Laurent Garnier: não deixe tudo no esquecimento

O sol estava nascendo e mais um longo dia estaria para começar. No jardim ouvi meu pai Manoel me chamar para tomar um café de manhã antes de ir para a escola.

- Izabel, o café já está pronto arrume suas coisas e coma para não chegar atrasada, pois esse e seu primeiro dia em um colégio particular e não quero que cause más impressões.

- Estou tão ansiosa pai, não vejo a hora de começar a estudar com professores diferentes e colegas novos.

- Sua mãe Lucia lhe mandou um beijo, disse que o trabalho está muito corrido e pela noite vinha para casa saber de seu dia.

- Certo, pois bem vou me arrumar e logo em seguida sairei, até mais tarde pai.

- Se cuide filha e lembre-se ande rápido pelas avenidas para não ser assaltada, esses lugares são muito perigosos a essas horas da manhã.

O colégio não era muito longe de casa, eu podia ir andando tranquilamente que não chegaria atrasada. Passei pelo portão e fui em busca de minha sala, olhava atentamente a lista de chamada que se localizava nas portas das salas e finalmente encontrei meu nome:

Izabel rosário dos santos N º 40

Minha sala tinha no mínimos uns 80 alunos, sem brincadeira nenhuma! Nunca tinha visto tanto aluno em uma sala só e por cima a maioria era garoto. De meninas se encontravam eu e mais 20, o resto era formado pelo sexo masculino, mas não me importei alias poderia fazer grandes amizades com aqueles garotos para a realização de tarefas as quais os professores iriam passar, mas assim que me sentei na cadeira ao aguardo do professor um rapaz não parava de me olhar com um certo olhar tenebroso. Não piscava os olhos uma vez sequer! Por início me senti envergonhada, me concentrei no quadro e esperei atentamente. Logo o professor chegou.

- Bom dia meus alunos, vejo que esta sala está cada vez maior. Isso é muito bom pois é sinal que mais adolescentes optam por estudar em Laurent Garnier. Quero que se sintam em casa e que relaxem para sim começarmos a colocar a mão na massa, se precisarem de alguma coisa me peçam que eu irei autorizar. O horário do lanche é proximo as duas primeiras aulas, resumindo: A escola particular de Laurent Garnier nos oferece tudo o que precisamos.

Parecia fazer algum tipo de propaganda do colégio, achei um pouco estranho, mas não dei a mínima. Meu papel ali dentro era apenas estudar e não ficar percebendo jeitos estranhos dos professores, acho que cada um tem o seu e principalmente sua maneira de ensinar. Depois de dizer sobre as normas e o que podemos fazer e não fazer começou a escrever no quadro, mas ele escrevia muito rápido, não conseguia acompanhar e por mais que tentasse ele o apagava num piscar de olhos. Então reclamei:

- Professor, será que tem como o senhor escrever um pouco mais lentamente, não estou conseguindo acompanhar...

- Não posso fazer nada, esse e o meu jeito mais lento de escrever, peça o caderno de algum colega depois e se concentre das próximas vezes para escrever mais rápido!

Ele gritou! Todos os colegas voltaram os seus olhares para mim e logo depois a risada tomou conta de suas caras, afinal qual é a graça nisso tudo? Apenas pedi para que escrevesse mais devagar. Mesmo nessas circunstancias não discuti, fechei minha boca e voltei meus olhares para o quadro tentando agarrar mais alguma palavrinha. Depois disso o sinal tocou e pensei:

" Espero que os outros professores não sigam esse padrão. Que nada! Como eu disse cada um tem o seu jeitinho de ensinar "

Enganada! A segunda aula foi pior que a primeira e o professor desta escrevia mais rápido ainda. O que eu não entendo e que todos os outros colegas conseguiam acompanhar sem problemas alguns, exceto eu. não consegui acompanhar novamente e então abaixei a cabeça esperando o sinal para o intervalo. Quando tocou, estava guardando minhas malas quando o mesmo garoto tenebroso que me olhava me parou:

- Deixa eu adivinhar, não está conseguindo acompanhar as lições também?

