Duality
Estive preso durante anos pelo que fiz,
Naquele dia estranho e assustador.
A velha casa ainda arde em chamas nas noites frias deste lugar.
Nos meus sonhos, devaneios, furacões.
A verdade não faria diferença para o juiz,
Eu seria executado depois do sol se pôr.
Pensei ter me livrado dele naquele dia,
A partir daí paguei pelos seus crimes em minhas mãos.
Depois do que fez a minha família,
O desgraçado ficou preso na minha mente
E eu aqui nesta prisão.
Diversas vezes tentei tirar minha própria vida,
Mas ele nunca deixava,
Controlava o meu corpo e assim impedia o ato.
E os meus colegas de cela ele matava.
Fomos para a solitária inúmeras vezes,
Por representarmos perigo para os outros detentos.
Então a sorte sorriu para ele e o inferno para mim.
Houve uma rebelião, uma ótima chance para ele fugir
E uma promessa para que eu o matasse,
E assim tudo chegaria ao fim.
Com os seus impulsos de fúria, ele matava a todos.
Detentos e policiais no inferno primaveril da penitenciária,
O caos se espalhando como veias
E os gritos suprimidos pelos ruídos de balas.
Ele conseguiu roubar a viatura do refeitório, fomos para longe.
Muito longe.
Enquanto a mim, eu já estava cansado de fugir e de ter minha vida destruída por ele todas essas vezes.
Sem que ele pudesse evitar, eu tomei o voltante e joguei o carro para a contramão a 110 por hora respeitando o limite da rodovia.
Porrada de frente com um caminhão,
Voamos pelo para-brisa e bolamos no asfalto.
Com várias fraturas espalhadas pelo corpo,
As feridas instantâneas facilitavam a perda de sangue.
Nesse momento, passou pela nossa mente algo que se perdeu há muito tempo atrás,
Ele era o verdadeiro dono corpo que se movia
E a segunda personalidade era eu.