O que tem dentro das paredes?

Fazia uma semana que Emma havia se separado do seu marido agressor, ela não aguentava mais a vida merda que tinha, sua sogra difícil de engolir viciada em remédios controlados, seu casamento cada vez mais próximo do fundo do poço e sua vida mentirosa onde nos encontros familiares , tinha que fingir que estava tudo bem, quando na verdade seu relacionamento era mais raso e superficial do que qualquer outra coisa.

Emma deu um basta em tudo aquilo, pegou sua filhinha Suzan que tinha seis anos e foi embora. Uma semana antes, por meio de um aplicativo, descobriu e alugou uma pequena casa quase na zona rural de sua cidade, uma casa amarela, localizada em uma colina, rodeada de árvores até onde a vista alcançava. O imóvel era lindo, rústico e antigo ao mesmo tempo, ela se encantou assim que viu o anúncio , entrou em contato com o anunciante e assim, alugou.

No carro, a caminho do seu novo lar, ela via a paisagem de casas, prédios, lojas; se transformar em árvores, pontes de madeira, charretes, casinhas afastadas umas das outras e tudo aquilo esquentava o seu coração, seria uma vida nova, sem agressões, sem mentira; só ela e Suzan, e era apenas isso que bastava.

O carro parou em frente ao seu novo lar, Suzan desceu correndo afim de explorar um velho balanço de madeira amarrado à uma árvore. Ao entrar na residência, um ar frio passou bem de leve pelo seu braço, fazendo arrepiar os pelos da nuca de Emma; Suzan que estava atrás dela já foi logo dizendo:

-Aqui tem cheiro de coisa velha

-Também achei, filha, mas é uma casa linda, não é? Você vai ter o seu próprio quarto.

-Que bom, mamãe, aqui é bonito sim.

Depois de conversar com a mãe, Suzan saiu em disparada subindo a escada que levava até o primeiro andar, onde ficavam os quartos.

Quando terminaram de organizar suas coisas na nova casa, já passava das 22:00, Emma esquentou um pouco de água e preparou dois macarrões instantâneos para o jantar, comeram, tomaram banho, fecharam portas e janelas, apagaram todas as luzes do cômodo inferior e subiram para os quartos.

Suzan foi colocada em sua cama,a mãe a cobriu, deu um beijo de boa noite, diminuiu a luz do abajur da sua filha e encostou a porta do quarto da menina. Foi para o seu quarto, deitou na sua cama e simplesmente apagou num sono sem sonhos.

Era 00:00 quando Emma despertou com risadas vindo do quarto à sua frente, era a voz de Suzan, rindo como se tivesse assistindo à um dos seus programas infantis, Emma levanta depressa e corre para ver o que estava acontecendo e encontra sua filha sentada na cama brincando de boneca como se estivesse acompanhada.

-Filha, o que você está fazendo?

-Estou brincando com Marnie, de boneca, mamãe.

Emma dá uma risada, finalmente sua filhinha tinha uma amiga imaginária, assim como ela teve um dia, mas já era tarde e decididamente não era hora para brincadeiras.

-Tudo bem, Su, diga boa noite a sua amiga e peça para ela vir pela manhã, agora já para cama, se deita direitinho para voltar a dormir.

E assim acabou a noite, porém, os acontecimentos só estavam começando.

APPEARED
Enviado por APPEARED em 18/11/2020
Reeditado em 18/03/2022
Código do texto: T7114851
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