Ele era charmoso, digo que me interessei de fato pelo seus olhos, castanhos claros e dentes lindos.

- Como você sabe disso?

- Me desculpe! Deixe-me apresentar, me chamo Paulo e já estou aqui desde o ano passado e respondendo sua pergunta eu vi seu olhar de decepção quando centralizava o quadro. Se quiser posso lhe emprestar meu caderno ai podes pegar tudo o que perdeu.

- Me chamo Izabel e gostaria muito, mas posso levar para casa, pois as últimas aulas provavelmente não irão sair do padrão e eu não conseguirei acompanhar novamente.

- Claro que sim, Izabel que nome lindo, mas não só o nome como você

Fiquei toda vermelha, droga! Não podia me interessar por garotos, eu tinha que estudar, papai e mamãe não estavam pagando de graça para eu paquerar garotos.

- Muito Obrigada, mas como consegue acompanhar aos demais?

- Já peguei o jeito, mas não esquenta no começo é assim mesmo. A já ia me esquecendo, preciso falar com você sobre um assunto bem sério no final da aula.

Acenei com a cabeça e sai para comprar alguma coisa, a fome naquela hora já havia batido em meu estomago. Depois que comi voltei a sala de aula para ouvir as quatro últimas. Todas naquele mesmo padrão, em primeiro a propaganda e depois textos e mais textos sem fim com uma velocidade imensa. Quando tudo acabou Paulo imediatamente me puxou da sala e me levou até um canto do pátio:

- Me desculpe, mas você precisa sair desse lugar o quanto antes!

- Sabia que tinha alguma coisa de estranha por trás de tudo isso.

- Olha, essas pessoas que estudam aqui sempre ficaram aqui e apesar de suas médias serem as melhores não passam de ano e no final a direção escolar chama os pais dos alunos e fazem um tipo de lavagem cerebral para esquecerem tudo o que viram, então os alunos nunca passam de série e seus pais irão continuar pagando uma quantia enorme a vida inteira. Precisa sair daqui!

- Mas como sabe disso, se você está aqui a 1 ano. Não fizeram com você?

- Por sorte eu faltei no dia e eles não desconfiaram, pude ver tudo o que acontecia pela janela e estava prestes a denunciá-los, mas precisava de mais alguém que estivesse frequentando essa instituição pela primeira vez para me ajudar.

- Minha nossa, mas então vamos denunciá-los e acabar com isso de uma vez!

- Precisamos de um plano, tem câmeras por todos os lados e não vai dar para planejar nada. Tem a minha casa, e perto daqui. Tem como você passar la pela noite para conversarmos?

- Acho que sim. Vou ver certinho, mas provavelmente eu consiga.

- Está bem Izabel, lhe aguardo com carinho. Até mais tarde

Paulo me entregou o caderno, e me disse onde sua casa ficava. Agora era só inventar uma desculpa para meus pais me deixarem sair. Quando cheguei em casa pude ver com clareza o sorriso estampado na cara de minha mãe:

- Boa tarde filha, me conte sobre o seu dia!

- Boa tarde mãe, não estaria aqui só pela noite?

- Sim, mas adiantei o trabalho o mais rápido que pude para vir mais cedo e curtir você pelo resto da tarde.

- Entendi, bom então vamos rápido com isso porque pela noite terei que ir na casa de uma amiga para realizar um trabalho do colégio.

- Nossa, mas no primeiro dia de aula você já tem trabalhos? E ainda por cima já arrumou uma amiga? Que ótimo, pois bem esse colégio está valendo realmente a pena!

Não gostava de mentir, muito menos para minha mãe, mas era preciso. Tenho que descobrir o que está havendo com aquele colégio e acabar com aquilo de uma vez por todas! Depois jogamos conversas foras enquanto meu pai dormia tranquilamente. Estava de férias de seu emprego e já esperava muito tempo por aquelas folgas. A conversa estava tão boa que quando me dei conta a noite havia chegado. Peguei meu caderno e alguns livros e joguei na mochila.

