A Noite

Ela agonizava seus maiores medos

Ele gritava tentando acordá-la. Mas ela sempre agonizava. Sempre sofria.

Sua mente conturbada não a deixava pensar. Respirar. Acordar.

As alucinações eram frequentes. Faces queimadas. Corpos desfigurados.

Estranha presença. Estranha mulher.

Caía. Morria. Cantava. Sonhava.

E o marido alucinado gritava na esperança de acordá-la.

Ela então deitou-se no chão. Estava inconsciente.

Falava. Gesticulada. Andava. Deitava.

Tentava encontrar a saída mais próxima. Não havia portas ou janelas.

Estava escuro. Pequeno. Uma prisão.

Mas aquilo não existia, ou apenas para quem acreditava.

A estranha mulher tremia. Estava pálida. Gélida. Olheiras profundas.

A dama morta sorria ao tremer. Uma cicatriz. Olhos vidrados. Mortos.

O marido gritava. Gritava. A doce garota não despertava.

Seu corpo estava rígido. Ela apertava os olhos com as pequenas mãos.

Ouviu-se um grito. De mulher. Alto e desesperador.

A dama morta havia sumido.

A pequena e doce garota despertara.

E no peito do marido umas palavras: "Deixe-a sonhar".

A faca no peito. O sangue nos braços e rosto. O marido estava morto.

E a doce garota lavava a última gota de sangue que lentamente caía de suas mãos.

Annie Bitencourt
Enviado por Annie Bitencourt em 03/11/2017
Código do texto: T6160844
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