Capítulo 01    
Nathaniel B. Palmer
 
     - Andrei acorde! Disse Ivan.
     - Capitão. Respondeu Andrei meio tonto.
     - Arrume-se, e esteja na sala de reuniões em 10 minutos. Temos uma missão para você.
     - Capitão, mas?...
     - Sei que ainda não terminou seu treinamento, mas temos poucas opções, arrume-se e esteja lá em 10 minutos. Disse Ivan, interrompendo Andrei.
     - Ok capitão! Respondeu Andrei se levantando.
     Andrei havia passado no concurso da Marinha, estava em treinamento para se tornar um fuzileiro naval, das 17 semanas de curso havia completado somente 12. Se arrumou o mais rápido possível e foi para sala, ao chegar notou que havia cerca de 4 fuzileiros, todos formandos e com grande experiência na área, não entendia o porquê de Ivan ter o escolhido, se sentou, notou que os fuzileiros o olhavam atentos, preferiu não dizer nada, cruzou os braços, e esperou até que Ivan entrasse na sala.
    Ivan entrou acompanhando de uma mulher alta, cabelos loiros e olhos castanho-claros, usava um terno feminino preto. A mulher olhou por um breve instante para Andrei, e depois desviou o olhar para os outros fuzileiros.
     - Essa é a cientista Lara. Disse Ivan apresentando a mulher. - Ela irá nos acompanhar nessa missão. A quatro semanas uma equipe de pesquisa com cinco fuzileiros e dois cientistas partiram para uma expedição no navio de pesquisa Nathaniel B. Palmer, os tripulantes estavam passando pelo sul da Baía de Pine Island Bay uma região do continente de difícil navegação. Então perdemos o contato com eles, a quatro dias enviamos um drone para vasculhar a área, tudo ia bem até que perdemos o sinal dele. Precisamos ir até lá para resgatarmos a equipe de pesquisa. Partiremos hoje mesmo. Terminou Ivan.
    - Iremos partir hoje as 13:00 horas, Sônia Acropole a cientista que comandava as pesquisas, fez seu último contato há seis dias. Disse Lara tirando um tablet da bolsa, o ligou e colocou um vídeo para reproduzir.
     " Meu nome é Sônia Acropole, sou a cientista responsável por investigar o surgimento de uma nova ilha na Baía de Pine Island Bay, estamos nos aproximando dela, mas uma forte neblina cobre todo o local dificultando a visualização da mesma. O contador Geiger mostra altos níveis de radiação, nossa equipe não está preparada para irmos até o interior da ilha, não temos os equipamentos necessários para nos proteger da radiação, iremos retornar para a base."
     - Todos os equipamentos de segurança, já estão prontos. Disse Lara desligando o tablet. - Nossa embarcação já está preparada. Estejam todos prontos às 12:00 horas.
     - Sim senhora! responderam os fuzileiros, fazendo sinal de continência.
      Andrei retornou para seu quarto, ao chegar notou que havia um uniforme novo em cima de sua cama. verificou as horas em seu relógio de pulso, marcava 8:00 horas, decidiu tomar um banho e se preparar para a missão.
     - Recruta! Disse Ivan.
     - Senhor. Respondeu Andrei, terminando de se vestir.
     - Sei que estar confuso, mas eu mesmo o indiquei para essa missão, você apresentou bons resultados no seu treinamento, espero que aproveite Andrei, são poucos recrutas que tem essa oportunidade.
     - Obrigado senhor. Respondeu Andrei fazendo sinal de continência.
     Andrei sabia que aquela era uma ótima oportunidade para seguir sua carreira na marinha, algo a mais para acrescentar ao seu currículo.
     Andrei se inscreveu no concurso da Marinha meses depois do acidente de carro que havia sofrido.
        Sempre foi muito cuidadoso no trânsito, mas daquela vez estava um pouco acima da velocidade permitida, mas nem se deu conta disso, afinal, naquela hora da noite a estrada estava vazia. Apesar do cansaço e da velocidade, a viagem transcorria bem, até que, ao fazer uma curva fechada, foi surpreendido por um caminhão que trafegava em sentido contrário e estava ligeiramente invadindo a faixa contrária.
     Se Andrei dirigisse em menor velocidade, talvez conseguisse controlar o veículo, o que infelizmente não foi possível. O veículo rodopiou para fora da curva e veio a colidir com uma árvore. O motorista do caminhão nem se deu conta do acidente e seguiu sua viagem.
