São os Loucos Anos 20
Parte VII

 
Nina era sempre evasiva quando a mãe a questionava sobre quando iriam inciar os preparativos para o casamento e toda vez em que esse assunto surgia, ela dava um jeito de se retirar.

“O sacro matrimônio consegue assustar até mesmo Nina, a quem nada assusta!” - pai dizia rindo diante da incompreensão da mãe.

Desde o dia em que soube que estava perdida para sempre, Nina entendeu que aquele casamento não poderia acontecer, ela nunca poderia entregar a Inácio algo que já não lhe pertencia.

Sabia que em algum momento teria que resolver aquele assunto e a incansável insistência da mãe a lembrava que este momento estava chegando.

Então, sem qualquer aviso, tomou sua decisão. Nunca fora indecisa em sua vida e não seria agora.

Como nunca precisou de autorização de seus pais para escolher o caminho que iria seguir foi até a biblioteca e, com sua letra firme, escreveu para Inácio no papel de carta em tom rosê com suas inciais gravadas no alto.

 
               
                       Prezado Inácio,

                      Serei direta, pois sei que não há jeito fácil de lhe dizer
                      que já não posso ser sua esposa. Não posso lhe dar o
                       que não me pertence, já que me foi roubado. Devolvo o
                       anel que me deu e espero que o entregue a alguém
                       capaz de lhe fazer feliz.
 
                         Adeus.
                         Nina.
 
Dobrou o papel com cuidado, colocou-o dentro de um envelope juntamente com o Cartier, chamou uma das criadas e pediu que a correspondência fosse despachada ainda naquela manhã, então, como se estivesse livre de um peso que há muito suportava, aguardou a chegada do crepusculo.
 

(continua)
Fefa Rodrigues
Enviado por Fefa Rodrigues em 05/04/2018
Reeditado em 11/12/2018
Código do texto: T6300348
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