Vamos tratar de negócios.

Sabe quando você sente que não tem nada a perder porque não tem muito o que sobrou depois de tudo o que perdeu? É assim que eu me sinto. Eu sinto como se eu tivesse em todos estes ano falhado por conta de uma única razão: cultura familiar e suas imposições.

Crescer num lar ultra religioso talvez não sejam o bastante para causar em todas as pessoas os efeitos colaterais que me causaram, mas, acredito que haja muito o que ser explicado. Originalmente proveniente de uma família jovem, a sensação de descontrole foi do início da minha vida. Eu sentia sufocado pela ideia de que eu era mimado e super protegido, que eu não passei por nem metade sequer do sofrimento que meus pais passaram enquanto eu crescia. Eu não sei, mas, comparar sofrimento não é a coisa mais saudável que se pode fazer quando se é uma criança, ainda mais quando se teve acesso a presentes que eram usados em troca de oportunidades de arriscar diferir das expectativas familiares.

Eu crescia sim, cercado de alegrias materiais, mas, ao mesmo tempo, eu senti desde cedo que andava na corda bamba. A instabilidade de uma relação de um casal que se iniciou a idade dos vinte e poucos se mostrava um peso em desatenção. O que exatamente me passava ao redor? Eu não tinha uma referência exata, apenas medo. Não faça barulho, vai irritar seu pai. Não faça isto, é errado e sua mãe não vai gostar. Não faça aquilo, é algo que vai causar problemas. Silencio. Aquiete-se.

Aprenda que você tem sorte de que está em uma família que não briga como a dos seus amigos. Aprenda que esta é a justificativa para o medo que você sente ao ver discussões e instabilidades emocionais que te fazem se sentir temeroso com o imprevisto futuro. Aos seis, sete anos eu afirmava em alguns momentos a frase "não deveria ter nascido". Aparentemente ela formou o norte da minha lógica atual.

O que eu quero dizer com isto? Aqueles que vejo no dia a dia são um bando de incompetentes. Ficam colocando filhos no mundo como se espalhasse uma praga. Jovens incapazes de cuidarem de si, cometem atos libidinosos de maneira imprudente e colocam uma vida na terra. Não tem a desculpa das gerações anteriores de que não há métodos anticoncepcionais. Não tem a desculpa das décadas anteriores de que precisam de mais mão de obra para ajudar a família a se sustentar. Não tem o porque idealizar que por uma vida no mundo que vocês não são capazes de cuidar significa um milagre. Não estão fazendo um milagre, estão se responsabilizando pelo sofrimento de uma nova vida.

Estou sabotando o plano deles. Tentei ser apenas contribuir com a ideia de que as pessoas deveriam talvez por a mão na consciência e pensar que podiam considerar seu poder aquisitivo, seu psicológico, sua maturidade e o histórico familiar de famílias que falharam. Mas, preferiram se multiplicar descontroladamente.

Tive o cuidado de garantir que os sintomas principais do que eu criei no laboratório no máximo causasse pequenas inflamações e irritações leves em pessoas alérgicas, e que fariam com que passasse despercebido a quem consumisse tal substancia. A única coisa que não irá deixar de ser notado, talvez, quando for tarde demais, é que existe uma alta probabilidade de isto deixar humanos inférteis. Só preciso que uma parcela pequena da população comece a consumir algum tipo de bebida, algo que em conjunto de cafeína e açúcar se torne viciante o bastante para se deliciarem no fim do natalismo humano.

Se eu investir pesado, eu consigo garantir que se propague como uma nova moda, um novo produto que as pessoas vão adorar consumir. Influenciadores digitais, eventos esportivos, comerciais, não importa. Desde que seja divulgado, este ingrediente especial é a solução que ninguém imaginava.

Por mero prazer, moda, costumes e expectativas destruíram o futuro de dezenas de gerações fadadas a reproduzir o comportamento de prematuramente serem pais e mães, antes de terem a racionalidade de saber de suas limitações. É irônico que o que eu colocarei no mercado é prazeroso, perpetuará como modismo, e será esperado que qualquer jovem consuma. E vão usufruir da benção de se tornarem silenciosamente estéreis.

Você ouvir isto é minha aposta. Eu escolhi sua rede porque sei que não precisamos discutir sobre ética. Apenas negócios. Fale-me seus termos, vamos negociar. Farei de vocês ricos, e eu garantirei que os que sobrarem consumirão das suas mãos.

Psycho Vincent
Enviado por Psycho Vincent em 25/03/2021
Reeditado em 25/03/2021
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