Redux
09 de Fevereiro de 1982 -
Caro amigo, já tem algum tempo que não escrevo enviando notícias. Estive ocupado com o meu trabalho e não tenho tido tempo para enviar as correspondências. Estou ansioso para lhe contar sobre os avanços que fiz em minhas pesquisas. Tenho muita coisa para contar, mas prefiro deixar para a próxima carta, até que conclua uma parte importante do trabalho, assim reportarei de uma forma mais completa o meu avanço. Estou bem, minhas instalações são simples, mas bem confortáveis.
Ass. Dail Schon
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11 de Fevereiro de 1982
Olá, meu velho amigo Dail. É ótimo finalmente ter notícias suas, depois de quase dois anos sem contato. Estou curioso para saber dos resultados de sua pesquisa. É ótimo que não tenha caído em uma possilga qualquer por aí. Mande notícias logo.
Ass. Jim Mahenhatz
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02 de Março de 1982
Jim, aqui está frio como o círculo do inferno que Dante descreveu na Divina Comédia. Estou enclausurado em casa há dias, trabalhando muito. Finalmente concluí uma etapa do meu trabalho. Consegui encontrar a ordem das figuras que encontramos na Amazônia, e encontrei um meio de colar a tabuleta que estava quebrada em 3 partes. Ao que tudo indica, as figuras na tabuleta retratam o processo de deslocamento de um povo antigo que pode ter habitado aquela região. O desenho mostra uma espécie de círculo, onde, um de cada vez, os membros iam saindo rumo a uma caminhada, pelo que pude entender. As outras figuras desenhadas nas pedras, aquelas que encontramos dentro dos buracos daquelas velhas árvores, mostram uma figura que vai se apagando. O desenho é o mesmo, mas conforme as pedras iam se distanciando de onde a primeira foi encontrada, a imagem vai se desfazendo. É tudo muito estranho ainda, mas logo envio mais notícias sobre o que descobri. Estou dormindo pouco, os vizinhos tem feito muito barulho aqui, é quase impossível dormir a noite, mas estou tentando descansar durante o dia um pouco.
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15 de Março de 1982
Meu velho Dail, a idade deve estar afetando seu corpo amigo. Aqui está muito mais quente do que nos últimos 10 anos. Quanto aos padrões que encontrou, é tudo muito sem sentido. Creio que será muito difícil descobrirmos o real significado daquelas imagens. Não fazemos nem ideia de qual era o povo que criou as peças. É tudo muito abstrato ainda. Espero suas novidades. Um abraço, velho amigo.
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30 de Março de 1982
Caro Jim, as coisas por aqui estão ficando estranhas. Os vizinhos continuam com aquele barulho infernal que comentei na carta anterior, e parece que só aumentou. Consegui descobrir mais coisas sobre as imagens. Nas laterais da tabuleta havia um desenho da Porta do Sol, construída pela civilização pré-colombiana. Mas não é uma imagem talhada por eles. Ela é bem mais rudimentar, menos evoluída, e parece que foi talhada as pressas na tabuleta. É como se alguém houvesse desenhado o símbolo momentos antes de uma fuga, como se para deixar um aviso, ou uma dica. Estou analisando melhor a ligação das imagens anteriores e a relação delas com a Porta do Sol. Creio que em mais alguns meses estarei retornando para o Canadá. Aqui está ficando frio demais e escuro. O mercado da vizinhança fechou, o dono deve ter vendido e não quis dar satisfações a ninguém, pois ninguém viu ele se mandar. Preciso ir mais longe para comprar meus mantimentos, mas estou me virando.
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10 de Abril de 1982
Jim, não sei o que aconteceu. Você não respondeu minha última carta. Fiquei preocupado, mas não tive como sair de casa nos últimos dias. A neve está alta aqui. É estranho, eu sei, mas aqui está nevando tem pelo menos um 8 dias, sem parar. Assim que puder me envie notícias suas. Descobri que o desenho da porta não tem ligação com a sequência de imagens anteriores. As imagens descrevem uma espécie de reunião, e os membros que vão se separando do círculo estão em fuga. As pedras encontradas nas árvores simbolizam alguém que estava se escondendo, mas que não chegou ao seu destino final, por isso a imagem some na última pedra. É como se tudo fosse um grande aviso, talhado as pressas e deixado para quem viesse depois. Não consigo entender o desenho da Porta do Sol e como esse povo pode ter tido acesso a ele, tamanha distância entre um ponto e outro. Mande notícias.
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20 de Abril de 1982
Ó, querido Dail, recebi as cartas que tem enviado para meu irmão. Não gostaria de lhe deixar preocupado, mas desde a última carta que ele me pediu para enviar a você, ele não apareceu mais em casa. Estou tão preocupada. Meu irmão sumiu, Dail. Ninguém tem notícias. Sem bilhetes, sem pistas, nada. A única coisa que achamos foi um bloco com um desenho na mesa dele. Não sei se faz algum sentido para você, mas ele desenhou um homem se escondendo, e a imagem vai se reduzindo até sumir no canto da folha. Atrás ele desenhou uma espécie de porta e escreveu: "Corra para a Porta do Sol". Peço que me avise caso saiba o que significa isso.
Com carinho, Angie.
