PORTAS ABERTAS, mas, é preciso pedir passagem... (terror/policial/surreal/suspense)


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Parecia tão fácil...pedia-se passagem com qualquer justificativa de desejo e se entrava naquela festa luxuosa...Luiz Cláudio, Belle, Fábio, Esther e Fernanda caíram nessa, só Antoine e Olavo, os taxados de 'chatos' a tudo assistiram sem poder fazer nada...pois não haviam pedido passagem...

 

Quando os amigos viram estampado no jornal em página central, o anúncio da festa no casarão recém comprado pelo alto executivo de uma empresa de casas noturnas adultas Jadel Anthony, a curiosidade e a imaginação correu solta, já pensando em como conseguiriam convites para participar, logo abaixo do anúncio em letras miúdas a nota de só era preciso falar de um desejo sexual e as portas se abririam, apenas isso, seus ócios quase surtaram de alegria e suas libidos gemeram de prazer, tão fácil, nem sequer desconfiaram de nada, apenas Olavo e Antoine acharam aquilo estranho e 'fácil' demais...

Os amigos eram jovens, todos filhos pais ricos, influentes e que não tinham tempo para os filhos, lhes davam gordas mesadas e fechavam os olhos para todo o resto, às vezes precisavam aparar algumas arestas, uma rusga aqui e ali, mas, não havia verdadeiro amor envolvido, era como um quadro para a sociedade,  fotos de família, sorrisos, pai, mãe, dois filhos e um cachorro, plasticidade, nada mais do que isso.

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No dia da tal festa, trajaram-se de gala, com uma sensualidade estudada, mas, mostrando que estavam dispostos às consequências propostas. Olavo e Antoine acompanharam os amigos, bem vestidos para um black label bem caro no bar próximo, mas, continuavam cismados com a tal festa.

Chegando lá, começaram os pedidos de passagem em tom segredado a recepcionista, ela avaliaria os reais desejos e interesses dos donos do lugar. Só Deus sabe o que cada um deles falou, mas, Fábio não conseguiu entrar, frustrado se juntou aos amigos Olavo e Antoine no bar, reclamando muito, dizendo a eles o seu desejo
- queria transar com duas mulheres ao mesmo tempo

Achou que era um desejo, um fetiche interessante, mas, a recepcionista, lhe disse, pedido fraco e pediu que saisse da fila. Imaginou as coisas muito doidas que os outros deviam ter falado, para que tivessem sua passagem liberada, até arrepiou com tudo que passou por sua cabeça, pensava quais desejos sórdidos Fernanda 'A Leoa de Ipanema' e Belle 'A Loba' teriam escolhido, pois o desejo do amigo Luiz Cláudio era fácil de prever, ele era um sujeito que adorava surubas, sua entrada seria facilmente concedida rsss... agora o que lhe restava, era aproveitar a esbórnia e quem sabe, alguém interessante fosse barrado também e a noite não estivesse totalmente  perdida, mas, nada rolou, acabou curtindo o black label e outros drinks e a conversas dos amigos Antoine e Olavo. Lá pelas cinco da manhã, Fábio perguntou para os amigos se não estavam achando que os outros estavam demorando demais, eles só responderam que a festa deveria estar deliciosa...como o teor álcoolico já estava alto, só gargalharam...

Quase sete da manhã, o bar fechou e foram convidados a deixar o local, trôpegos, chamaram taxis e foram para suas casas, à tarde saberiam como tinha sido a festança.

Três horas da tarde e os três celulares de Fábio, Olavo e Antoine dispararam a tocar, pais aflitos sem saber dos filhos começaram a ligar para eles a cata de notícias, pois Luiz Cláudio, Belle, Esther e Fernanda não dormiram em suas casas, não sabiam de seus paradeiros tampouco conseguiam sinal em seus celulares. O desespero os fez telefonar para os mais constantes amigos, que ligaram para outros e uma rede nervosa se formou. Sem notícias, começaram a ligar para polícia, necrotério, hospitais e nada. Quando as ligações alcançaram Fábio, Olavo e Antoine é que souberam da 'tal festa', a reação dos pais não foi das melhores, mas, a preocupação era muito maior. Quatro pares de pais e três amigos ressacados e uma viatura policial, foram para os portões da mansão libidinosa. Lá chegando acionaram a campainha e não houve nenhuma resposta, os policiais gritaram, usaram megafone e nenhum ruído se ouvia na residência. Invadir não seria possível, mas, o pai de Esther em dois telefonemas conseguiu um mandato para invadirem a casa, em vinte e cinco minutos o documento já estava nas mãos dos policiais. Portão arrombado, seguiram atrás dos policiais através de um gramado muito bem cuidado, longo e exuberante até à entrada da mansão, um silêncio mortal reinava ali, nem parecia que havia acontecido uma festa enorme, Olavo e Antoine sentiram um calafrio, desde quando souberam da festa, acharam tudo muito estranho, foram até chamados de chatos, agora estavam com uma aflição dentro do peito. Fábio foi o último a entrar no ar, estava muito bêbado quando havia chegado em casa.

No enorme salão onde estavam, o primeiro susto...não havia teto, a área era cercada de enormes painéis de led, cada qual com cenas chocantes, opressivas e absurdamente abusivas, sem som ou movimento. Sodomias, estupros múltiplos em cenas sangrentas, protagonizadas por homens bem dotados demais e mulheres grotescas e imensas. Várias pessoas ali retratadas foram identificadas por Olavo, Antoine e Fábio como tendo entrado na festa, inclusive seus quatro amigos. O sofrimento estampado nas imagens fez com que algumas pessoas ali presentes desmaiassem. Um dos policiais encontrou atrás de um dos paineis, uma pilha de roupas rasgadas, algumas com sangue, onde alguns reconheceram como sendo dos amigos e outros desaparecidos, o desespero imperava, muito choro e aflição, onde estariam as pessoas participantes da tal festa?

