23 de Abril de 1844

Capítulo I - Visagens

Era 23 de Abril de 1844, estava na Estação Padre Flemiriano Herculano, onde eu trabalhava como vigia ferroviário. Enverguei meu uniforme de brim azul e seus galões amarelos e com um candeeiro de ferro, fui fazer minha ronda pelo sítio em questão.

Meus passos soavam profundos na velha Estação de trens, abandonada por motivos desconhecidos. Sei apenas que um dia este sítio já foi outrora, repleto de pensamentos. Fui locado aqui, para tentar manter afastados possíveis intrusos. Sou o zelador de um lugar desprovido de alguma utilidade para a cidade. A noite este logradouro é de meter medo.

A plataforma de madeira apodrecida rangia a cada passo de meus pesados sapatos. Os postes de bronze e ferro estavam carcomidos pela ferrugem e pelo limo viçoso, conseqüência das fortes chuvas neste rincão do país. Via em minha caminhada: locomotivas arruinadas, trilhos partidos, bancos de pés de ferro, embolorados. A umidade é constante nos telheiros que desabam; pouco a pouco feito geleiras.

Vagões outrora de luxo, agora transformados em lixo, iam apodrecendo sob a sombra da mata majestosa e terrível. Quem ali adentra, nunca mais retorna. Coisas espreitam nestas ramagens. Ouvia os piados, os urros e latidos dos habitantes desta sombria hiléia. Alguns pareciam em algumas noites, gritos humanos (ou seriam inumanos?). Deixa para lá.

Eu apenas rezava para poder terminar minha ronda em paz e poder retornar para meu posto, trancando-me até o sol raiar. Melhor prevenir.

“Seguro morreu de velho, meu camarada! ” _. Pensei com meus botões azinhavrados no meu brim azul. Meu candeeiro bruxuleava ao sopro de uma débil brisa praieira. Sentia olhos nada amistosos, em minhas horas de caminhada pela extensão daquele lugar doente e amaldiçoado. Senhor! Dai-me forças para continuar neste lúgubre calvário.

Seguia sem olhar para trás, apenas com meu candeeiro de ferro para iluminar as toscas tábuas do assoalho destruído. Via algumas cracas a se multiplicarem pelas frinchas do tabuado.

Era angustiante fazer tal itinerário, pois tinha que pisar com cuidado no madeiramento e ficar atento para não resvalar à perna em uma frincha. Se por acaso, viesse a se abrir sob meus pés. Carregava comigo uma pistola, com cerca de pelo menos, 6 balas. Oxidada em seu corpo de bronze, porém, ainda útil e mortífera em seu sorriso de fogo. E chumbo.

Claro não era suficiente; caso fosse atacado por uma onça ou alguma fera desconhecida desta mata umbrosa. Gostaria de dispor de um bacamarte para ter um poder de fogo maior.

Se bem, o processo de municiamento desta arma é dispendioso, ou seja; de qualquer modo estaria vulnerável ao ataque de seja o que quer que seja desta floresta.

Preciso me manter alerta, de olhos bem abertos neste longo estirão madeira. Cada passo que dou em cima das estivas desconjuntadas, reverbera como um tiro na escuridão pavorosa.

O cenário nunca mudava nesse decorrer de largas passadas: floresta, floresta e floresta. Isso sem contar com as ruínas das construções humanas, uma estrada de ferro inteira. Abandonada, relegada as moscas e as cascudas baratas. Dizem os mais velhos, fora a terríveis aparições na Linha Férrea, e desaparecimento de passageiros e também, trabalhadores.

Além da pistola com minguada capacidade de tiro, carregava comigo um machete bem aguçado, podia até escanhoar o meu rosto com este machado em miniatura. Capaz de fazer um estrago bem maior quanto às balas ao meu dispor. Era esta arma em seu coldre, a responsável pela minha caminhada corajosa aquelas altas horas da noite.