Segundos após a colisão, Andrei reparou que sua mãe, que estava ao seu lado, sangrava muito e sentia fortes dores no abdômen, mesmo naquele estado, Andrei á retirou do veículo. Conseguiu pegar seu celular no carro e ligou para a emergência, que não demorou muito para chegar, mas infelizmente sua mãe não resistiu aos ferimentos e faleceu naquela noite.
     Andrei subiu a bordo, sentiu seu coração disparar, batia tão forte que parecia que iria pular do peito.
     - Acalme-se. Sussurrou Andrei para si mesmo. Olhou em volta e notou que estava em um navio corveta, um tipo de navio utilizado para guerras, com cerca de 30 metros de comprimento e 11 metros de largura, o navio estava todo pintado de branco com um emblema da marinha sobre a popa.     
     Andrei caminhou lentamente até a popa, sentiu um leve balançar abaixo de seus pés, respirou fundo enchendo os pulmões de ar o máximo que conseguia.
     - Recruta. Chamou Ivan.
     - Senhor.
     - Vá para seu lugar, já iremos partir.
     - Sim senhor! Respondeu Andrei fazendo sinal de continência, caminhou lentamente até a cabine, sentou-se ao lado dos outros fuzileiros, não conseguia esconder o nervosismo.
     Ivan e Laura comandavam o navio.
     - Eu sou Demitri. Disse um dos fuzileiros estendendo a mão para Andrei. - Esses são Igor, Vladimir e Nicolau. Continuou
     - Sou Andrei. Respondeu apertando a mão de Dimitri
     - Essa é sua primeira missão? Perguntou Dimitri.
     - Sim. Respondeu Andrei desviando o olhar.
     - É normal ficar nervoso na primeira missão. Disse Dimitri sorrindo.
     - Claro. Respondeu Andrei.
     - O que te fez entrar para marinha? Perguntou Dimitri tentando puxar papo.
     - Pedir minha mãe em um acidente de carro. Respondeu Andrei sério. - Depois disso minha vida ficou uma bagunça, sou filho único e não queria morar com meus tios.
     - Bem pesado cara. Disse Dimitri se sentindo culpado por ter perguntado. - Entrei na marinha a 6 anos, sempre me meti em muitas confusões, até me inscrever no concurso, e por sorte passei.
     A viagem seguia bem, enquanto Dimitri contava suas histórias para Andrei. A noite não demorou muito a cair, estava tudo calmo. Até que ouviram um barulho como de um canhão, ao levantarem suas cabeças perceberam que na verdade o que era o barulho de canhão, era o anúncio de uma tempestade. Sentiram um forte vento com cheiro de podre e junto este cheiro viam nuvens negras de tempestade, poucos minutos depois começou a chover, ondas gigantescas se formaram.
     Andrei sentiu um calafrio percorrer sua espinha, fazendo seus pelos se arrepiarem, olhou para os outros tripulantes e percebeu que estavam todos calmos.
      - Não se preocupe, o navio foi projetado para esses tipos de situações. Disse Dimitri para Andrei.
     - E o capitão tem grande experiências no comando do navio. completou Nicolau.
     - Sim. Eu já sabia que essa região era de difícil navegação. Disse Andrei tentando disfarçar o nervosismo.
     Enquanto o navio se aproximava da ilha Ivan notou uma forte neblina cobrindo o lugar, dificultado a visualização.
     - Preparem-se! Estamos chegando. Disse Ivan.
     Andrei, pegou uns dos trajes de proteção nuclear, o tecido era grosso e pesado, notou que o traje era camuflado com as mesmas cores dos uniformes usados por soldados do exército. Teve um pouco de dificuldade para vesti-lo, ele cobria todo seu corpo. Calçou o coturno e as luvas por cima do tecido grosso, era bem incômodo. Acoplou um tanque de oxigênio na máscara.
     - As vestes de proteção bloqueiam a radiação porque os metais pesados neles contêm átomos grandes, desta forma possuem grandes números de elétrons. Quando certos tipos de radiação atingem esses elétrons eles são freados e absorvidos pelo metal. Explicou Lara terminando de se vestir.
     Ivan ancorou o navio na praia. Andrei pegou seu rifle e uma mochila com suprimentos, e desembarcou, tudo estava calmo e silencioso, não se podia ouvir nada vindo do interior da ilha.
     - Lanternas! Disse Ivan.
     Todos ligaram as lanternas fixadas nos capacetes, na escuridão era possível distinguir as enormes paredes rochosas no interior da ilha, negras que refletiam a luz da lua, com milhares de micro cavernas espalhadas pela superfície, parecia como uma pele humana infesta por alguma doença bizarra, a vegetação parecia normal com enormes árvores que se moviam lentamente com o vento, dando a sensação de que a ilha toda se movia, como se estivesse viva.
