ZUKNORI - DTRL34

Zuknori, escondia-se de Gomib na caverna. O temeroso tigre dentes de Sabre atravessou seu caminho enquanto buscava água. As unhas poderosas tiravam lascas grandes de pedras e causavam um terror amedrontador. Mesmo que as crianças da tribo fossem preparadas para os perigos que os cercavam, nada o prepararia para aquele momento.

De repente Gomib parou. Quando olhou pela greta viu que a fêmea do tigre, apelidada de Aknag pelo povo, aparecera com um filhote deles na boca, despedaçado. A cabecinha balançando, pendurada no pescoço semi dilacerado. Era seu irmãozinho de 9 meses, Romika.

Zuknori chorou tanto aquela noite. Sozinho, sabia que o procuravam. Não podia sair dali por enquanto. A caverna era escura e fria.

De repente ele viu uma chama que se iluminou de forma mágica e se aproximou da claridade gerada por ela. Era mais no interior da caverna, onde a mesma se estreitava e encolhia e tinha que se abaixar pra ter acesso.

O lugar iluminado pelo fogo era um altar. Mas aquele fogo não era um fogo comum. Era o fogo dos deuses, ele sabia. Uma chama vigorosa, que não tremia, nem apagava. Na parede, desenhos de sacrifícios humanos para acalmar os deuses. Eram tigres dentes de Sabre invadindo as aldeias e roubando os filhotes. Depois eles eram oferecidos aos deuses. Zuknori não entendia como tigres poderiam adorar deuses, pois eles eram inferiores e não tinham inteligência. Então só pode constatar que eles não deveriam ser deste mundo.

Saiu da caverna determinado a matar todo o tigre que conseguisse com sua lança de osso de mamute. Não teria mais medo. A primeira caçada foi difícil, quase teve o rosto estraçalhado por uma patada da besta. No próximo ataque deixou o animal vir pra cima e ergueu sua lança, se esquivando em seguida pra não morrer esmagado e assim matou seu primeiro tigre, com 12 anos.

Caiu sobre o bicho com uma pedra pontuada e rasgava sua pele grossa. Comia a carne e sentia prazer, uma espécie de desforra. Estava vingado pelo irmãozinho.

Quando a senhora das aves, aquela ave do terror assustadora apareceu, Zuknori correu o quanto pode.

O Titanis se ocupou do tigre morto. Segurava o animal com uma garra e com a outra arrancava pedaços grandes inteiros e comia. Era tanto sangue e embora estivesse acostumado, a sagacidade e carnificina o chocavam.

Sabia que não poderia sobreviver muito tempo longe da aldeia. Desesperado já não conseguia vislumbrar um futuro, acabaria morto no deserto aberto.

Estava em outra aldeia, uma árvore desfolhada de galhos retorcidos pingava sangue. Os galhos pareciam braços deformados tentando alcançar o céu, em suplica. O sangue era de mais de 500 bebês mortos fincados e todos os tigres que ele jamais vira estavam ali.

Um deles o encarou e disse:

-Quando olhas para o céu e procuras as respostas,

Não esperas que um Deus Tigre poderá responder

O mundo é antigo, muito mais que imaginar possas

Amariam os animais, os homens, que pudessem ver

Zuknori acordou assustado. Olhou em volta, todos ali, também Romika, seu irmãozinho. Foi tudo um sonho terrível.

PRÉ HISTÓRIA