Ao inferno juntos desceremos

Meu primeiro romance foi com a Milena T. Do segundo grau e acabou numa tragédia.

Tudo parecia muito bem até que eu comecei a notar coisas estranhas nela. Toda vez que estávamos sozinhos seu rosto começava a ter uma expressão quase que demoníaca e aterrorizante, e ela ficava me perguntando se eu realmente amava ela e eu dizia sim para acalma-la. Comecei a achar que ela tinha algum problema psicológico com ansiedade ou até algum tipo de necessidade de receber atenção.

Quando Milena ficou sabendo que eu conversei com a mãe dela, ficou me perseguindo em todo o canto, aparecia no portão de casa me gritando, me ligava mesmo no meio da aula e perseguia meus familiares pelas redes sociais.

Num certo dia depois que terminamos, ela parecia em fim ter se recuperado e até planejavamos retomar o relacionamento. Então ela docemente me perguntou:

- Ei você me ama? - Eu me assustei com a pergunta dela por que sua expressão novamente começou a ficar demoníaca, até seu rosto parecia estranhamente retorcido nos lados. Então eu respondi tentando me afastar:

- E claro que eu te amo, mas é melhor eu ir agora por causa do aula. - Digo isso me levantando e ela pega no meu pulso e fala com uma voz sinistra, que nem pertencia a ela:

- Então se me ama, pode ir comigo até o inferno?-

Eu hesitei e dizia pra ela não perguntar coisas bobas assim mas na verdade eu estava realmente com medo da situação. Nunca vi nada parecido com aquilo antes.

- Responde logo vai, você vai ou não comigo para o inferno?

- Eu não quero, eu jamais iria com você para lá, por que está fazendo isso me deixa sair por favor...

Ela me olha com uma cara ainda mais tenebrosa e fica parada por um tempo. De repente no chão bem próximo a nós um buraco surge, era eternamente negro e não parecia ter nada lá. A única coisa que eu senti vindo daquilo era um calor insuportável, que nenhum humano poderia sequer suportar.

Ainda segurando meu pulso ela vai em direção ao buraco e pula. Eu peguei equilíbrio e consegui segura la mas ela insistia em gritar:

- Me solte ou então venha comigo, por favor eu te amo, então venha comigo.

- Para Milena, tenta se apoiar no meu braço, a gente não precisa ir pro inferno juntos, é só ficarmos aqui em cima.

Ela riu quando eu falei essas coisas no momento de adrenalina e de repente apertou minha mão e se soltou caindo assim no buraco, e este por sua vez se fechou, deixando apenas um calor insuportável e uma marca no meu pulso que nunca sumiu.

Temo o dia em que verei Milena de novo, se é que ela vai sair realmente de lá algum dia.