Jogos Perigosos (parte III)

Maurício conseguiu abrir o baú, em seu interior estava uma chave branca e marrom para abrir alguma porta. Ouviam barulhos distantes de bomba e ficaram assustados. Já havia se passado três dias dentro daquele jogo, com energéticos e muitas noites mal dormidas, pois não havia completa sensação de paz ali dentro. Tatiana se lamentava, dizia que talvez ficar ali dentro teria sido sua pior opção, enquanto Sabrina concordava. Na verdade, os últimos dias de atuação como médica enquanto ainda vivia uma vida normal não estavam fáceis: era uma das diversas pessoas que pensavam em sair daquele país, apesar de ter uma vida razoavelmente melhor do que de um típico cidadão do país. Maurício além de ser advogado, era estudante de engenharia e observava todos os detalhes daquele lugar criteriosamente, na verdade mais do que os supostos perigos que ali havia. Tatiana pensava para si mesma que caso a situação apertasse, iria pedir ajuda do seu irmão para sair do jogo.

-Vocês já se perguntaram como eles conseguiram zumbis e monstros pra cá? Será que eles realmente são reais? E se passarem a existir além daqui? - perguntou Sabrina.

-Nunca pensei nisso. Se alguém se infectar, eu serei um zumbi para sempre, e se eu sair daqui poderei contaminar outras pessoas! - Tatiana afirmou assustada

-Precisamos sair daqui. Temos que achar essa maldita porta branca e marrom, pegar nosso prêmio e traçar um rumo pra nossas vidas. - falou Pedro, que entendia de construção assim como Maurício, mas química era sua maior especialidade. Caso não agüentasse mais, planejaria alguma fuga para sair dali, sem se precisasse realizar alguma explosão para isso. Porém, possivelmente havia consequências.

Os quatro caminhavam até que acharam mais outro baú. Matheus o pegou e colocou em sua mochila. Mais pra frente havia um espaço aberto e cinzento: uma lanchonete e no outro canto uma porta branca e marrom. Pegaram sanduíches, frutas e bebiam água depressa para seguirem o caminho na próxima dimensão. Junto dessa entrada que seria aberta por eles em minutos, havia uma pequena cabine com roupas, cheia de coisas diferentes e roupas de frio. A terceira dimensão seria gelada e receberam instruções de pegar cada item, além de uma faca. Sabrina vestiu tudo e comentou que estava derretendo e Pedro a elogiou dizendo que aquela roupa lhe caiu bem. Colocou um pouco de shampoo a seco e penteou os cabelos loiros e em seguida, calçou botas pretas. Os demais estavam prontos, com roupas de frio pretas, chapéu e botas. Estavam todos praticamente iguais, com toucas e cabelos escondidos, exceto os olhos azuis de Matheus que o diferenciava, enquanto os outros tinham olhos castanhos, e Tatiana, olhos verdes.

-Então, estamos a rumo à terceira dimensão. Vamos continuar unidos. Temos uma médica, um químico, advogado e estudante de engenharia, e você Tatiana? Ainda não sei sua profissão. – falou Maurício, ajeitando sua grande mochila.

-Trabalho no mercado da cidade vizinha como sócia. Na verdade sou uma mera empreendedora, e meu irmão é assistente do prefeito da minha cidade. Estamos com uma idéia de o mercado ser um lugar público de compras, onde receberíamos auxílio do estado. –Disse Tatiana.

-Interessante. Se você for política talvez sua vida fosse muito mais tranqüila que a minha. – disse Sabrina.

-Na verdade não gosto de política. Apenas faço o que faço pra sobreviver. Da mesma maneira que estou fazendo nesse jogo. – disse Tatiana.

-Acho que minha vida é a mais pacata de todos vocês. Ela se resume a criar documentos e defesas, além de participar de auditorias. Sou um mero advogado. –disse Matheus.

-Interessante, três advogados no grupo. Vamos adiantar e abrir logo essa porta dessa dimensão. – falou Pedro, que estava mais agoniado em sair dali do que qualquer outra coisa.

Sabrina abriu a porta, onde para abri-la, diferentemente de uma porta normal onde se devia inserir a chave, nesse lugar as portas tinham a marca da chave e precisaria encaixá-la horizontalmente e com isso ela abria de forma automática. Subiram escadas brancas e estava muito frio. Sentiam-se numa floresta de gelo e receberam um aviso de um robô na parede:

-Bem vindos à terceira dimensão. Aqui terão ursos robóticos de gelo que podem machucar vocês, e como defesa, precisam focar em encontrar a chave para abrir um importante baú, que está pendurada em uma árvore. Existem mais zumbis aqui e apenas durmam se encontrarem uma porta que dá entrada a um quarto. Entrem, e lá ficarão seguros.

