O Pianista, Início

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http://rapidshare.com/files/55945501/Vladimir_Ashkenazy_-_Scriabin-_Piano_Sonatas__Disc_2__-_03_-_Piano_Sonata_No.7_op.64.mp3

Na tentativa de controlar o meu medo, que me isola do mundo, comecei a escrever. Tudo começou no dia em que me encontrei com o pianista.

Aos doze anos eu e minha família éramos pessoas felizes Morávamos em um lugar pequeno e aconchegante eu, meus pais e uma irmã. Esta tinha cinco anos e ficava em casa com minha mãe. Eu ajudava meu pai com tarefas simples na fazenda antes de ir para escola.

A escola era longe de minha casa, grande parte do caminho era percorrido numa estrada de terra. No meio no caminho podia ser avistada uma grande casa abandonada, onde os fundos e as laterais eram cercados por grandes arvores, formando uma pequena mata fechada. Um portão de ferro bem trabalhado impedia a entrada de qualquer um ao lugar.

A vi logo na primeira vez que estava indo para escola. Fiquei olhando para ela um tempo, parecia que ela retribuía o meu olhar, era assustador e incrível ao mesmo tempo.

Durante o jantar desse dia perguntei para o meu pai sobre aquela casa. Ele me encarou com um olhar serio e me alertou para que eu longe dela. Não mais perguntei pois sabia que ele não contaria nada e ficaria zangado.

Um dia quando estava voltando da escola resolvi ver a casa mais de perto. Quando passei na frente do portão fiquei olhando para aquela pequena estrada que levaria até a casa. Estava com medo. Depois de um breve tempo pulei o portão, não foi difícil. Comecei a caminhar lentamente, o caminho era cercada por grande arvores que me cobriam formando um túnel com pequenos raios de luz passando entre as folhas.

Uma casa de madeira. Tinha uma varanda e uma grande porta. Estava um silencio assustador não se podia escutar nenhum pássaro ou o barulho do vento nas folhas. Subi lentamente os dois degraus para a varanda. Parei em frente a porta, fiquei imóvel por um tempo.

De repente comecei a ouvir um som de piano, um som agitado que me fez sentir um calafrio. Quando dei conta de mim estava empurrando a porta para entrar na casa, não estava trancada, empurrei-a lentamente sem fazer barulho. Eu só escutava o piano. Abrindo a porta ganhei a visão de uma sala de escadas, havia uma escada em curva nela e a direita tinha passagem para a sala. Fui em direção à escada, seguindo a música. Lentamente fui subindo a escada, eu já não sabia o que estava fazendo direito, aquela música era fantástica, tinha uma doçura amarga.

Quando cheguei ao fim da escada fiquei de frente para um cômodo, estava com a porta aberta, o som do piano estava vindo de lá eu tinha certeza. Fui caminhando lentamente para a porta aberta, antes de chegar até ela já pude ir vendo o que tinha dentro do cômodo. O piano começou a se revelar, lentamente ele foi entrando no meu campo de visão, parecia que ele vinha até mim e não o contrario. Junto com o piano começou a aparecer o homem que estava o tocando. Um velho, o pianista. Entrei no cômodo e pude ver tudo, só havia o piano e o pianista nele. O piano e o pianista estavam todos comido por cupins e cheio de poeira. Ele estava de costas pra mim.

Não conseguia parar de olha para eles. Aquela música que entrava em meus ouvidos era um misto de nostalgia e prazer. O pianista parecia não perceber que eu estava ali, ele só tocava. Parece que fiquei uma eternidade escutando ele tocar.

De repente ele cessou-se de tocar e começou a virar-se lentamente. Seu rosto era, como todo o seu corpo, de madeira velha, já comida por cupins. Ele levantou as mãos, e soprou-as. Isso fez com que o cômodo enchesse-se de pó. Fechei os olhos rapidamente. Quando os abri de novo o pianista não estava mais lá, só o piano. Foi nesse momento que me dei conta de onde estava. Sai do cômodo correndo e desci as escadas, quase caindo nessa. A porta principal ainda estava aberta, sai por ela e corri pela pequena estrada sem olhar pra trás. Pulei o portão tão rápido que quase cai de cara do outro lado. Subi correndo a estrada e fui o mais rápido que pude até chegar em casa...

Idéia de A.S.R.

Recauchutado por M.R.O.

(Continua em O Pianista - Temor)