     Lara verificou os níveis de radiação, o contador Geiger marcava exposições acimas de 800 milisieverts.
     - Como é possível? Surrou Lara assustada, temia pela vida dos tripulantes da embarcação nathaniel B. Palmer.
     Caminharam alguns minutos na praia, a neblina densa dificultava a visualização, Andrei olhou na direção do mar, e notou que não havia nenhuma onda naquela praia, estranhou o fato, pois eles acabaram de passar por uma tempestade com ondas gigantes.
     - Olhem! Gritou Vladimir.
     Todos olharam na direção em que ele apontava e viram, a enorme embarcação Nathaniel B. Palmer.
     - Dimitri e Nicolau fiquem aqui com Lara, Vladimir, Igor e Andrei venham comigo, iremos entrar na embarcação. Disse Ivan.
     - Sim senhor! Responderam.
     Caminharam até o navio, Andrei sentiu a água bater levemente sobre suas pernas, notou que a água parecia mais pesada que o normal. Vladimir lançou um sinalizador no interior do navio, ó iluminado.
      - Usaram todos os Botes. Disse vladimir.
      - Não deve ter ninguém a bordo. Disse Igor.
      - Vamos entrar para verificar, precisamos entender o que aconteceu. Disse Ivan.
       Subiram a bordo, Vladimir lançou mais um sinalizador na proa, a luz vermelha iluminou o local, e notaram que havia fios grossos espalhados pelo navio.
     - O que são essas coisas? Perguntou Igor tocando no fio. - É da mesma grossura de um barbante, mas parece mais resistente.
     Ouviram um grunhido, vindo da escuridão, todos levantaram os fuzis na direção do som, Andrei cerrou os olhos tentando ver algo, quando Igor caiu no chão gritando, Andrei deu um pulo de susto, sentiu seu coração disparar, o fazendo perder o ar por alguns instantes, olhou na direção do companheiro.
     - O que aconteceu? Perguntou Andrei se agachando na direção de Igor, que se contorcia de dor, segurando a perna esquerda, Andrei notou que algo havia perfurado a perna dele, era uma espécie de ferrão, que se parecia com um ferrão de arraia, Igor perdia muito sangue. Andrei não teve tempo para pensar, segurou firme o objeto e antes que pudesse puxar, algo pulou em cima de Igor.
     Andrei olhou assustado para a criatura que estava em cima de Igor, que gritava e tentava de todas as formas tirá-la de cima de si, era uma espécie de aranha caranguejeira, possuía cerca de um metro de altura, olhos negros que brilhavam refletindo a luz da lanterna do capacete de Igor, pelos grossos sobre as patas, e o exoesqueleto amarelado exposto por todo corpo, de sua boca saiu uma saliva grossa com cheiro de podre. A criatura deu uma espécie de grito, abrindo a boca o máximo que conseguia, jorrando a saliva podre sobre o rosto de Igor.
    Andrei apontou o fuzil na direção da criatura, e antes de ter a chance de atirar a criatura abraçou Igor, o pretendo com todas as patas, pulando para trás, o carregando como se não fosse nada.
     - Não! Gritou Andrei, tentando entender como aquela coisa podia carregar um homem de 90 quilos.
     - Atirem! Gritou Ivan.
     Havia centenas de aranhas indo na direção deles. Abriram fogo. Andrei se levantou e começou a disparar também.
     - Temos que ir! Gritou Andrei. - São muitas.
     Vladimir puxou uma das granadas que estavam presas em seu traje, retirou o pino e lançou em direção as criaturas, explodindo assim que entrou em contato com o solo. Andrei ouviu o forte barulho da explosão fazendo seus ouvidos zumbirem. Pedaços gosmentos das aranhas voaram pelos ares.
      - Pulem! Ordenou Ivan pulando no mar.
     Andrei não pensou duas vezes e pulou, sentiu seu corpo bater com força sobre a água, seu traje o protegeu do impacto, mesmo assim sentiu uma forte dor no peito, era difícil nadar com aquele traje passado, e carregando o fuzil.
     Chegou à praia, caminhou lentamente sobre a areia, sem entender o que havia acabado de acontecer. Deitou-se sobre a areia, sua respiração estava tão ofegante que parecia que seu peito iria explodir. Por alguns instantes sentiu-se totalmente deslocado sem saber onde estava e nem certo de quem era.
     - Recruta! Ouviu Ivan gritar, voltando a si.
    
    


 
Esmeraldas Brilho
Enviado por Esmeraldas Brilho em 10/03/2021
Reeditado em 13/03/2021
Código do texto: T7203093
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.