O Pássaro

Não se sabe ao certo os motivos que levaram Paul a ter com a Rússia

Contudo, o mais aceito é que ele fora atrás do seu amigo

Os últimos e-mails recebidos tinham origem na região de Povarovo

O endereço dava num prédio subterrâneo em ruínas de uma antiga rádio abandonada

Além disso, a carta e o livro que ele recebeu após a sua chegada em Moscou o fez certo da proximidade

Na carta, seu amigo dizia já estar de partida e apontava para uma biblioteca em Amsterdã

Já no avião, junto à janela, Paul percebeu que o livro não estava mais no seu colo

Quando viu, próximo à cabine do piloto, um padre erguendo-o para o alto,

Sete facas formavam uma cruz em seu corpo

Recitava um dizer como um rito, um cântico, de repente todos os passageiros seguiram-no a recitar com veemência:

- Livro para o alto, homem para o chão! Livro para o alto, homem para o chão!

Tamanho foi o seu susto ao ver uma mulher e um homem sem rosto muito bem vestidos de branco em passos lentos pelo corredor

A mulher carregava consigo um punhal, o homem sem rosto limpava suas luvas, como se fosse o prenúncio de algo ruim

Ao chegarem no padre, sete pessoas se levantaram e prepararam um altar no curto espaço que tinham

Em frente ao altar, em meio à luz de velas, o padre disse:

- ó! Cirandeiro, o que tu farias? Se aqui estivesses?

Todos responderam:

- Livro para o alto, homem para o chão!

Quando o homem de branco o apunhalou pelas costas.

Paul acordou totalmente desnorteado e muito assustado, já num café próximo ao aeroporto

Desde que fitara os olhos daquela criatura, as coisas não iam bem

No entanto, a moça que gentilmente o atendia lhe trazia paz

Mas ele precisava ir, não havia amor na laranja mecânica, não para ele

Ao chegar no ponto indicado

A biblioteca, uma casa baixa e envelhecida, de madeira, muito abaixo do nível da rua, desabava em fumaça de um incêndio assombroso de Napalm

No alto do telhado, mais um daqueles encapuzados de gorros escuros

Queimava, mas parecia gostar ao estender as mãos para o alto até o telhado desabar e sumir na fumaça escura

Em tempo, ele atende o telefone, como o sinal estava ruim não deu para entender muita coisa: “Você precisa voltar... O... Aconteceu... Aqui... Vou... por sinais de rádio!”

Agora, Paul se encontrava mais uma vez à espera de um voo, cansado, consumido, exausto

Perguntas, pontos soltos, poucas respostas, horas de voo e o início de um emaranhado de arame farpado

Dessa vez, de volta para o Brasil

Depois da ligação, recebeu uns e-mails do seu amigo que enviou umas fotografias e uns textos sobre uma embarcação que chegara na cidade em que eles moravam

Trazendo de longe, como se fosse um pássaro, chuvas de mau agouro sobre a cidade.

Maia_XIII e Paulo Eduardo
Enviado por Maia_XIII em 30/03/2019
Código do texto: T6611448
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