O que Acontece Noite a Fora

Apesar de já ser novembro, um mês de calor em todos os outros anos, chovia na cidade de São Paulo. Era já por volta das sete da noite, as primeiras nuvens noturnas estavam começando a se encostar uma nas outras. Num beco escuro, um grupo de cinco rapazes com idades entre quinze e dezessete anos injetam drogas nas veias. Alguns minutos depois, um deles cai sob a calçada. Overdose. Não existe mais nada que possa ser feito. Ele já está morto.

Do outro lado da imensa capital paulista, uma jovem de vinte e dois anos vaga com um bebê recém nascido nos braços. É sua filha que nascera naquela semana mesmo, mas a jovem não sabe o que fazer com aquela criança. Não tem condições financeiras e muito menos emocionais para criar. O pai da menina a deixara ainda na gravidez. Ela estava completamente só naquele momento. Às dez da noite, abandonou a menina na frente de uma porta qualquer e saiu correndo aos prantos.

Já era onze da noite. Uma noite fria e de poucos movimentos na rua. A doce senhora afoga suas mágoas no travesseiro. Aquela já era a segunda noite desde que seu filho perdera a vida naquele acidente. Ele queria tanto aquela moto e ela, como toda mãe amorosa, limpou suas economias e presenteou o garoto em seu vigésimo aniversário. Não demorou um mês, houve o acidente. Ela não se perdoava.

Meia noite em ponto. A jovem menina voltava apressada da faculdade. Aquele professor tinha mania de segurar a turma até mais tarde. Ela não gostava de ficar, pois morria de medo de encontrar pessoas ruins em seu caminho. Foi aí que a caminhonete freou próxima a ela. O motorista ordenou que entrasse assim como ele mandara. A jovem não deu a mínima. Ao continuar a andar, despertou a fúria no homem, que a seguiu e a intimou mais uma vez. A resposta da frágil garota foi o revólver em sua mão e, em poucos segundos, os miolos de seu possível algoz espalhados pelos bancos de seu carro.

Uma e meia da madrugada. O jovem casal acabara de sair de uma festa onde se divertiram muito. O rapaz que estava solteiro há pouco tempo, quando viu a moça pela primeira vez, decidiu que estava novamente apaixonado. Pediu para acompanhar a menina até sua casa. Ela aceitou. Estavam caminhando tranquilamente como namorados ao lado do muro do cemitério quando a moça o abraçou e sussurrou em seu ouvido 'estou entregue, obrigada' ,e fugiu por entre aqueles muros.

E assim a noite ia embora. Em cada rua, cada janela, era uma história a ser contada.

Obrigada pela leitura

Mayara Morenna
Enviado por Mayara Morenna em 08/11/2017
Código do texto: T6165598
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