O vento sopra forte sob minha pessoa, bruxuleando a chama azul do candeeiro. Estranhamente como um sussurro de lábios femininos aos meus ouvidos:

“Humanos não são bem-vindos nestas paragens, criadas de meus cinzéis e das lágrimas de minhas dores. Pés audaciosos ao meu útero umbroso, nunca desbravarão os meus Tesouros”!

Tive a mais pura certeza se tratar da voz de uma mulher que proferira aquela sentença carregada de sofrimento e paixão. Isso me fez estremecer, de um modo ou outro, a ferrovia rasgara as entranhas da hiléia. Destroçara grandes e frondosas árvores centenárias, para a cobiça humana imperar em sua loucura de exaurir as riquezas submersas na terra e nas matas.

Uma imagem surgiu em minha mente conturbada, a figura de uma mulher de negros cabelos e olhos chamejantes de Fortaleza. Eram olhos brilhosos como rubros diamantes. Emergiu das gotículas do orvalho das folhas vivas da basta mata. Conchas brancas e orquídeas recamavam seu belo corpo. Onde o olhar se perde como nas curvas das corredeiras.

E por trás dela, veio outra com o mesmo semblante. Tinha esverdeadas melenas e cipós como vestes e adornos. Ambas eram desconcertantemente formosas e delicadas nos passinhos de bailarinas voadoras. Postaram-se na minha frente ambas, beijaram-me os lábios. Para depois, desaparecerem, mescladas em uma só. O sabor daqueles lábios ficou na minha boca como o sumo da manga madura.

Aturdido com aquela miragem, prossegui em minha caminhada solitária. Desta vez, não havia vento ou mesmo uma brisa a farfalhar as folhas dos galhos pendentes para a estrada. Os piados, os urros e latidos cessaram; como se obedecessem a algum misterioso chamado de mãos femininas e cheias de capricho. Ouvia-se somente, o ranger das tábuas podres aos meus pés.

De repente; vi sentados em um vagão virado para o lado, quatro medonhas criaturas. Agarrei o coldre da pistola, e fui passo a passo me chegando daqueles estranhos seres. Se fossem deste mundo e ferozes, 4 balas de seis projéteis dariam cabo deles. E ainda me sobrariam, duas. Quem sabe, não dava termo desta excruciante caminhada? Quem sabe.

Minha cabeça fervilha de angústia. Seriam amigáveis? Seriam representantes da Morte? Da minha Morte? Seriam Arautos do Diabo? Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse? Seria o fim para mim? Tantas questões a germinar em meu cérebro em fogo. Se tal o fosse, não iria sem luta ferrenha. O medo bramia como fera em meu cérebro. A prudência me dizia para ter cuidado com as coisas do Desconhecido. Tenho medo.

Aproximei-me a ponto de poder vê-los delineados pela luz da Lua, totalmente cheia em sua fase mais bonita. Eram quatro estranhos indivíduos. Cada um com sua essência de espantar os olhos. Entidades ou pessoas. Não sei dizer. Sei apenas o que vi, pois, passados 60 anos, jamais me esqueci da figura daquelas sombras na Estação.

O primeiro era luz e sombras, e nas costas carregava um par de asas tortas. O semblante ora estava fixo, ora fluido como uma grande tela a óleo. Tinha em mãos uma pena em aço cromado e um papiro com engastes de bronze azinhavrado. Em voz pausada dizia:

As rosas vermelhas,

Dos beiços fremosos...

Molhadas, dos amores dos céus...

As falenas flanam as muralhas,

De uma Musa acima dos olhares, dos enamorados mortais...

Dos cárdios entusiásticos,

Do infrene desejo de enlace...

Cada palavra dita,

Que busca sempre, quase sempre o Amor.

De pássaros apaixonados,

Pelas musas do Párnaso...

As quais argutas sorriem melífluas e desdenhosas.

Olhou para as suas mãos e, versejou; outras tantas Estâncias de poesia a fluir de sua dualidade. Sua voz parecia um canhonaço a troar pelas falésias praieiras:

Nos bosques pretos de inhumas,

O vate chora, geme.

E laudeia suas forças últimas...

