Diário DyeR - Página 01
Eu não fazia ideia do quanto seria difícil sair da primeira palavra e finalmente gritar para o mundo, da forma mais grosseira possível, que a minha vida é uma grande droga. E quando falo em droga, não me refiro a algo viciante e prazeroso que enche sua vida de amigos felizes e momentos "subarashi", mas sim de algo que se aproxima da sensação plena de inferno, do vazio, do nada e da total ausência de qualquer um que se importe com você. Apenas sorrisos falsos e olhares vazios... todos eles são assim. Cada vez que entro em uma sala, um parque, um hospital, cinema, não importa, os olhos são os mesmos. É algo vazio neles ou algo vazio em mim?
Eu tenho uma teoria, uma teoria sobre momentos, que nos cercam, que acontecem sem aviso e nos definem. E aposto que quando você terminar de ler esse diário, cada página mórbida e sombria, cada uma das minhas idéias e coisas pelas quais passei, sei que ao findar do último parágrafo, você será meu, e estará comigo mas já terá sido tarde demais.
Eu sou Elisabeth Dyer, 17 anos
Estudante de Fisioterapia
Sou jovem e feliz
Mas como milhares de outras vidas
A minha também é uma farsa
E isso é tudo que irão saber sobre quem eu sou
Não será algo sobre a minha vida. Não é a história da Elisabeth Dyer, mas a historia de como o mundo é, como ele sempre vai ser. Sou apenas uma coadjuvante nessa vida de merda que todos vivemos.
E também é a história de como a minha vida programadamente acabou em 365 dias, 365 páginas de um diário que é o espelho de tantos outros que jamais serão vistos ou lidos pelo mundo.
Não fiquem tristes com a última página
É impossível que eu morra
Pois eu já estou morta
Estou morta desde que nasci