LENDAS URBANAS (Pedrinho, vem brincar comigo) [Pt 2]

Carlos acordou. Estava em seu quarto, seu rosto estava úmido e ele sabia que não era suor, um cheiro ferro impregnava o lugar. Cheiro de sangue.

Sua vista estava turva.

Levantou rapidamente e correu para acender a luz, aos poucos a visão hedionda daquela criatura em seu quarto invadiu sua mente, o arrependimento por tê-la chamado para brincar, por não ter acreditado em Elisa caiu em suas costas. Como pudera ser tão estúpido?

Precisava ligar para Elisa e Miguel, dizer que estavam correndo perigo, antes de descer para a sala parou de frente para o espelho. Estava com um corte na testa. Limpou o sangue seco do rosto, aquele maldito cheiro de decomposição ainda estava impregnado nele. Levou a mão a maçaneta, mas parou abruptamente, um calafrio percorreu a sua espinha: e se a coisa ainda estivesse ali na sua casa? Tomou a pouca coragem que ainda tinha dentro de si e saiu em direção a escada.

A casa estava às escuras, por onde passava ia acendendo as luzes. Ao pé da escada encontrou a mesinha onde ficava o telefone, retirou-o do gancho, mas algo na sala o fez soltar o aparelho que caiu com um estrépito: a TV estava ligada, uma mancha escura saia de baixo da poltrona e escorria para baixo da estante. As imagens da TV eram refletidas naquele líquido grosso. Carlos correu até a entrada da sala e viu o pai na poltrona, dava a impressão de ter sido virado ao avesso, sentiu raiva, tentou gritar, mas o choro o impediu.

Algo rangeu no andar superior. Passos pesados faziam todo o teto tremer. Carlos correu para a entrada e abriu a porta. Antes de correr olhou para a escada. Lentamente a coisa desceu degrau por degrau. No lugar do pescoço estava a espinha puxada até o fim projetando a cabeça a mais de dois metros de altura. Andava desengonçado pela falta da espinha no tronco. Seria até engraçado em um desenho animado, conseguiu pensar Carlos, mas aquilo era real.

Correu antes que a cabeça de Pedrinho surgisse na sua frente, sentiu que se a visse mais uma vez ficaria louco.

Continua...

Raphael Rodrigo Oficial
Enviado por Raphael Rodrigo Oficial em 13/10/2007
Reeditado em 09/12/2018
Código do texto: T692920
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