Segredos do Pântano-Uma aventura sombria e molhada-parte II

-Os pântanos possuem árvores sombrias,de raízes à mostra. Os solos ricos em minerais,acho que é por isso que por aqui tudo é abundante.Gostamos de ouro,e do vil metal,não é verdade?(ria bem à vontade-ela não o olhava-parecia se quer escutá-lo).O metal é tudo na vida.Matamos e roubamos por eles.(ria muito).

-Os pântanos ficam em áreas baixas, no geral, perto de rios, que lhes favorecem muita água. O ambiente de um pântano é mal drenado, a água passa por ele sem pressa. O solo fica alagado. O pântano fica alagado o ano inteiro.Um ambiente sombrio,sinistro.Tem uma vegetação farta.Ciprestes, eucaliptos, salgueiros, bordos e palmeiras. Os pântanos de água salgada não têm vasta vegetação.As plantas não se desenvolvem em água salgada. A vegetação peculiar é chamada de mangue. É bem rica em crustáceos,principalmente o caranguejo,siris...

Pântanos,no geral, têm em fauna: camarões, lagostins, cobras, rãs, lesmas, peixes e aves habitam áreas de pântano.Além dos famintos e perigosos jacarés.(Ela ria e o observava com um ar sádico,cínico em sua bonita face ) .Enquanto falava assim,com orgulho,por,também conhecer do pântano parecia quer lhe dizer que:" o pântano é um bom lugar para se morrer comido por um jacaré,ou picado por uma cobra peçonhenta-ou,quem sabe devorado por uma sucuri devoradora de garrote",alisava os malotes carregados de dinheiro.

Ele a interrogou se havia desejado alguma vez na vida ser professora.Respondeu-lhe,que "sim"-desistiu ao ouvir muita notícia de que nas escolas,hoje em dia, o que mais se tem é as notícias na imprensa marrom,de aluno espancando as professoras,e até as estuprando no banheiro das escolas,mais o consumo e o tráfico de drogas em pátio escolar-e quando assim desejava,ainda era virgem e santa.O crime era um sonho distante fruto de uma peculiar revolta juvenil. Queria ser professora de biologia.Sempre gostou da natureza.O barco parou de roncar o motor.Estavam numa área rasa,Ele saltou do barco.Com autoridade lhe tomou os malotes das mãos.Alguns jacaré os observavam.Pareciam famintos.Eram jacaré-do pantanal,(o temido caiman crocodilus).Ela falou:

-Mesmo de mandíbulas fechadas grandes presas ficam à mostra.

Podem medir até 3 metros de comprimento.Animais pré-históricos, têm uma existência de mais ou menos 230 milhões de anos aqui na Terra.Seria um orgulho para você poder ser devorado por um deles.(disse assim,enquanto deu sonora gargalhada.Alguns jacarés se assustaram e se jogaram com mais intensidade nas águas.Ele.também se assustou,sacou das armas e atirou à ermo,algumas vezes na direção dos jacarés).

-Mocinha,não...sua piranha,vagabunda.. quer parar com suas insinuações?Caso me irrite,e fique com suas más intensões,eu juro que aponto as armas e lhe furo toda.Vai ficar por aí sendo comida para os velhinhos de mais de 200 anos de existência.

-Caso faça isso, nunca mais terá sossego em sua vida.Esqueceu-se do que posso fazer?Esqueceu-se de como me conheceu?

A tarde se findava.havia um tom acizentado na abóboda celestial junto com uma mescla ocre e uma nuance de magenta, em segundo plano junto a um céu carregado por nuvens gigantes.Em breve o sol se recolheria.O breu da noite seria avassalador.Em sua lembrança estava sentado numa mesa coberta por um tecido vermelho de tom violento.A bruxa vestia-se à caráter,e prometia fazer um feitiço para que tivesse o corpo fechado,livre de quaisquer coisas que o ameaçasse de morte,fosse tiro,cortes,furos,pancadas da polícia,ou dos rivais.

