O Caso do 'Flavinho da Moto'

Havia em um antigo cemitério da Baixada Fluminense, uma figura muito conhecida naquela região; era o Seu Jonas, que acumulava a função de zelador e coveiro. Ele começou a trabalhar no cemitério quando ainda era muito jovem, ocupando o lugar que tinha sido do seu falecido pai. E depois de algum tempo, devido ao fraco movimento de sepultamentos , já que haviam inaugurado um novo cemitério no município vizinho, ele acabou assumindo também a administração daquele velho cemitério.

Seu Jonas era viúvo, sua esposa faleceu logo após o parto do seu primeiro e único filho; o Flavinho, que sobreviveu e foi criado pelos seus tios maternos.

Já adolescente, Flavinho estudava à noite, já que durante o dia ajudava o tio na quitanda, mas nos finais de semana sempre costumava visitar seu velho pai que ainda morava naquela mesma casinha branca, que ficava práticamente dentro do cemitério e que foi onde ele nasceu. Mais tarde, depois que começou a frequentar a faculdade, já não aparecia mais com tanta freqüência por lá para visitar o pai .

Até que certo dia seu velho pai faleceu. Aquela casa onde nasceu ficou para ele, que só aparecia por lá de vez em quando.

Mas depois da morte do pai houve uma grande transformação na sua vida; já não ajudava mais o seu tio na quitanda, passando a dormir em uma 'república' que ficava bem próxima à faculdade onde estudava.

Pouco tempo depois ele alugou um apartamento no centro e comprou também uma possante moto importada, coisa que causou muita estranheza na família, já que ele não estava trabalhando em lugar nenhum. E quando o seu tio indagou sobre a origem do dinheiro, disse ele que foi o seu pai que havia lhe deixado uma polpuda poupança.

E foi a partir de então, que ele começou a viver uma vida de verdadeiro 'playboy', ficando mais conhecido naquela região como o 'Flavinho da moto'.

Até que em certa ocasião; um dia antes dele comemorar o seu aniversário de 29 anos, ele reuniu um grupo de amigos e foram comemorar em uma conhecida boate daquela região. Ele queria comemorar com os amigos na véspera, porque no dia seguinte comemoraria com um grande churrasco junto com seus tios e parentes, seria uma coisa mais íntima.

A festa na boate rolou quase a noite inteira. E lá pelas duas da madrugada, ele pegou a sua moto e disse que iria para casa dormir um pouco, já que no dia seguinte iria participar daquele churrasco com seus familiares.

Só que naquele sábado, enquanto a carne já estava na brasa e a cerveja rolava solta lá na casa dos seus tios; as horas passavam e nada dele aparecer.

Pensando que talvez ele ainda estivesse dormindo, já que teria comemorado com os amigos até bem tarde na noite anterior, ninguém se preocupou muito com aquele seu atraso.

Mas como as horas foram passando e nada do Flavinho aparecer, eles foram ficando preocupados. E depois de terem, por diversas vezes ligado para o seu celular, que dava sempre 'caixa postal', um de seus primos resolveu ir até o seu apartamento para ver se ele estava lá. Depois de ter, por várias vezes tocado a campainha sem ser atendido, ele resolveu ir até a garagem para ver se a moto dele estava lá; não estava. Ligou então para o tio dele informando que ele não tinha voltado para casa naquela noite. Sem saber o que fazer, seu tio procurou a polícia, comunicando o seu desaparecimento. As investigações sobre o seu paradeiro começaram imediatamente, mas infelizmente não deram em nada. O Flavinho da Moto simplesmente havia desaparecido misteriosamente.

E foi cerca de quinze dias após o seu desaparecimento que o seu tio, acompanhado da esposa e de um chaveiro, resolveu dar uma olhada na antiga casa que ficava próxima ao cemitério. Logo ao abrir a porta já tiveram uma surpresa; bem no meio da sala estava a moto do Flavio. Sem estar entendendo nada, eles começaram a vasculhar os comodos da velha casa até que, depois de terem arrombado a porta de um dos quartos, quase 'tiveram um troço' quando viram lá; completamente nú e sem cabeça, o corpo do seu sobrinho estirado bem no meio do quarto, entre quatro resto de velas. Saíram de lá apavorados e foram correndo à delegacia. Quando o delegado chegou e viu aquela cena ele se benzeu e disse: "-Isso só pode ser coisa do cão!". E quando ele abriu um enorme armário embutido, que cobria uma parede inteira daquele quarto, eles ficaram ainda mais aterrorizados, pois lá estavam centenas de crânios humanos, bem limpinhos arrumadinhos em prateleiras. Havia também um grosso caderno de anotações, contendo endereços de sites de compra e venda de crânios e esqueletos, inclusive do exterior. E bem no meio de um lote de esqueletos estava a cabeça do Flavinho. Mas havia um detalhe bem macabro; em sua boca estava costurada uma nota de cem reais.

Ao sair dali o delegado comentou: "Ele deve ter sido um desses malditos traficantes que costumam vender crânios e esqueletos humanos". E um dos seus ajudantes ainda perguntou: "-E tem quem compre chefe?" e o delegado respondeu: "-Você não viu o estoque?"... Eu hein !