AQUELE OLHAR - Parte 2

AQUELE OLHAR

De repente eu me vejo planejando o assassinato de meu próprio marido, aquele homem que jurei proteger, cuidar, amar, ser cúmplice. Logo eu Augusta, uma mulher que sempre foi pacata, defensora da paz, da boa conversa, me pego pensando em como vou fazê-lo pagar por me trair. Terminei de fazer o almoço e como é de costume tomo meu café folheando a nova edição de uma revista de moda que assinei. Fisicamente eu estava olhando as imagens, mas eu não estava ali. Minha mente viajava em outro lugar, martelava meus pensamentos e sentimentos dizendo que eu precisava fazer alguma coisa. Me vingar.

Fecho a revista sem concentração e nem paciência. Claro que eu sei quem está querendo invadir minha mente. Ele se encontra sentado na outra ponta do sofá. Sávio. Pálido, olhos marcantes e uma expressão gélida.

- Querida, você sabe muito bem que Arthur não se encontra no escritório fechando contratos. Ele está lá, com a cabeça entre os seios dela, se alimentando feito um bezerro. E você aqui, na dúvida se o mata ou não.

- Quando foi que lhe dei legalidade para controlar meus passos? – falei com autoridade e mais alto do que imaginei que falaria.

- Foi exatamente no dia que você o viu entrar no motel, lembra? Você o seguiu e ficou chorando escondida atrás da árvore. Lamentável.

O infelizmente Sávio estava certo. Tudo o que me restou foi abaixar a cabeça e aceitar. Chorei um pouco e quando levantei a cabeça ele já não estava mais na outra ponta do sofá. Desgraçado. Corro até o quarto e vou abrindo as gavetas do armário até encontrar na última a caixa azul forrada com camurça. Lá dentro a 45 de Arthur, municiada, pronta para cuspir fogo. Chega de lenga lenga, chega desse demônio ditar as regras. Fui traída e todo traidor deve pagar.

*

Arthur coloca a calça com pressa. Na cama Sheila mexe no celular de bruços deixando a mostra sua enorme nádega fazendo lembrar o morro do Corcovado.

- Passamos da hora. – disse fechando a camisa.

- Passamos uma vírgula, você passou. – segue conferindo a rede social.

- Muito engraçadinha. – pega a gravata na cadeira.

- Mô, você pode deixar cem reais para eu fazer o cabelo mais tarde? Meu cabelo está horrível.

- Mais cem? Poxa Sheilinha, eu lhe dei cento e cinquenta no início da semana. – pega a pasta.

Muito sedutora, a bela morena, de olhos negros grandes, lábios carnudos, seios fartos e firmes se levanta. Ela o agarra nas partes baixas e se ajoelha começando um oral alucinante.

- Mereço ou não mereço?

- Uau, até mais de cem. – diz revirando os olhos.

*

Do lado de fora Augusta aguarda sentada numa mesa de um bar que fica bem de frente do motel onde seu esposo se encontra com a morena peituda quase que diariamente. Dez minutos depois o carro de Arthur deixa o estabelecimento. Somente ele dentro do veículo. Ótimo, melhor ainda. Sávio aparece apoiado no balcão. Dois minutos depois Sheila saí do motel. Vestido branco colado ao corpo, cabelos lisos de mechas vermelhas. Augusta espuma de raiva. Ela olha para Sávio que assovia.

- Faça o que tem que ser feito. – seu rosto fica coberto de veias negras quase saltando.

Sheila já está no ponto de ônibus quando Augusta a aborda encostando o cano da 45 na barriga da morena.

- Aí, meu Deus, o que é isso, assalto?

- Cala boca vagabunda, sou a esposa do Arthur, vamos dar uma voltinha.(continua)

Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 02/07/2019
Código do texto: T6686976
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