HOSPÍCIO DE BARBACENA - O HOLOCAUSTO BRASILEIRO!!!
 
" Baseado numa estória real, que desde sempre ficou escondida nos porões das atrocidades cometidas no Brasil, este conto se reflete a mostrar para nossos leitores, uma realidade nua e crua que perdurou durante décadas e que escancarou a sombra do terror num país que se diz abençoado por Deus, mas de vez em quando se esquece disso"

BARBACENA DÉCADA DE 50....
 
Eu sobrevivi!!! Sim, meus amigos! Eu sobrevivi!!! Não sei como, mas eu sobrevivi!!! Acredito que forças sobrenaturais me trouxeram até aqui para narrar para vcs o que aconteceu num local onde diziam tratar da loucura, mas que na realidade cultuava-se a loucura e a insanidade desde sempre. Quem lá esteve, mesmo que são, enlouquecia dentro em breve quer por este ou aquele motivo e desejava a morte à todo o instante, pois o que acontecia por lá, morria por lá.....Eu me chamo José Lupercinio e e naquela época era um caixeiro viajante que viva de casa em casa vendendo todo tipo de bugiganga. Conseguia me sustentar e tal, mas os réis eram contados e nesse afinal de contas foi o que me levou ao fim de minha vida.

Estava em São Paulo e comecei a vender uma espécie de elixir para a cura de todos os males, sim, era uma panaceia da vida e eu a vendia e prometia mundo e fundos aos afortunados que nela confiasse. Cada vidro com o tônico salvador custava alguns réis. para a época era bem caro, mas valia a pena se sua alma não era pequena. A promessa se concretizava e meus clientes diziam estar "curados" de todas suas mazelas, mas eis que um rival começou a implicar com meu elixir e me detratou para toda a cidade, claro que redargui e disse que ele era o impostor e que qualquer cidadão poderia experimentar minha panaceia contra as dores do mundo e eu provaria sua eficácia. Dito e feito!! A panaceia foi um sucesso e meu rival ficou furioso e eis que algo aterrador aconteceu. De repente, um de meus clientes começou a adoecer repentinamente e acabou falecendo, até tudo bem , era um idoso e tinha tuberculose, mas a dúvida começou a pairar sobre meu produto e a desconfiança aumentou quando outro cliente tbm adoeceu a acabou morrendo. Desesperado com meu proeminente e inexplicável fracasso, eu não consegui entender que acontecia.... O que será que deu errado na formula que eu mesmo produzia? Mas o pior estava por vir e a gota d'água se deu quando mais 3 clientes morrerão causando uma revolta generalizada e começaram a me culpar pelo acontecido e acionaram as autoridades, eu tentei me defender. mas as provas eram muitas contra mim e mais casos aconteceram e outros pacientes morrerão. Pronto! Era o meu fim! Fui preso e julgado como louco e vcs sabem qual foi minha pena? O juiz ordenou minha completa internação no Hospital Colônia de Barbacena em Minas Gerais, por considera que eu era um psicopata perigoso e que nunca mais deveria viver em sociedade...

 
ESTAÇÃO DE TREM EM SÃO PAULO....

Algemado, fui levado para o trem que deveria me levar a Barbacena, nunca tinha ouvido falar em tal lugar e agora me diziam ser um hospício, minha alma atormentada ainda não tinha entendido a gravidade da situação. Antes de embarcar, o meu rival estava a minha procura e com o escarnio nos olhos ele disse baixinho ao meu ouvido: - Eu disse que iria acabar com vc, seu ajudante que vc tanto confiava sabotou seu elixir ao meu comando causando a morte de todos aqueles infelizes e agora tu vais morrer em Barbacena. Adeus seu idiota e nunca mais duvide de mim!!!! disse o homem se afastando e rindo ao mesmo tempo. Irado, comecei a acusa-lo daquilo que ele tinha me dito e aos gritos fui posto dentro do "Vagão dos Loucos" aos socos e pontapés dos seguranças que achavam que eu tinha surtado de vez....
Ao se colocado dentro deste horrendo vagão, minha sensação foi a de total ruina. O odor de urina e fezes era muito forte, onde cabiam cerca de 50 pessoas, eles tinham posto o dobro e o sufocamento era intenso, gritos e gemidos era ouvidos a todo instante, Sim amigos, tinha entrado no inferno!! A viagem era lenta e muitos "pacientes" choravam e se lamuriavam e outros vomitavam uns sobre os outros numa cena surreal, alguns arriavam as calças e defecavam ali mesmo e o cheiro de podridão era insuportável e o flagelo humano era demoníaco. Vi alguns destes pobres passageiros sufocados, morrerem por falta de ar antes de chegarem ao tal hospício. sorte deles terem morrido logo e seus corpos ficavam caídos sobre nós durante a viagem, ninguém parava aquele trem, ninguém nos dava agua ou algum alimento só recebíamos o desprezo que os loucos recebem nada além disso...
A viagem deve ter durado mais ou menos um dia, o "vagão dos loucos" por onde passava era insultados nas estações que passava e muito gritavam: "Morram seus loucos malditos!" Nossa sensação de abandono era insuportável e a morte seria uma balsamo almejável, o fim da viagem estava chegando e a hora do terror iria realmente começar.