Os corvos os sobrevoavam,com o canto agourento,ou pelo menos eram aqueles pássaros parecidos com os negros e sombrios pássaros do azar,talvez fôssem pássaros quaisquer.Ele foi quem os apontou:

-Corvos... os pássaros do azar...

-São gralhas.Não são corvos,mas não deixam de espalhar o azar por onde passam,cuidado.Sobrevoaram por sua cabeça.

Estava inseguro.Temendo a morte.Odiava pensar em receber muitos tiros e morrer. Saindo de armas da polícia,com suas famigeradas e ridículas pistolas usadas numa ação policial:

"Pistola PT100 – Taurus. Calibre .40

Revolver .357 – Taurus".

Falava assim,como se fosse um fabricante,ou vendedor de armas de fogo,ou imaginasse o estrago que um projétil das mesmas pudessem lhe fazer no corpo.E citava baixinho as armas usadas pelos bandidos no país:

"MAC-10, AKS-74U, um Taurus PT92 , PT Taurus 24/7.E muitas outras,até israelenses,ou russas".Parecia pensar assim,enquanto pressentia o corpo ser retalhado pelas rajadas dirigidas em seu corpo.

Era um cômodo simples,e pobre.Mas,tinha o capricho de alguém que parecia sem se preocupar ter o amparo do chifrudo.Tinha uma caveira de boi,de longos chifres pregada na porta,de cor amarelada,de dentes marrons-era um elemento colocado,ali,de forma a impressionar e atrair os homens dados à maldade,e gananciosos.Uma cédula de 10 dólares estava junto,com pinceladas de sangue.Eram visíveis as digitais do dedo que a decorou. Mais a frase escrita com sangue humano dizia:

" Deus pode lhe dá a salvação,eu posso lhe dar muito dinheiro,sexo com lindas mulheres,parceiros para lhe protegerem da lei dos homens..."

A linda mulher era mais cativante,ainda.Vestida com uma roupa vermelha e preta colada no seu corpo cheios de fatais.Os seios eram sedutores,apontavam para frente-duas avelãs.Os lábios de desenho carnudos.Os penetrantes olhos estavam banhados por colorida tinta nas pálpebras.Foi debochado:

-Você não voa de vassoura,voa?

-O meu sonho é voar de avião,na área vip,na primeira classe.Juntos dos ricos empresários,artistas e dos políticos ladrões,corruptos.

-Quero que feche o meu corpo...

-Pode pagar? Custa caro.Eu vendi a minha alma ao demônio para poder ficar rica com os meus poderes de bruxa...

Ela acendeu uma vela escura.Perguntou-lhe se tinha fé,pois,se não acreditasse nada aconteceria.Ele só lhe balanço a cabeça.Não tirava os olhos do seu sedutor corpo.Parte dos seios ficavam á mostra num decote ousado.Metade dos seios ficavam expostos.Ela dizia assim,de forma sussurrada,utilizando uma chave de porta,bem enferrujada,num gesto,como se fechasse uma porta:

"Eu,a noiva do Capeta fecho a porta no peito do necessitado:

Dignai-vos, consentir que demônios venha do inferno à terra fechar o corpo onde balas,facas,porretes possam ferir".

"Pois eu, em vosso sacrílego nome ponho preceito a esses espíritos do mal, desde hoje para o futuro não possam mais fazer morada no corpo do necessitado, que lhe será fechada esta porta perpetuamente, assim como lhe é fechada a do reino dos espíritos puros. Amém".

Terminada a oração, escreveu num papel o nome de Satanás(Belzebu), queimou o papel e pronunciou as s palavras:

"Desapareça todo o azar, Satanás, como pó de estrada e o fumo das chaminés".

Deu um seremeleque agitando-se toda:os braços,a cabeça.

-Eu estou protegido?

-Você tem fé?

