O diário

24 de outubro de 2001.

Ando pelas essas ruas escuras, tentando esquecer aquela cena horrorosa. Como pude deixar aquilo acontecer, poderia ter salvado aquela garotinha. Agora aquela cena assombra meus sonhos, não consigo fecha os olhos e não vim aquela cena novamente na minha cabeça. Acho que faz e dias que eu não durmo, nem sei direito mais.

Estou na beira desse precipício da sanidade, se eu não esquecer aquela cena acho que irei cair para a loucura.

Essa manhã sair de casa pra compra o jornal e fumar alguns cigarros, leio e fumo pra esquecer da vida.

Os jornais ainda falam do atentado as torres gêmeas, mas ninguém fala daquela garotinha que caiu do segundo andar. A vida dela é menos importante que a de alguns americanos? Quem sabe. Só sei que todos eles estão mortos, os americanos pelo terrorismo e a garotinha por não ter salvado a vida dela como deveria.

25 de Outubro de 2001

Essa noite foi terrível, revivi aquela noite em sonhos. Se eu tivesse salvado aquela criança não sentiria esse peso da morte dela, a minha arrogância foi que a matou.

Agora tenho que tentar conviver com a culpa de sua morte.

Hoje irei no psiquiatra tentar falar conversar sobre meus demônios, mas antes vou no cemitério levar algumas flores pra tentar amenizar minha culpa.

26 de Outubro de 2001

A noite passada até conseguir dormi ou melhor eu apaguei com o remédio que o doutor passou, não conseguir contar a verdade dessas noites mal dormida. Acho que irei joga-los no túmulo comigo, ninguém vai acreditar o que aconteceu naquela noite e os quem sabe estão completamente loucos ou mortos.

Sinto como os suicídios deles também fossem culpa minha.

Agora são 3:33 da manhã acordei com o grito daquela menina ecoando no meu quarto. O desespero está batendo em meu peito, os fantasmas vão me assombrar até o pós-morte, Não sei mas o que fazer.

27 de Outubro de 2001

Hoje estou cansado de tudo, não aguento mais viver com esse sofrimento interno.

Se eu contar a alguém vão me achar que fiquei louco. As únicas coisas que me restam é viver com essa culpa pelo resto da minha vida miserável ou pular daquele prédio e rezar que minha morte tranquilize a alma daquela garotinha.

Sair pra compra cigarros e ir no cemitério colocar flores no tumulo na criança, pelo jeito sou o único que vem visitar seu tumulo. A única família que ela tinha era o pai, e a ultima vez que eu vi estava com uma corda no pescoço. Desgracei a vida dessa família.

27 de Outubro de 2001

Hoje acordei e a garotinha estava na frente da porta, ela parecia que estava chorando.

Não aguento mais essa dor, mas cedo ou mas tarde vou ser o próximo a cometer o suicídio. Ouço os demônios rindo da minha cara, falando que estão ansiosos pra minha chegada no inferno.

Não aguento mais viver.