Nas chamas do Inferno

Aquele que nunca passar por um momento de aflição, nunca será homem de verdade. Isso me ocorreu ontem, ao cair da noite, depois de um dia cheio. Lembro-me apenas que estava deitado, meus olhos já não se sustentavam mais, pestanejavam como uma última tentativa de se manterem abertos. Após isso, acordei no meio da noite, percebi que havia algo no canto esquerdo de minha cama, a medida que eu abrira os olhos minha visão adaptava-se ao ambiente e meu córtex visual enxergara a um ser de aparência obscura, como uma nuvem de trevas e escuridão em formato de homem. Assustei! Tentei levantar, mas no momento exato a criatura puxou-me pelo pé e abaixo dela chamas subiram. Quando olhei para baixo, vi a mim mesmo, porém um outro eu que vivera em um mundo de dor, sofrimento e tortura, foi então que me dei conta do que estava acontecendo, chegara a minha hora.

Tudo tem um preço, toda felicidade tem um fim, o pacto a que eu fizera anos atrás que me trouxera muito dinheiro, poder, luxo e mulheres bateu a minha porta esta noite nas garras de uma criatura maligna enviada por meu algoz. Já ciente do que estava acontecendo, o demônio levou-me para dentro das chamas. Entramos em queda livre até que atingíssemos o solo, solo esse que queimou meus pés com sua ardência. De imediato consegui soltar-me do infeliz. Corri, corri e corri, mas quanto mais corria mais próximo me aproximava da Besta Fera que me aguardava mais a frente para cobrar minha parte do contrato.

Entrei no primeiro prédio que vi. Escondi-me em uma sala escura e apertada. De repente, chamas por toda parte e no meio uma cadeira, a cadeira do diabo. Em meus pensamentos agora passavam apenas as várias formas de tortura que pudera praticar comigo. Aquele desgraçado apareceu em minha frente como uma partícula quântica, olhou para mim com aqueles olhos macabros e sombrios. Não sei como, mas nesse momento senti algo em meus punhos, parecia que uma tonelada de ferro fundira à minha mão, e com toda confiança que ganhara parti para cima do maldito. Atingi-lhe um soco em sua boca que mais tinha era caninos, ele bateu asas jogou-me longe e deu um salto com seu tridente em chamas, consegui me esquivar e agarrei no pescoço do maldito, apertei até que soltasse fogo pela boca. Seu capataz, aquele que me levara para dentro do inferno, pediu que o diabo levasse-me de volta para cima, alegando que ainda não era o momento. Percebendo o que havia me acontecido, ele bateu seu tridente no chão, e de repente, estava de volta em meu quarto. Passei a noite alerto, esperando que aquele desalmado retornasse. Já não sentia mais o peso em minhas mãos. Agora fico a me perguntar, teria Deus me salvado daquele cruel? Ou teria eu sonhado o mais terrível pesadelo?