Nos frescos abraços,

Da pulchra mulata taverneira...

No beijar de seios fartos,

Aureolados de rosa...

Beijos feladores, São macios, São orgasmos...

Quando beijam meus lábios.

Taverneira mulata,

Traz o cristal voz dos sonhos...

Dito isto, se calou e suas Asas Toscas o levaram para o alto cume das nuvens escuras de chuva. Sempre na luz e na escuridão. Ora dia, ora noite. Um de asas tortas, o Arauto das Palavras.

O segundo expressava desalento, os seus olhos eram ígneas destruídas. De seus lábios os murmúrios eram versos lapidados. Falava para si, alheio ao seu redor:

Nas muralhas inclementes do tempo,

Sob o báratro profundo o meu cárdio em ruínas,

Bruma adensa-se umbrosa,

Sob as penhas emudecidas sem palavras de amor,

O céu iracundo se muta em pugna feroz,

Conflito pavoroso aos apaixonados E seus escudos no desabar da procela...

Meus olhos para os altos céus em luta tornam,

Cúmulo Nimbus passagem educada tinham na cerviz

À mulher que dos céus vinha em prateada e doirada biga celeste,

Mulata dos belos olhos acastanholados

E dos lábios sumarentos de ósculos eu já sabia amar.

Sua pele retesava-se, comprimia-se. Era horrendo de se ver, pois de sua cabeça, raios violentos se emaranham como as serpentes dos cabelos da Medusa. Seu rosto se confrangia. Um clarão se fez do céu e o que pude ver de último naquele rosto foi: o nascer de um sorriso no desaparecer de um relâmpago. Desaparecera. Nada restara daquele Tormentório, poeta.

Veio como foi, em desassossego. O terceiro dentre todos; o mais medonho era em si pela pesada aura que bramia de sua alma. Este era tempestades e mares revoltos, aonde luz alguma chegaria. Um espectro de olhos encovados, malares proeminentes, lábios rachados e amarelados. Seus dentes pareciam de tubarão. Alto como um gigante, tinha esqueléticas mãos que despontavam da vestimenta molambenta.

Uma chama intensa, vermelha e apavorante, faiscava tristeza e envenenado ódio dos olhos baços, do espectral indivíduo vindo do umbral. A expressão de raiva deu lugar a uma profunda e perceptível tristeza, uma angústia que fazia dentes ferozes de fera, estremecerem. Ergueu-se em toda sua altura e bramiu aos céus como se desse em vão nalgum pilar granítico.

O urro se dirigia a alguém que ele outrora amara em um tempo onde não se contava o próprio tempo com relógios e pêndulos:

Eu sou aquele oculto homem,

A quem chamais de tormentório,

Na umbra estava quando sua voz

Eu pude deleitar-me.

Ouvir-te e te amar.

Destes-me tuas mãos, teus beijos, E afetos.

Nossos sonhos,

Eram flores,

Eram amores dos mais caros.

Os beija-flores dos mares dos verdes amores.

Confidência me fizestes,

Eu te amei como nunca

Nessa terra antes já amei.

Veio então a bruma,

Os folguedos,

As risadas,

E fostes embora sem sorrir.

Liguei-te, tantas vezes...

Não ouvi a tua voz.

Nem sequer deste adeus.

Não dormi;

Preocupado pelas horas ermas que caminham...

Ora vorazes e velozes,

Ora lerdas como as maranhas frias da Morte.

Não comi,

Pois a fome nunca vinha.

Tua ausência me fizera caminhar insone

E solitário pelo tosco aposento de dormir E refletir.

Já morri, emurcheci.

Baixei no frio lajedo.

Não pergunto,

Não convido, por que sei,

Que resposta não irá ter para me dar.

Nem surpreso fico,

Ao ver-te entregar-te aos beijos cínicos deste beócio,

A quem chamas de amante!

Uma forte ventania fez-me recuar de onde Negro Espectro se sustinha, a escuridão o envolveu, era tão grande que sua cabeça se sobressaia das nuvens escuras e tormentosas. Ouvi seus bramidos longínquos, como o rio que em pugna confronta-se com o mar. Terrível. Medonho. Um em um clarão de luz submergiu. O outro, nas trevas do báratro foi levado.

