PÉS SOBRE SANGUE (miniconto)

...Marcas de pés tatuavam o piso ensanguentado, seguiam cambaleantes até uma parede recém concretada e queimada de cal. Sala vazia imaculadamente branca, coisa que não combinava em absoluto com as tatoos sangrentas.

País da América do Sul, anos sessenta, mentes transgressoras, jornalistas e outras pessoas contrárias ao regime político da época, sumindo a três por dois, investigações maquiadas, bocas a chumbo e torturas caladas. Anos passados, num terremoto de média oscilação, uma caiada parede caída, deixa entrever aos novos moradores da casa uma ossada, em pose de agonia,. Nitidamente é possível perceber que de forma infortuita, tentara se salvar escavando o concreto.  Silêncio sepulcral.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 06/05/2017
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