Mais viaturas chegaram, investigadores, peritos e uma gama de profissionais que revirando toda a propriedade, tentavam encontrar respostas para tantas perguntas. Isolaram a área, pois a comoção de mais famílias e curiosos, começava a atrapalhar os trabalhos. Ambulâncias foram chamadas, muita gente passando mal, mas, quando chegaram rabecões o tumulto foi geral, ninguém sabia quem havia feito o chamado, pois corpos não havia ali tampouco sabiam do paradeiro das pessoas. Jornalistas brotavam do chão, uma confusão geral, famílias muito emocionadas cobrando respostas, mas ninguém conseguia contato com o dono do imóvel. Para completar se descobriu que Jadel Anthony o mentor da festa, nunca existiu, era apenas um perfil fake muito bem administrado. Nem mesmo os seguranças e a recepcionista que estavam na entrada da 'tal festa' foram encontrados. Real apenas, as cenas terríveis expostas nos enormes paíneis de led.

Horas depois, cães farejadores começaram a latir num mesmo ponto do imenso terreno, atrás e pertencente ao casarão sem teto, chegando lá marcas profundas no chão britado chamou a atenção. Era como se algo muito pesado com enormes garras tivesse perfurado o solo em seis pontos circulares, um policial meio sem noção gargalhou dizendo
- Talvez um disco voador tenha pousado aqui, seres grotescos sacrificaram sexualmente os convidados e desintegraram os corpos rssss...ET'S no Brasil rssss...

Essa observação sem sentimento ou consideração com as famílias, lhe valeu um esporro sumário de seu superior no local, a sua retirada sob escolta do casarão e sua posterior detenção no quartel. Mas, uma dúvida e uma reflexão sobre o que ele havia falado, flutuava em algumas cabeças, seria isso mesmo impossível?

A busca minuciosa no terreno inteiro do casarão, estava milimétrica, jornalistas demais e as famílias presentes no local, impediam qualquer interrupção ou relaxamento no intento de dar respostas para tantas perguntas.

Um tremor repentino na área britada com as perfurações, assustou a todos, muitos tentavam se segurar uns nos outros e o medo escancarava olhos e bocas, mas, nada foi mais assustador do que ver brotar sangue em trilhas dos seis buracos no solo britado, houve gritos, desmaios, vômitos e um estupor tremendo. Da mesma forma que começaram, o tremor e as trilhas de sangue pararam. Depois de alguns minutos pais influentes em seus caros celulares acionaram escavadeiras, antes mesmo de qualquer reação dos peritos e policiais, iriam revirar o terreno a qualquer custo ou interferência de patentes, o vil metal em suas nababescas contas não cogitava, não aceitava nãos, não falava alto, GriTAvA!!

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O pior enfim encerrou as buscas, logo nos primeiros ataques ao solo britado das escavadeiras, corpos nus começaram a aparecer, alguns melecados de um visgo esverdeado, mexendo com a imaginação de muitos, que ainda digeriam o comentário do policial sobre ET's, será?

Nunca no Brasil se viu tanta dor e angústia por respostas juntas no mesmo lugar. Cada pilha de corpos visivelmente torturados em suas partes mais sensíveis, chocava a todos sem exceção. Fábio estava aliviado, mas, Antoine e Olavo sentiam-se culpados, quem sabe se tivessem sido mais convincentes, não pudessem estar reunidos agora enchendo a cara de black label, rindo sem preocupação com nada, mas, a visão do corpos sodomizados da doce Esther e da esfuziante Belle, os fez chorar pela primeira vez na vida, não que a irreverente Fernanda e o genial Luiz Cláudio os tivesse chocado menos, mas, Esther e Belle eram preferência 'nacional' no quesito 'queremos a sua companhia', todas as perdas eram doloridas demais.


Z


Como um simples barmen do bar em frente ao casarão, onde a frequência daquele grupo de amigos era constante, posso aqui estar relatando esse caso, apenas como um observador. Depois do encontro dos corpos, muitas perguntas ficaram sem respostas, ficou circulando nas mentes ...ET's...ET's..., também não foram encontrados os corpos dos homens bem dotados demais tampouco das mulheres grotescas, nem houve explicação para as seis perfurações no solo britado, sequer para o jorro de sangue, enfim, manchetes jornalísticas e mídias sociais repercutiram o caso por alguns meses, muitos relatos em revistas sobre o aparecimento de OVNI's na região, nenhuma confirmada, muita falação sem nenhuma conclusão, depois disso, a rotina de esbórnias voltou ao normal, Antoine e Olavo agora eram populares, Fábio jamais estava sóbrio e agradecia à Baco estar vivo, sempre brindavam aos amigos que partiram com os novos amigos e a vida despreocupada seguia o seu régio curso. Numa noite de sexta, no bar lotado de sobrenomes seculares o clima foi quebrado pelo apregoar agudo de um morador de rua, conhecido naquele lugar

2Q==

- EU vi,  eU vI, Eu VI!!! O casarão ficou todo verde naquela madrugada, ninguém acredita em mim!!! E repetiu a cantilena várias vezes até que um segurança do bar o despachou de lá.

Disco voador...
Será?
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 17/07/2019
Reeditado em 19/07/2019
Código do texto: T6698130
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