VERMELHO DE MIM (mini conto)

Sai de mim culpa que me corrói, nada fiz senão me defender, se ele tinha apenas sete anos não poderia me confrontar, respeito é respeito e ele me falou desaforos incapazes de aceitar. Quando atirei em seu peito foi só para assustar, peito pequeno, sangue para todo lado e minha mulher gritando desesperada

Assassino!     Assassino!

Assim que o desespero bateu era tarde, quase fui linchado pelos vizinhos, na delegacia me surraram apenas no ventre, pus para fora até o almoço do dia anterior em dores pavorosas, meus colegas de cela também foram muito 'gentis' ao me reservar o canto da latrina para que eu pudesse dormir, a noite foi longa e dias depois no presídio meu pecado foi quitado. Quem poderia imaginar que o menino tivesse um tio preso no mesmo lugar, coincidências do destino ou Deus me puniu pouco por uma encarnação anterior, foi o meu segundo e último banho de Sol, pois depois de muitas estocadas de faca, só o astro rei iluminava o vermelho farto que saia de mim.  
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 04/07/2019
Reeditado em 04/07/2019
Código do texto: T6688154
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