A Noite
Ela agonizava seus maiores medos
Ele gritava tentando acordá-la. Mas ela sempre agonizava. Sempre sofria.
Sua mente conturbada não a deixava pensar. Respirar. Acordar.
As alucinações eram frequentes. Faces queimadas. Corpos desfigurados.
Estranha presença. Estranha mulher.
Caía. Morria. Cantava. Sonhava.
E o marido alucinado gritava na esperança de acordá-la.
Ela então deitou-se no chão. Estava inconsciente.
Falava. Gesticulada. Andava. Deitava.
Tentava encontrar a saída mais próxima. Não havia portas ou janelas.
Estava escuro. Pequeno. Uma prisão.
Mas aquilo não existia, ou apenas para quem acreditava.
A estranha mulher tremia. Estava pálida. Gélida. Olheiras profundas.
A dama morta sorria ao tremer. Uma cicatriz. Olhos vidrados. Mortos.
O marido gritava. Gritava. A doce garota não despertava.
Seu corpo estava rígido. Ela apertava os olhos com as pequenas mãos.
Ouviu-se um grito. De mulher. Alto e desesperador.
A dama morta havia sumido.
A pequena e doce garota despertara.
E no peito do marido umas palavras: "Deixe-a sonhar".
A faca no peito. O sangue nos braços e rosto. O marido estava morto.
E a doce garota lavava a última gota de sangue que lentamente caía de suas mãos.