O quarto e último ser, causava espanto em sua essência, tanto quanto os outros três seus antecedentes. Questões borbulham na cabeça: De onde vieram? Para onde iriam? O que estavam fazendo aqui? Em princípio, parecia alguém encoberto de sangue cru, líquido grosso que escorre encharcando e tornando um lameiro o barro amarelo daquele sítio.

Olhei mais fixamente aquele insólito indivíduo e pude constatar, tratar-se, não de sangue como antes achara ser. Era água. Muita água. Escorria do corpo dele. Não era um afogado. Era um homem feito de água mesmo. Águas Vermelhas. Rubras. Fulvas. Estava vivo. E não parecia dar por minha presença. Alheio, feito seus irmãos de desgraça.

_quem és tu? Ô singular senhor das águas encarnadas?

Inquiri, já com as mãos discretamente na pistola, caso fosse necessário uma defesa rápida. Serei realista, numa situação dessas, tão insólita, não sei se a arma seria útil.

Olhou-me de esguelha. Petrifiquei. Seu olhar era fogo, gelo, morte, destruição, vida, poesia, placidez, severidade e hombridade. Tudo mesclado numa coisa só. Respondeu-me sem tirar os olhos dos meus olhos, atento na minha mão no coldre da arma de seis balas. Versejou sem ao menos errar um tiro disparado:

Procurei nas matas virgens, Verdes matas...

O negríssimo rubi,

A esmeralda flama dos rios e prados,

O qual nas mãos dos Anjos são Tesouros.

Que em palavras remetem aos versos

Construídos

Nos alvos papiros...

Pela pena rouca da poesia

E do Poeta das asas tortas.

Virou a face para o alto. Lá em cima, Jací, escondida por entre as nuvens, observava quem aqui no solo era o maestro de tão belos versos:

Uma Rosa fulva

Floresce nas ermas pradarias...

Tantas flores nesses campos, Tantos beija-flores E amores...

Somente esta Rosa,

Podia encantar...

Tão fortemente os longínquos anjos,

Com sua corola vermelha de dia...

E azul-celestial,

No manto negro da Noite...

E arrematou com mestria de alguém que conhecia as palavras no seu âmago mais profundo, como se tirasse dos mares atormentados, toda e qualquer inspiração para poetar:

Ah, funestas flores mórbidas.

Ah,

Funestos prados de flores,

De borboletas mortas...

Prenunciam a chegada da Morte, prenunciam o envaidecer, Da Velha Torta...

Mostram a Foice,

Polida e mortal...

Está sempre para colher, as cabeças.

Os pescoços.

As Almas...

E a Morte se aproxima,

Com passos largos de predadores...

Passos de predadora,

Vem com passos largos...

Chegando bem perto;

Para te matar.

Ergueu-se de onde estivera sentado, e tão grande quanto o Espectro Tenebroso, ficou. Já não mais tinha o rosto uma expressão amigável. Era agora, uma alimária. Besta sem brio e feroz. Suas águas antes caudalosas, agora se entrechocam como a Pororoca que em pugna se confronta com o Oceano. Este som, marulho, seja o que quer que seja, foi à sineta do perigo iminente.

Comecei a sentir em meus sapatos, as marolas daquelas águas. Foram pouco a pouco se espalhando pelo lugar onde estávamos. Meus pés estavam encharcados. Tremi na alma. Comecei a me afastar daquele ser aquoso, e virei logo a seguir, já correndo. Não iria ficar para ver o ápice da catástrofe de um ponto privilegiado.

Ouvi um grande estrépito de coisas caindo, tive tempo de ver o vagão ser arrastado pelas ondas que grandes se criavam. Sentia meu uniforme pesado, deveras molhado. A visão era medonha daquilo que estava acontecendo, toneladas de água vinham devorando cada palmo da estação, da floresta e dos trilhos.