- Mãe, já estou de saída. Prometo que não volto tarde.

- Está certo filha, tenha muito cuidado com os ladrões a essa hora. Se cuide.

Sai em meu destino que seria a casa de Paulo, quando cheguei só o chamei uma vez e logo ouvi sua voz:

- Entre, estava lhe esperando.

Abri o portão e fui entrando. Quando entrei vi Paulo sem camisa. Ele já era bonito e sem camisa me encantou, seu olhar profundo me deixou em algum tipo de transe.

- Ei, Izabel está me ouvindo? Izabel?

- Me desculpe! Sempre durmo a tarde e por azar hoje não dormi, mas vamos direto ao assunto. Como iremos acabar com tudo?

- Olha, precisamos de disfarces e temos que entrar pela noite, onde as coisas mais estranhas ocorrem.

- E com qual disfarce?

Paulo era muito tímido, mas muito esperto também, havia pego 2 trajes que os funcionários tinham guardado no ano passado.

- Peguei dois porque estava esperando a hora certa de usá-los. E essa é a hora. Amanhã agiremos, pois agora vá para casa.

Quando ele terminou de dizer fixei meus olhares em seu corpo e quando estava prestes a sair me puxou. Me pegou em seus braços fortes e me beijou loucamente. Passamos as próximas 2 horas em sua casa fazendo amor. Depois que nossos prazeres abaixaram ouvimos a porta dos fundos se abrir lentamente

- Quem é?

- Droga! Me esqueci que meus pais dormem cedo e provavelmente acordaram para comer alguma coisa, tem que ir agora! Até amanhã.

Vesti minhas roupas e rapidamente sai de sua casa. Pude ouvir seus pais lhe chamarem a atenção pela bagunça que causamos. O relógio já passava das onze, mas não estava nem aí. Foi tudo perfeito e se pudesse voltar no tempo iria fazer tudo novamente. Em casa minha mãe já estava a dormir e na mesa tinha um seguinte recado:

" Filha, quando chegar de sua amiga coma e logo vá dormir "

No dia da ação fui para o colégio normalmente e pus-me à sentar do lado de Paulo. Ele copiou os textos em seu caderno e logo depois repassou para o meu. Pela tarde contei para meus pais que teria que terminar o trabalho pois não estava completo. Por sorte acreditaram. Fui até a casa de Paulo e começos por o plano em ação.

- Certo tenho uma minicâmera, precisamos filmar tudo de anormal que acontecer e logo depois entregaremos para a polícia local. Tenho gravador também. Temos que ter todas as provas possíveis para encorajar esse colégio. Pois bem, mãos a obra.

Entramos no colégio que a essa hora estava aberto apenas para funcionários. Filmamos e gravamos tudo de anormal que podia estar acontecendo, parecia um plano perfeito, com disfarces quem nos pegaria? Foi ai que as coisas pioraram. Uma pessoa me reconheceu.

- Ei senhorita, esse rosto delicado não me é estranho. Claro que não, você é Izabel a mais nova integrante do nosso grupo. Também veio presenciar como fazemos lavagens nas pessoas? Peguem os dois já!

Corremos pela instituição toda, mas as portas estavam fechadas. Os integrantes que estavam nos perseguindo seguravam armas de choque, não podíamos parar. Paulo encontrou um muro e pulou.

- Venha Izabel, me dê sua mão!

Lhe dei a mão e por pouco não viramos torradas! Depois nos dirigimos até a delegacia e mostramos todas as provas possíveis e mais alguns boatos sobre aquela instituição. Na mesma noite a polícia entrou com tudo e viu com seus próprios olhos o que a diretoria estava fazendo. No final tudo se resolveu, o colégio foi demolido para obras do governo e meus pais se contentaram em me manter num colégio público. Em quanto à Paulo? Sempre nos vemos e namoramos. Todos os dias vivo uma paixão sem fim!