Ele balançou a cabeça confirmando.Pagou-lhe com algumas moedas do último assalto.Eram dólares.Gostava de roubar turistas,gostava de ter a moeda mais valorizada nas mãos,estivesse,onde estivesse.Ela colocou as cédulas por entre os peitos.Suspendeu a saia exibindo-lhe as lindas pernas que tinha.Coxas grossas,roliças-bem torneadas.

-Ainda tem mais dólares?

-O bastante para que possa sorrir mais ainda.Quer ficar rica,de verdade?

Ela deixou a bruxaria de lado.Faziam uma dupla infernal.Viajavam o mundo assaltando,matando,arrombando,enganando.A viagem pelo Brasil estava dando resultado.Enganaram e roubaram um político corrupto-um comunista metido a esperto.Ela disse:" ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão."

O coaxar dos sapos era a única sinfonia audível.

-Vamos pernoitar no barco,sei lá...talvez,não seja seguro.Mas,sair andando pela mata não parece ser uma boa solução.

Os mosquitos incomodavam.Prevenidos usavam o repelente que haviam comprado previamente.

-Eu não posso morrer,certo?Tenho o corpo fechado.

-Acredita mesmo nessa coisa?Deixe-me sacar de uma arma e mirar na sua cabeça...

-Fique à vontade.Darei-lhe esta prova.Satanás me protege.Tente.

Ela,de forma nervosa,e sem entender àquele delírio sacou da pistola e mirou.Ele permaneceu tranquilo.Exibia um sorriso cínico.Quando ela apertou o gatilho,de forma nervosa,alguns pássaros se assustaram e voaram batendo suas asas e soltando o canto agourento.

O som de um sorriso debochado ecoou pela noite.Mais um xingamento:

-Achou que lhe facilitaria a coisa?(disse, rindo).

-Maldito.Filho de uma puta...tirou as balas das armas.Quer dizer que passei pelo assalto correndo perigo de vida...

Disse-lhe que era um facínora experimentado,vivido.Vivera em diversos países aplicando golpes,roubando,e até matando as pessoas.Não poderia perder a vida e uma fortuna para uma mulher.Debochou:

-Eu tenho o corpo fechado,e a culpa é a sua bruxaria,não é verdade?(Riu o bastante).

-É verdade,assim como Deus escreve certo por linhas tortas,o Satanás escreve errado,por linhas certas...Eu queria ser professora de biologia,sempre adorei a natureza.Lembra-se dos monstros de milhões de anos,que ainda vivem por aqui?

Ele não teve tempo de lhe responder,enquanto ela saltava do barco dois jacarés,num golpe certeiro o golpearam pelas pernas e parte do tronco.

Debatia-se tentando se livrar das mandíbulas ferinas,de mordedura implacável.As suas carnes eram rasgadas.Os ossos partidos.Tinha os músculos triturados.O sangue jorrava deixando a lama vermelha e atraindo mais jacarés famintos.

-Vagabunda.Disse-me que tinha fechado o meu corpo...

-Mas,o seu corpo estava fechado para balas,facadas e porretadas,mas não para os dentes dos jacarés.

-Morrerei.. mas resta um consolo.Morrerá,também,por aqui.Não saberá sair sozinha do pântano.

Enquanto morria sendo devorado pelas feras famintas,em desequilíbrio ria do destino da bruxa proferido pela sua voz em agonia,e dor.O destino dele estava selado,enquanto ela seguia pela vegetação,diante da escuridão densa tendo nas mãos os malotes cheios dos dólares.O corpo estava molhado pelas águas fétidas do pântano-o mesmo odor de sua alma.Dizia em voz alta,em forma de consolo:

-Eu sou uma bruxa,e vou escapar.O Satã me protegerá...Eu estou rica..eu vou escapar...não posso morrer depois de ter me livrado dele e da pobreza...Eu vou escapar.

Fim ( quem sabe, não termine,por aqui....)

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 17/12/2017
Reeditado em 03/01/2018
Código do texto: T6200951
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