:: Série Humor Negro :: Episódio de hoje :: " A fruta que apodrece"

Pegou na feira, passou na camisa. Mordeu. O gosto ácido logo tomou sua boca. A língua denunciou: estava madura demais. A fruta não estava podre, decerto; mas estava meio roxinha, bem escura. o gosto doce era doce demais; o ácido, contrastando, era demasiado forte. O gosto estava estragado, mas o cheiro, o toque da fruta ainda não.

Discretamente, abaixou a mão e deixou a fruta cair levemente por ela. levantou rápido novamente a mão e coçou o nariz.

Estava feito. Jogara a fruta fora. Não jogou, de fato. Mas deixou que escorregasse. E só.

A fruta, sozinha no mundo, era chutada, pisoteada, esmagada, suja, com suas entranhas decompondo-se, espalhadas.

Logo, foi derretendo ao sol. Sua água podre saía, e as moças que varrem ruas passavam longe dela.

A fruta não era mais fruta, desde que suas águas se foram, seu suco se foi; apenas a poeira grudava nela e se parecia com parte do chão.

Nem escorregavam mais nela.

E foi aí que aconteceu um acontecimento inédito: a fruta virou chão, misturando-se eternamente, nas substâncias do mundo.

:: Comentário da autora ::

"Nada demais. Apenas o mundo voltando a si.

Agradeço os comentários, mas este é apenas um teste. Não precisam se irritar se não causar medo. Apenas testando uma nova linha...

Obrigada pela compreensão."

Bárbara Guerra

Bárbara Guerra
Enviado por Bárbara Guerra em 18/10/2007
Reeditado em 08/05/2008
Código do texto: T700265
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