Canto Perverso: A Vara do Crime

Canto Perverso: A Vara do Crime

Com a fragilidade dos ossos humanos entendi as facilidades com as quais se posicionam a total liberdade em minha vida, e pobre de vós, ó seres humanos...

Resolvi chupar a vara do crime. E como é soberba, vaidosa. O crime é menos redimível durante as trevas da noite, que é o ápice estiolante do prazer; os estigmas dançantes da loucura coagem a minha sanidade; os espectros aracnídeos impregnam as substancias nocivas do meu sangue; as prostitutas verdadeiras Vênus de vulvas recrimináveis, são minhas conselheiras; e o medo alheio alimenta os meus defeitos e faz de mim a criação perfeita.

As cicatrizes monstruosas atrofiam meus freios conscientes. Dizem que um mundano depravado desprovido de loucura. Lambo o ‘cano’ da falta por puro deleite, pois adoro o conjunto que engloba os leucócitos, as hemácias e o plasma presentes nas artérias e veias do organismo humano.

O único amor pelo qual me rendo é este: o sangue o humano. É aquele sentimento de supremo clímax que sinto quando o acutilado agonizante submisso clama por perdão e pergunta a si mesmo o motivo da brutalidade pela qual sofreu. “Foi com a ‘vara do crime’, ó ser, que acabo de despedaçar seus ossos e retalhar as suas carnes e tudo pelo teu sofrimento que me alegra e teu sangue que me alimenta”. Isso para mim é amor. Amor ao sangue, aos ossos, às carnes e à ruína de meus hipotéticos semelhantes.

O sangue é meu parceiro e o crime é meu eunuco. Uma intuição magnética se apodera de meu corpo tísico e macilento e eu bebo o sangue dos condenados que enfado e enervo gota a gota. Meus lábios carnudos se assemelham à obesas sanguessugas na pele virgem e macia das crianças enquanto eu como.

A fantasmagoria ridícula de minha existência exorta tudo que há de mais vil e infame no mundo terreno, mental e insano. Minha influencia sobre as pessoas é de repulsa, ódio e pecado. E ante a isso eu me sinto poderoso, belo.

Todos esses que me condenam com olhares furtivos (e a doçura da vendeta) são tão criminosos e pecadores quanto eu. Ah, sim! Grito: “A lei não é a justiça, a vingança é a justiça.” Eu me vingo dessa raça, pois não pedi para parecer e perecer como reles mortais. Engulo e sugo a vara do crime com prazer. Vago o mundo em busca da volúpia do ‘pau’ deleitoso que penetra serpenteando, com múltiplos orgasmos, o ânus de minha fome profunda tenebrosa.

A vara do crime, através do sumo licor venal extraído à lá Lautrèamont, é a razão irrefutável pela qual meu coração pulsa com furor para aderir às faces mais orgulhosas da doce vingança.

lord edu
Enviado por lord edu em 11/08/2007
Reeditado em 14/08/2007
Código do texto: T602619