O bebê de Ardy – DTRL 34

Sertão Nordestino, cinco mil anos antes.

O grupo de caçadores marchavam em direção a tribo que dominava aquela região. Tinham por objetivo pedir passagem naquelas terras, se não fizessem isso poderiam ter problemas.

Quando nômades chegaram próximos de uma das cavernas viram algo estranho. Enxergaram uma garota de aproximadamente doze anos de idade sentada no chão. Ao redor dela viam-se pernas, braços, cabeças e entranhas espalhadas. A menina catatônica olhava para frente.

Um dos guerreiros visitantes abaixou, ficou na altura da menina, olhou-a no rosto e questionou sobre o que havia acontecido.

Inicialmente o que ela dizia não fez sentido:

“O mau nos visitou;

Com a aparência de uma criança;

Ele nos enganou;

Devorou nossas entranhas;”.

O guerreiro perguntou novamente, então ela respondeu , só que desta vez com calma.

Ontem , trouxemos água para a aldeia de muito longe. A escassez é muito grande nesse período. Estávamos cansados e por esse motivo fechamos a porta da caverna mais cedo. Dormimos até o momento em que ouvimos um som vindo do lado de fora.

Fomos olhar. Nu sobre uma pedra estava aquele pequeno bebê. Todos acharam estranho um filhote perfeito como aquele ser abandonado. Na nossa tribo, nós abandonamos, ou damos à terra nossos filhotes , mas somente quando nascem defeituosos.

Embrulhamos a criança em pele, depois levamos para dentro da caverna. A pequenina ficou junto a Ardy, ela e seu parceiro não conseguiam reproduzir e por isso demonstrou mais afeto que os demais pelo pequenino ser.

Voltamos a dormir e algumas horas depois fomos acordados por gritos e grunhidos. Olhei na direção do som e vi uma enorme pantera. Na boca da criatura estava a parte superior do corpo de Ardy, entre as garras as entranhas dos outros.

A pantera olhou para mim , ao lado da face do felino surgiu o rosto do nenê que acolhemos. O bebê riu depois se transformou em uma cobra, rastejou na minha direção. Quando estava sobre mim se metamorfoseou em um homem cinzento com os olhos e a boca vermelha. No momento em que ia dar o bote em minha face ele parou, deu a impressão que havia escutado algo. Mudou de forma para um urso, derrubou a pedra que ficava na frente da caverna e desapareceu na floresta.

Depois do relato o guerreiro confortou-a, o nômade abraçou-a e disse:

- Hoje vamos passar a noite aqui, amanhã seguiremos viagem. Eu te convido para se juntar a nossa tribo e vir conosco.

Tomobo subiu em uma das árvores próximas ao acampamento. Naquela noite ele foi o primeiro a montar guarda. Tinha por função alertar aos outros sobre qualquer perigo que se aproximasse. Observou por alguns minutos, até que viu algo estranho.

A garota sobrevivente começou a andar no acampamento, ela agia de forma estranho. Tomobo desceu e foi na direção da garota.

Foi recebido com um olhar de desconfiança, á frente dela se transformou em um lagarto gigante, dilacerou-a. Mudou de forma , transformou-se na garota a qual havia devorado.

Juliano Marques
Enviado por Juliano Marques em 11/04/2019
Reeditado em 03/05/2019
Código do texto: T6621048
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