A Vila

Numa pacata cidade no interior de Portugal, havia uma floresta escura e sombria, onde moradores mais antigos do local, afirmavam que a selva era amaldiçoada. Porém, um estranho lenhador que morava numa velha cabana de madeira, no meio de árvores sinistras de galhos torcidos e alongados, como se fossem agarrá-lo á qualquer momento, tendo corujas e aves noturnas penduradas nos gravetos secos, dizia-se nunca acreditar nessas lendas supersticiosas. Certa noite, quando esse homem retornava para casa, caminhando sobre as folhagens, ouviu um terrível grito no meio da escuridão, mesmo sem acreditar em fantasmas, sentiu seu corpo arrepiar repentinamente, não conseguindo dormir á noite toda, somente pensando no ocorrido.
Assustado, ele foi á cidade falar com o padre Bento. No confessionário da igreja, ele convence o reverendo á ir na floresta jogar água benta para purificar o maldito lugar. No momento em que o padre começou a orar e lançar a água divina, ambos ouviram vários gritos de desespero, como se pessoas estivessem sendo queimadas vivas por um fogo ardente e misterioso. Naquela mesma noite, quando o padre já tinha ido embora, um incêndio devastador e misterioso, queimou a cabana do lenhador, que não consegue escapar das chamas e morreu carbonizado sobre o carpete. No dia seguinte, encontraram seu corpo e o enterraram no cemitério da cidade, chocando o velho Bento, que ajoelha-se ao lado do tûmulo do amigo. Decidido a descobrir o enigma, o padre vai á floresta sozinho, segurando um crucifixo de madeira, e inesperadamente, os galhos secos distorcidos agarraram o pobre homem indefeso, que grita por socorro, mas é enforcado brutalmente pelas árvores, onde o sangue escorria nos gravetos finos , servindo de alimento aos corvos sinistros. Passaram-se muitos anos e um jovem rapaz estava pescando na beira do lago negro, que ficava ao lado da maldita floresta.
Entretanto, o garoto ouve um estranho ruído nos arbustos e quando se aproximou das folhagens, se depara com a imagem de um esqueleto pendurado nos galhos torcidos, se tratava dos restos mortais do padre Bento, que até o momento, nunca havia sido encontrado. Os moradores da pequena vila fizeram um enterro digno para que sua alma descansasse em paz, pois ele era somente mais uma vítima dessa estranha lenda...
Alexandre S Nascimento
Enviado por Alexandre S Nascimento em 09/08/2007
Reeditado em 27/09/2016
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