Um grito parado no ar

Sou o primeiro a entrar no ônibus. Sinto uma certa urgência em procurar uma poltrona. Será uma longa viagem e já quero acomodar-me.

O ônibus põem-se em movimento e imediatamente uma inquietude atravessa meu corpo. Os leves solavancos do percurso parecem incomodar-me de uma maneira estranha, como se eu não estivesse acostumado com isso.

Sinto-me irrequieto e com uma necessidade angustiante de levantar-me e ir para algum outro lugar.

Levanto-me com a intenção de pedir passagem para a mulher gorda que está ao meu lado. Tento falar-lhe mas nada sai de minha boca.

Meus olhos ficam imensamente dilatados e quase saem das órbitas quando percebem a gigantesca mão segurando uma revista e espantando-me.

Quero gritar e não posso. Meu grito fica preso ...

Jota Alves
Enviado por Jota Alves em 29/12/2018
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T6538398
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