-Não sei se é impressão, mas não tenho me cruzado com ninguém. Cadê os outros? - perguntou Sabrina.

-Os outros seis participantes ativos estão espalhados por aí. Os demais foram deixados do jogo ou estão inconscientes: se tornaram psicopatas ou zumbis. Todos que estão aqui, encontrando uma porta e chave prateada que estará dentro do baú serão transportados na quarta dimensão na abertura dessa entrada. Nessa fase vocês já poderão ter uma arma. Venho também avisar que a realidade lá fora não está nada fácil, está ocorrendo uma guerra mundial e creio que se souberem da situação, não vão querer sair daqui. Em breve novas pessoas irão participar do jogo.

-Meu Deus, eles deram início a uma guerra mundial? Não tenho noção do que está acontecendo. Não vejo notícias nem TV. Eu sei que antes as coisas não estavam fáceis... - disse Ricardo preocupado, enquanto os demais se surpreendiam quando ele abriu a boca, justamente por ser o mais calado do grupo.

-Queria receber notícias da minha família. É o meu direito. – falou Matheus um tanto chateado.

-Já estamos praticamente uma semana aqui e muita coisa deve estar acontecendo lá fora. Vamos ficar unidos e sair daqui vivos. -falou Sabrina.

Mais pessoas entraram no jogo, inclusive Ana e Júlia que saíram anteriormente. Queriam saber dos outros amigos e pediram para que os robôs enviassem o recado de que elas voltaram. As coisas realmente estavam ruins lá fora: havia falta de segurança, guerras, o verdadeiro caos, tanto que ninguém desistiu ao entrar no jogo dessa vez, além da volta das duas antigas participantes. Apesar de não ser seguro, o território do jogo era imune a qualquer tipo de bomba externa, tinham comida e oferecia uma espécie de outro mundo, com outros perigos.

Enquanto Sabrina, Ricardo, Maurício, Matheus, Pedro e Tatiana estavam na terceira dimensão, mal sabiam que o pior estava por vir. Depararam-se de forma repentina com diversos lobos e se deram conta que o ideal seria se todos tivessem uma arma. Apesar de agora estar permitido, ninguém havia encontrado alguma pelo ambiente. Coletaram algumas pedras de diamante e, de repente, se viam perseguidos por três zumbis e acabaram parando em uma sala no mesmo estilo da segunda dimensão, com dois buracos misteriosos para entrar e possivelmente escorregar lá dentro. Tatiana num movimento brusco abriu sua mochila e pegou sua arma que estava ali escondida, atirando na direção dos lobos e zumbis. Porém, outros lobos estavam indo na direção deles e imediatamente Tatiana gritou pra que entrassem nos buracos rapidamente. Viam-se presos ali e não podiam voltar mais. Matheus ajeitou sua mochila e resolveu ir primeiro, em seguida Tatiana, depois Sabrina, e esse buraco finalmente se fechou. Maurício e Pedro desceram pelo outro buraco e pararam depois em lados diferentes. Esses dois estavam cansados e doloridos, mais tarde se deram conta de que voltaram para o final da segunda dimensão. Felizmente, todos se encontraram no mesmo lugar.

-Eu sabia que tinha alguma coisa em você. – disse Matheus para Tatiana

-Falaram que não poderiam entrar com armas, como você conseguiu? E inclusive é proibido, imagina se descobrem? – disse Pedro ainda assustado.

-Eu consegui entrar com a arma com descrição, e trouxe por segurança. Com aquela nevasca intensa, espero que não tenham câmeras ali, mas ainda bem que aqui já é permitido. Eu tive que atirar, não tive escolha. –disse Tatiana.

-Então vai ser nosso segredo. Não parecia ter câmeras ali, e o engraçado é que nem parece que há teto. Ninguém diz nada e vamos voltar pra a terceira dimensão. – falou Sabrina sussurrando para todos.

Sabrina e Matheus tiravam as roupas de frio, e esta acabou ficando apenas com uma blusa regata preta. Resolveram dormir dentro de uma cabine de roupas de frio, escondidos ao canto. Precisavam descansar, e conversaram sobre suas vidas fora do jogo. Despertaram com o ambiente mais movimentado, vendo Ana, Júlia e mais dois participantes desconhecidos na lanchonete.

Continua em https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/preview.php?idt=6275339

Amanda Passos
Enviado por Amanda Passos em 23/02/2018
Reeditado em 19/03/2023
Código do texto: T6262284
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.