 
HOSPITAL COLONIAL DE BARBACENA...


Ao chegarmos no local, fomos recepcionados pelo Diretor do local que num comício animador, nos disse que seríamos bem tratados e que com o medicamento adequado nós poderíamos sair dentro em breve. Tudo mentira! Aquilo era uma abatedouro de seres humanos e o cheiro da morte espreitava o ar pestilento. Ao entrarmos no imenso galpão, fomos despidos para o banho turco, esse banho consistia em fortes jatos de agua bem gelada que as vezes nos derrubavam uns por cima dos outros, os mortos que estavam dentro do vagão, sumiram num estalar de olhos. Após a ducha turca, fomos postos em celas imundas e nossos pertences foram todos roubados. Agora nada tínhamos, nem roupas, nem nada e nos deram apenas trapos para nos cobrir. Os seguranças sempre rudes como eram os nazistas, nos lembravam e muito os Campos de Concentração de Hitler na Alemanha. Vi um pobre coitado reclamar alto do referendo tratamento e seu castigo foi ser espancado brutalmente pelos seguranças que o arrastaram para os fundos do hospício e nunca mais lembro de ter visto o infeliz...Dentro das imundas celas se amontoavam homens e mulheres em andrajos de podridão, pois nem banheiro tinha e eles nos misturavam com qualquer criatura, até mesmo os leprosos andavam entre nós. A pestilência era o ar mortal daquele lugar. Ouvia-se gritos lancinantes por toda à parte e lámurios e gemidos tbm eram ouvidos/sentidos por todos nós, a noite era bem pior. O calor causticante era tão sufocante que alguns acabavam morrendo de calor e como não tinha espaço para todos dormirem, erámos colocados nus uns por cima dos outros em verdadeiras pilhas humanas de desgraçados. Muitos morriam sufocados pelo peso dos outros defuntos que se espremiam entre si numa busca desenfreada pelo sono libertador pelo menos por algumas horas antes de recobrar a tal consciência e voltar ao nosso inferno particular. Muitos do mortos eram enterrados em um cemitério localizado atrás do hospício, eles eram colocados em pé e sem lápides em covas meramente rasas e o cheiro de carne podre era nauseabundo e a morte impregnava em nossas almas, mas tinha muitos mortos que desapareciam misteriosamente (depois descobri que eles eram traficados para as faculdades e ou hospitais em todo país), num verdadeiro comércio da morte. As vezes, os infelizes mesmo em boas condições eram levados aos eletrochoques e lá morriam devido as altas descargas de sofrimento e seus corpos simplesmente desapareciam como mágica. O lucro era imenso! Um morto tinha peso de ouro.

