Diário DyeR - Página 06

As noites são muito mais longas que o dia para alguém que está próxima da morte, o maior de todos os silêncios.

A brisa que corta a escuridão e invade a janela é como um mensageiro da tragédia por vir. O silêncio que repousa sobre as ruas vazias e sobre os postes mal iluminados, agora parece gritar seus últimos suspiros em minha mente assombrada, enquanto as estrelas, se desprendem do firmamento no horizonte e ensaiam um adeus, como se jamais fossem me ver outra vez.

Dizem que pessoas que sabem acerca da própria morte, tornam-se mais sensíveis, mais vivas. O que é estar vivo afinal? Posso dizer que pessoas perto do fim estão desesperadamente tentando mascarar o seu próprio medo e digo isso sem receios. Nossa maior covardia acaba se tornando a nossa maior arma contra o inevitável. E é exatamente isso que nos faz sentir vivas, esse medo. Sem ele a sensação da vida não faria o menor sentido. O medo de morrer, nos faz viver.

Mas é claro, para isso é preciso de um motivo para lutar e as pessoas nunca entendem isso. Gastam todo o seu tempo tentando nos convencer que a vida pode ser linda, que tudo vai ficar bem, que não podemos desistir, que podemos contar com elas...

Estou cansada de ouvir...

Pessoas como eu precisam encontrar apenas um motivo para viver. E se pessoas como você não podem nos dar um, então afaste-se, pois provavelmente você irá piorar tudo. E não importa as suas intenções nobres, porque as piores coisas que se pode imaginar nessa vida, foram feitas com a melhor das intenções.

Eu sou Elisabeth Dyer e essas são as minhas madrugadas. Sem sono, com medo e um ódio incontrolável do mundo...

Elisabeth Dyer
Enviado por Elisabeth Dyer em 28/03/2018
Reeditado em 02/11/2018
Código do texto: T6292760
Classificação de conteúdo: seguro