ABUTRA .3
Samuel não tinha boas notas no curso e as provas se aproximavam.
- Abutra, ajude-me a ir bem nas provas, preciso conseguir um bom lugar de estágio prático.
Assim no final do semestre, ele foi aprovado com a segunda nota mais alta da classe. Dias depois, foi admitido como estagiário na MEDION A.G em Essen, com chance de emprego fixo no futuro. A fábrica de computadores oferecia alojamentos e refeições para os estudantes.
Sam estava contente com a mudança de cidade. Como não poderia levar Abutra junto, decidiu deixá-la livre. Ele abriu a janela e ficou observando a ave sair voando para longe. Ele havia conseguido o que queria, não precisava mais dela. Ela iria conseguir sobreviver sózinha.
Quatro meses depois, Sam recebeu o telefonema de sua mãe, avisando que seu pai fora diagnosticado com metastase no estômago, sofrido hemorragias internas e havia falecido durante a noite.
A firma concedeu uma semana de dispensa para o luto.
Sam tomou um trem e foi comparecer nos funerais de seu pai.
Sua mãe e sua irmã Janet estavam abaladas com a morte inesperada do chefe da família.
- Mãe da próxima vez que voce se casar, arrume um marido rico.
- Eu e Janet iremos ficar alguns dias no sítio da minha prima Cleide. São apenas duas horas de viagem, chegaremos antes de anoitecer.
- Aproveitem para descansar, contato com a natureza faz bem.
Samuel foi para seu quarto dormir. Era ótimo as duas terem saído, assim não precisaria aguentar as lamúrias delas.
O relógio marcava quatro horas da madrugada, quando ele foi acordado com o toque insistente da campainha. Ainda sonolento foi abrir.
Dois policiais traziam uma má notícia:
- O carro de sua mãe colidiu com um ônibus na auto estrada. Sua irmã e sua genitora estão mortas. Voce deve comparecer no necrotério para reconhecimento dos corpos.
Samuel foi com eles, fez a identificação dos cadáveres e encarregou a funerária para efetuar a cremação.
Agora ele estava sózinho, havia perdido toda sua família em apenas dois dias.
A casa parecia morta, vazia. Melhor seria colocar para vender, no dia seguinte. Ele retirava das gavetas alguns objetos, então viu o livro de São Cipriano, a página ainda marcada com a receita da magia negra. Havia esquecido totalmente dele. Por onde andaria Abutra? Será que ela havia conseguido sobreviver sózinha?
De repente um clarão passou por sua mente: Aquela ave maldita era a responsável pela morte de sua família. Com certeza ele seria o próximo.
Ele havia abandonado Abutra a sua própria sorte. A profecia avisava no final, tudo que acontecer de mal com a ave, passará a acontecer o mesmo com sua família.
Ele precisava encontrar Abutra e trazer ela de volta, se quisesse continuar vivo. Talvez fôsse melhor matar, destruir para sempre aquele pássaro das trevas. Ele iria encontrá-la e atear fogo na maldita Abutra.
* segue no próximo capítulo
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