Outro comércio frequente por lá era o de bebês, como eu já havia dito, homens e mulheres ficavam sobre o mesmo local e muitas vezes praticamente nus e é claro que estupros aconteciam diariamente e os seguranças pareciam não se importar, muitas dessas mulheres violadas acabavam engravidando e após terem seus bebês, eles eram literalmente arrancados de suas mães após o desmame, o que as deixavam completamente ensandecidas. Muitas acabavam se suicidando. O bebês eram vendidos para famílias que queriam se livrar das burocracias governamentais em questões de adoção e acredito que muitas destas pobres crianças tbm foram vendidas para diversos fins como sacrifícios e experimentos científicos, pois esses bastardos não tinham a mera importância. Muitas dessas mulheres se lambuzavam com as próprias fezes para não serem violadas pelos maníacos, as vezes dava certo, as vezes não.. Os estupros tbm aconteciam entre os homens, muitos eram violados por trás para satisfazer as taras de muitos doentes mentais sexuais e muitos com vergonha acabavam se matando após a violência sexual.
Não haviam critérios para interna as pessoas no Hospital Colonial de Barbacena, além dos loucos verdadeiros (eram a minoria). muitos eram colocados lá sem a menor culpa. Muitos negros, índios, indigentes, autistas, pessoas com deformações ou que eram acusadas as vezes injustamente por algum ricaço ou poderoso, as autoridades davam um "jeito" nesses indesejáveis. Resumindo, nós éramos os párias que a sociedade não queria mais... Não havia agua corrente para beber, e muitos bebiam e se banhavam com agua de esgoto aberto e comiam o que tinha e o que não tinha. Muitas vezes comiamos ratos e baratas que mesmos cruas, eram apetitosas. Muitos comiam as próprias fezes para ruminar suas propria comida e eu ouvi relatos de uns matarem os outros para se alimentar de seus corpos numa orgia de canibalismo, o que era insuportável para qualquer um de mente sadia. Todos os dias morriam gente, haviam cerca de 5 mil desgraçados aonde deveria caber apenas 200. Imagem o inferno meus caros leitores? Como eu disse, os Campos de Concentração Nazistas eram paraísos perto deste lugar. Eu tentava me abster deste local, ficava o dia andando de um lado para o outro sem nenhuma esperança e a loucura se abatia sobre mim e as vezes eu via demônios me chamando e sentia homens me currando a noite (talvez tenha acontecido de verdade), só que eu estava tão morto que nada lembrava ao certo, eu só queria morrer e nem isso conhecia. Ninguém era amigo de ninguém, as vezes as pessoas que vc falava hoje, amanhã estavam mortas na sua frente ou simplesmente desapareciam sendo levadas pelos seguranças brutais que de vez em quando nos espancavam apenas para descarregarem seus infortúnios, apanhei muitas veze naquele lugar e começava a chorar de desespero e apanhava ainda mais e tinha dias que levávamos eletrochoque só porque eles queriam nos dar eletrochoques. O remédio que se chamava "HALDOL" era ministrado para todos os "loucos" e é claro que virávamos zumbis ambulantes. Por isso não lembro de tudo o que aconteceu comigo. Dizem que em 6 décadas de funcionamento daquele inferno, cerca de 60 mil pessoas morreram por lá num verdadeiro holocausto brasileiro, mas eu temo que tenha sido muito mais do que isso...
Já haviam passado mais 20 anos e eu ainda estava lá, acredito que a força em alguma coisa me fazia sobreviver. Lembro que houve uma intervenção federal naquele inferno e nós fomos retirados de lá nos idos dos anos 80. Fomos internados em outras clinicas. e eu lembro que erámos muito poucos, cerca de uns 200. Daqueles que foram trazidos comigo, apenas eu tinha sobrevivido e era um dos mais velhos sobreviventes daquele local infernal. A media de vida naquele inferno era apenas de 5 anos ou menos e eu consegui suportar quase 30, não sei como ou o porquê só sei que consegui...

Agora, aquele inferno esta desativado. Mas as dores nunca vão fenecer e os mortos daquele holocausto nunca serão esquecidos por nós que testemunhamos de alma livre os horrores de uma tragédia que o Brasil tentou esconder durante décadas, mas que a vergonha vem e bate as portas, não adianta fugir, a mazelas nunca serão esquecidas por nós! Termino aqui meu relato e espero que vcs tenham visto o que este mundo esconde. Há muitas verdades que "eles" não querem te mostrar e cabe a vc, procura-la para sair desta "Caverna de Platão". para enfim se liberta desta Matriz bestificada...GRATO!!!!

 
ASS: JOSÉ LUPERCÍNIO (SOBREVIVENTE DO HOSPITAL DE BARBACENA)
Eddy Vomit
Enviado por Eddy Vomit em 04/02/2021
Reeditado em 04/02/2021
Código do texto: T7176590
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