A Santa Que Falava PT1

Um fenômeno incomum aconteceu em uma cidadezinha do interior: Uma santinha de uma igreja católica tradicional começou a responder às perguntas de seus fiéis. No início muitos não acreditaram porém quando viram com seus próprios olhos, não podiam mais duvidar. Eu era um repórter que foi escalado para contar essa história (eu trabalhava pra a Globo naquela época).

Sempre fui evangélico, portanto, cético ao extremo sobre as imagens de santos. Fui com meu coração totalmente fechado e descrente para aquela cidadezinha no interior de Pernambuco. A primeira coisa que vi quando cheguei, era uma enorme fila se formando no lado de fora de uma igreja com uma arquitetura muito bonita (era lá que a tal da Santa que falava estava). Todos estavam em silêncio olhando para um altar onde a santa estava, até que o Padre começou a chamar as pessoas para se aproximarem dela. Uma senhorinha chegou perto da santa e se ajoelhou de olhos fechados. Depois de um tempo se levantou em lágrimas e começou a agradecer com as mãos. Foi bem nessa hora que chegamos com a equipe de reportagem, mas não quisemos atrapalhar o evento por respeito e esperamos um pouco de longe.

Quando o evento acabou, ainda havia uma enorme fila de pessoas que iam falar com a Santa em uma casinha, e o Padre me abordou junto com a equipe e fez algumas perguntas:

- Vocês vieram fazer a reportagem sobre a Santa que fala, correto? Fui eu quem liguei para vocês. Prazer meu nome é Graciliano. - Disse ele estendendo as mãos. Depois nos deu boas vindas e nos acomodou em um quarto perto da paróquia. Eu naturalmente tinha muitas perguntas e pedi muitos detalhes, até aquele ponto da conversa percebi que nem mesmo eles entendiam o que estava acontecendo e estavam até mesmo abertos a submeter a santa em testes para verificar o que fazia ela funcionar.

- Padre quando isso começou?

- Foi ano passado quando uma senhora, que inclusive já está com Deus, perguntou para a Santa sobre seu filho finado. Ela ouviu dentro de sua mente uma voz doce e delicada de uma mulher dizendo "Ele está com os anjos do senhor, e logo você vai vê-lo". Ela saiu correndo anunciando a todos o que ouviu e viu, e quando eu cheguei havia uma multidão em torno dela com muitas pessoas chorando e rezando, e todo mundo estava tentando receber uma resposta porém ela só respondia um de cada vez... - Respondeu o Graciliano e depois ele contou mais detalhes sobre aquela peça. Eventualmente me deu permissão para que eu mesmo perguntasse algo a ela e depois gravasse a reportagem (ia demorar uns 20 dias até que pudéssemos investigar todos os detalhes sobre o evento). Fui com a equipe até a igreja, era de madrugada e não havia ninguém ao redor, o padre nos mostrou uma sala e logo pude ver a santa.

Ela tinha uma construção até que simples e não havia nada de especial quanto a sua aparência. Ligaram as câmeras e eu me ajoelhei e perguntei para a santa:

"Você está me ouvindo?"

"Sim eu estou" (Eu fiquei impressionado quando ouvi aquela doce voz em minha mente, era como escutar alguém falando ao meu lado)

"Quem é você? Como pode falar através de minha mente?"

A santa nada disse, e isso me fez estranhar, porém continuei com as perguntas:

"Você está me ouvindo?"

"Sim"

"De onde você é?"

"Roma"

Eu parei um pouco de falar e estranhei, pois a voz agora mudava seu tom, ao invés de delicada e doce, estava rouca e sombria. O padre me disse que ela revelava coisas ocultas e pessoais então resolvi perguntar sobre minha vida pessoal:

"Eu estou casado ou solteiro?"

"Solteiro..." - A voz ficava ainda mais rouca.

"Eu vou arrumar uma esposa esse ano?"

"Não, você vai morrer sozinho" - Agora a voz parecia ainda mais perto e sombria, aquela última frase me deixou sem reação então eu pedi para parar urgentemente pois fiquei com medo de continuar a conversa.

Depois de mim os outros testaram e a Santa parecia responder normalmente à eles. Eu contei para eles o que eu havia ouvido mas uns não acreditaram e os que acreditaram me acusaram de não estar com o coração realmente aberto, e nisso deixaram escapar para o Padre que eu era evangélico e ele por sua vez sugeriu que terminássemos no dia seguinte. Voltamos para a casa totalmente espantados com aquela situação, na verdade espantado estava eu, os outros se sentiam apaixonados e em paz com aquele evento, falavam de ir ver a santa o mais rápido possível novamente.