Ascensão

Depois de passarem a noite no bar de Samaras

Lucas e seu amigo foram para a sua casa

Ele planejara um plano e o seu amigo era o prato principal

Para Lucas o que convém e o que é necessário mudaram de opinião

A sua versão antiga jamais colocaria em risco o seu melhor amigo

Mas ele já não era o mesmo

Por isso, era ele contra ele

Uma guerra interna que nunca parava

E a sua versão primitiva sangrava muito

Maria, sua mãe de criação, passou muito mal quando o viu depois de tanto tempo, o que caiu como uma luva

Embora soasse muito estranho

Ele aproveitou para retirá-la de casa e deixá-la com uma tia dela que morava próximo

Já de volta, Lucas pegou alguns objetos na garagem

Cálices, crucifixos, objetos pontiagudos e algumas velas

Com muita praticidade ergueu um altar dentro do seu quarto

Incendiou um livro qualquer e o colocou sobre o altar

Pediu para o seu amigo que o esperasse

Enquanto ele ia na cozinha...

Não demorou muito

Dispararam as sirenes pela cidade

A noite chegou

E como sempre, o nevoeiro

Dessa vez, acompanhado por uma chuva estranha

Que por alí não era normal

Paul estava sozinho no quarto quando a chuva começou

Rajadas de vento batiam na janela e assoviavam no telhado

Relâmpagos clareavam o quarto escuro

Pelas frestas da janela, Paul viu vários homens com aqueles gorros pontiagudos formarem um círculo na frente da casa

Sob raios e trovões, eles entoavam o mantra:

"Livro para o alto, Homem para o chão! Livro para o alto, Homem para o chão!"

Abismado dentro de si, Paul viu os seus pesadelos se tornarem reais

Sem aviso, sentiu a pontada de um punhal rasgando sua carne pelas costas

O homem de branco o girava como se fosse uma maçaneta

Raios e clarões faziam brilhar os olhos de Paul rentes à janela

Mas Lucas veio preparado para explodir

Com um pedaço de madeira maçico e forjado para bater, o acertou no rosto da mulher de branco

A qual caiu desacordada e um de seus ouvidos sangrava quando foi ao chão

O homem de branco se virou e foi em cima de Lucas, arremessando-o contra a parede

Mesmo se retorcendo de dor, Paul se esforçou e derrubou o guarda-roupa sobre o homem

O mundo estava explodindo dentro daquele quarto

E os encapuzados seguiam o seu ritual sob a chuva

Lucas incendiou o quarto e emperrou a porta pelo lado de fora

O caos incandescente estava se epalhando como raízes

Com muito esforço e ainda tonto

O homem de branco conseguiu sair dos escombros

Mesmo com o quarto tomado por fumaça

Conseguiu abrir a janela e pedir ajuda

Enquanto os dois amigos saíam em disparada pelos fundos da casa no Opala 74 de Lucas

Com o livro verdadeiro intacto no banco da frente e o seu amigo sangrando feito um porco no banco de trás

...

Lucas declarou guerra aos seus pesadelos mais antigos

Que agora também eram comuns ao seu amigo Paul

Sob a chuva e o nevoeiro

A visão à frente era quase zero

Trovões ressoavam pela cidade

Clarões iluminavam o Opala azul escuro de Lucas

Que fugia em direção ao fim do mundo.

Maia_XIII e Paulo Eduardo
Enviado por Maia_XIII em 18/04/2019
Reeditado em 18/04/2019
Código do texto: T6626775
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