Partiam-se como gravetos sob a força destruidora da grande Onda. Avançam sem nenhum obstáculo para lhes barrar a fúria. Era um pesadelo. Meus pés pesam. É chumbo. Minha língua enrola sem controle. Perco minha consciência e caio. Sou engolfado pelas águas virais. Meus pés são puxados para baixo pela Velha Ceifeira.

A destruição prossegue. Primeiro a Estação Herculano, e depois a floresta com seus ganidos de Morte. E por fim, a cidade de Santa Luzia. Gritos, horrores, desespero e dor infrenes. A Pororoca de Sangue vai derribando, levando, devorando, engolindo as ribeiras e tudo aquilo que vivo estivesse. Não sobra pedra sob pedra. Escombros, ruínas, fedor. Morte.

O Rio das Águas Furiosas espalha-se nada terno, até se perder no horizonte. Já saciado em sua fome. Dorme agora como horrenda cobra sucuri depois de um lauto repasto. Tudo agora jazia debaixo daquela massa escura e líquida. Soprava uma brisa pela superfície agora calma daquele colossal lago descarnado.

Escuridão. Peito opresso. Desespero. Frio. Muito frio. O frio da Morte. Não quero ir, preciso viver. Respirar. Algo me recobre pesado. Urge me libertar. Oxigênio! Oxigênio! Preciso de Ar... Bato, arranho. De princípio a superfície não oferece resistência. Logo vou sentindo cãibra nos braços. Mãos. Sinto o sangue escorrer pelos dedos.

O desespero é agora o meu guia, cego vou apenas mecanizando gestos sem noção de onde estou. Pouco a pouco vou avançando pelo caminho, na mais pura ignorância.

Na escuridão mais negra que o Coração de Satanás. Algo mole, úmido parece rasgar-se, encharcando-me. Sufocando-me, sinto vermes entrando pela minha garganta. Quero vomitar. Folhas mortas. Insetos repugnantes e grânulos de areia me ferem neste breu. Sigo pelo caminho, com meus braços esfolados de tanto esforço. Os pulmões ardem pelo ar que não vem.

Luz! Luz! Ó senhor! Obrigado por esta pequena brecha neste sítio maldito! Ar... Sinto o ar... Uma saída.... Preciso sair daqui.... Não posso morrer agora.... Minha mãe necessita de mim...

Exaurido. Cego. Estropiado. Com a língua inchada e viscosa. Os braços quase se partindo de hercúleo esforço. Pulmões quase a rasgar-se como papel molhado. Desesperado. Saio das entranhas amaldiçoadas. Nasço do útero fétido, mas, uma prisão onde a loucura e a insânia são carrascos cruéis e bestiais. Liberdade! Livre dos grilhões do Pavor.

Olho ao meu redor. Amanhecera o dia. Fico aterrado com o que vejo. O sol ilumina uma planura infinita. Vejo ruínas. Destroços a flutuar em águas barrentas e rubras. Podridão. Cadáveres, alguns em um ricto medonho antes de nas garras frias da Moura Torta, caírem. Outros mostram apenas os braços para fora de camadas apodrecidas de lama e areia.

A luz solar irradia uma cor aberrante. O vermelho de sangue compõe um contexto de desolação, aonde corredeiras vão abrindo caminho pelos corpos e trilhos deformados.

Água, lama, areia, sangue. Nenhum sopro de vento. Nenhum piado ou uivo de algum sobrevivente. Somente, um som se fazia presente.

O apito fantasmagórico de um trem. Uma locomotiva que rugia com fúria, amortalhada de mortos... Disparo.... As seis balas.... Em vão...

DIAS, Amorim Flávio. 1835: Cáthedra/Era 23 de Abril de 1844_contos de um poeta; Edit/criador, 1-imp. 02-11-2014-Ufpa. Belém-Pará/ fluviusflaviuspiscis.

Homem do Guarda Chuva Preto
Enviado por Homem do Guarda Chuva Preto em 05/07/2018
Reeditado em 05/07/2018
Código do texto: T6382595
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