorando???? Olha o que a mammy trouxe....leitinho.....”
Talvez seja a identidade humana um pouco sofrimento, um pouco felicidade...
"O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho."
Agatha Christie