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30 de Maio de 1982
Cara Angie, recebi sua carta tem 3 dias. Aqui a neve não dá trégua, não entendo como é possível. Estou desesperado em saber que meu amigo sumiu. E esse desenho me deixa preocupado. Não faz sentido. Se eu souber de algo avisarei você. Caso meu amigo tenha aparecido me avise.
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09 de Junho de 1982
Angie, estou assustado. Vocês não respondem minhas cartas. Aqui o clima só piora, e agora quase não tenho mais vizinhos. Acho que deveriam ter me avisado que as pessoas ficavam pouco tempo nas casas por aqui. O frio aumentou, alguns dias tenho passado fome, pois o frio não deixa que eu faça o percurso até o mercado mais próximo. Me sinto fraco, e desde que vim para cá, minha saúde declinou muito. Temo não conseguir ver o meu amigo novamente. Por favor me de notícias.
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10 de Agosto de 1982
Prezado Sr. Dail Schon,
Sua correspondência retornou, pois o endereço de entrega não foi encontrado. O local indicado levou a uma zona rural sem residência alguma além da que pertence ao dono das terras.
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10 de Setembro de 1982
Mãe, estou desesperado. Não tenho notícias dos meus amigos, e minhas cartas não chegam mais até a casa deles, não sei o que houve. Meu trabalho está finalizado aqui, e semana que vem estarei retornando para o Canadá. Um beijo.
De seu filho, Dail.
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15 de Setembro de 1982
Prezado Sr. Dail Schon,
Sua correspondência está retornando pois não foi encontrado o endereço do destinatário. Não há registros desse local.
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20 de Novembro de 1982 - Repórter da BBK News
A Guarda costeira dos Estados Unidos da América encontrou um barco a deriva no dia 18 de Novembro. Ao entrarem no barco, ninguém foi encontrado. Foram recolhidas diversas malas, roupas, e alguns pequenos montes de cinzas presentes nas cabines inferiores. Dentro de uma das malas, foi encontrada uma carta muito estranha. O remetente se chama Dail Schon, e o destinatário estava em branco. O seu conteúdo era muitíssimo estranho e sem sentido. O texto dizia o seguinte:
Caros, finalmente deixamos esse lugar deplorável e inútil. Já não tinha mais alimento para nós aqui.
DESTRUAM A PORTA DO SOL
DESTRUAM A PORTA, PARA QUE NÓS POSSAMOS NOS ALIMENTAR NOVAMENTE
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10 de Dezembro de 1992 - Repórter da BBK News
Mais um documento foi encontrado pela guarda costeira dos Estados Unidos da América. Ele pertencia a Dail Schon, o mesmo da carta encontrada mês passado. Seu conteúdo é confuso e perturbador:
"Quem ler essa carta deve estar pronto para deixar suas convicções de lado. Meu nome é Dail Schon. Sou arqueólogo e antropólogo canadense. Em 1980, eu e meu amigo, o arqueólogo Jim Mahenhatz, fizemos uma expedição na Amazônia, e encontramos algumas imagens talhadas em pedras e uma tabuleta. Após muita pesquisa, descobri que a civilização que havia talhado as imagens não era uma só, mas sim diversas civilizações que tentaram se unir para sobreviver. Provavelmente não tenho mais tempo para detalhar minha descoberta, pois me sinto muito fraco e agora sou o último morador aqui. Estou hospedado no Havaí, e está nevando muito aqui. Não tenho comida, e o que descobri provavelmente me matará antes que possa receber ajuda. Tenho ouvido vozes nas paredes, e juro que quando ouvi os últimos vizinhos fazendo barulho, olhei pela janela e vi que do nada eles passaram a não existir. É como se algo sugasse a vitalidade deles e todos evaporassem. Minha mão está tremendo muito, me sinto frio, fraco. Acho que aquela coisa está se alimentando de mim. E começo a pensar que se alimentou de todos aqui e dos meus amigos e familiares, porque eu descobri o seu segredo. Só peço a deus que possam ler isso e que façam o que vou dizer:
PROTEJAM A PORTA DO SOL, E LEVEM A LUA PARA DE BAIXO DELA.
Gostaria de dar mais detalhes, mas estou ouvindo uma voz atrás de mim , e creio que meu tempo acab"
O conteúdo dessa carta é Muito estranhO. Jamais se ouviu falaR de um lugar chamado Havaí, e muito menos Canadá. O amigo citado na caRta tAmbém não possui registro alguM. O nome Dail Schon também não foi encontrado em nenhum cadastro em nenhum país do globo. Nenhum deles jamais existiu. Especialistas esTão realizando testes com as cartas encOntradas e tentanDo descobrir quem poderia ter criadO tais coisas. Algumas pessoaS dizem que é uma brincadeira de mau gosto. Religiosos dizem que eles realmente existiram e que algo maligno está trabalhando em nosso mundo. Diversas teorias estão sendo levantadas.
Até amanhã caros.
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09 de Fevereiro de 1992 - Matérias presentes em diversos jornais do mundo todo
" Pasta encontrada no metrô de Londres, com 7 pedras em formato circular com imagens talhadas, possivelmente do período pré-colombiano."
" Uma tabuleta talhada de aproximadamente 800 anos foi encontrada na Índia, nas margens do rio Ganges."
" Garoto de 5 anos de idade, na cidade de Edeal, encontra pedra azul que não havia sido catalogada ainda. Cientistas fazem testes para descobrir a procedência do artefato."