O CHAMADO MORTAL


O Vento arrastou-se pela janela entreaberta, cortando o quarto, passando pelo corredor até chegar na sala, aonde estava sentado assistindo uma partida de futebol. Ana chegaria tarde por conta chuva e do transito na Radial Leste. Desde a semana passada, quando nossos novos vizinhos se mudaram, coisas estranhas têm ocorrido, como a marca de cascos no acoalho da sala e um peru morto no meu quintal. Posso até estar ficando louco, mais sei que no sábado, enquanto realizavam um tipo de ritual espirita, uma luz vermelha surgiu das janelas e em seguida um guincho de porco alto e medonho, grave, cavo e retorcido.
Tentei ligar para Ana, mas o telefone estava mudo. No momento que o coloquei no gancho, escutei um estalo vindo da porta. Levantei-me abrupto e percebi que a porta estava aberta. Não tinha certeza se tinha trancado. Voltando ao sofá, busquei o controle da TV, pois estava desligada, contudo não encontrei. Um cheiro podre evadiu-se sobre o ar, então ouvi uma risada de criança da escada do segundo andar, a risada era nítida, e me deixou apavorado, tentei ligar para a polícia pelo telefone fixo, mas também estava mudo.
No momento que a luz de toda a casa caiu, tentei sair de casa, mas haviam pregado as fechaduras da porta. Notei que algo se aproximava, vindo da penumbra, era o rosto de uma criança, contudo atrás dele havia um ser mais alto e que quase não percebi se não fosse pelos olhos vermelho. Uma vela na sala ascendeu, ao voltar o rosto ao menino ele havia desaparecido. Ana chegou em casa meia hora depois, estava escondido atrás da cortina e pensou que fosse alguma brincadeira – Amor, por favor, vamos fugir, tem alguém dentro de casa, tem alguém dentro de casa. Ana encarou-me como quem desconfia. Então algo agarrou sua perna e puxou na direção da porta, corri tentando segura-la, mas a força daquela coisa era sobre-humana.
Não pude salva-la, a porta se fechou no momento que foi arrastada para fora. Ouvi uma dúzia de gritos em seguida e tudo ficou quieto. A porta então destrancou-se, ao abri-la, Ana estava parada a frente da varanda de costas – Querida, está tudo bem, querida... Não houve resposta, então me aproximei e toquei seu ombro, tendo se virado na minha direção, notei que toda sua pele havia sido arrancada, com os músculos a mostra. Tombei de susto e voltei para dentro.
Algo impediu que trancasse a porta. Mãos começaram a surgir, tentando entrar na casa. Sem poder suportar a força, corri para o segundo andar e escondi-me no quarto e ouvi o barulho incessante de paços subindo a escada e em seguida uma batida na porta, como se pedissem para abri-la. Não notei a tempo, mas aquilo já estava no quarto.
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 30/01/2018
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