EPISÓDIOS HISTÓRICOS SOMBRIOS, SEDUÇÃO MORTAL, MEDO DO ESCURO, CRIMES BÁRBAROS, DISTOPIA. - Homenagem ao CLTS 15

by: Johnathan King

" Durante a Segunda Guerra Mundial não existiam áreas cinzentas: ou você vencia, ou morria ".

Albert Spielberg, veterano de guerra.

Hitler perguntou:

- O que eu fiz de errado, Eva? Onde eu errei para que tudo isso esteja acontecendo agora?

- Meu Fuhrer, você não fez nada de errado - respondeu Eva Braun, a esposa do ditador. - A guerra ainda não terminou, Adolf...

- Não fale tolices, Eva? - ele gritou. - Eles estão nos portões de Berlim, Mussolini está morto, aqueles idiotas de olhos pequenos da terra do Sol Nascente não irão resistir por muito mais tempo, e você me fala que a guerra ainda não acabou.

Eva ficou calada.

Adolfo Hitler e a esposa estavam escondidos dentro de um dos muitos bumkes espalhados pela Alemanha. O lugar era iluminado com o auxílio da luz de velas, pois praticamente toda a energia na Alemanha havia sido comprometida por conta dos intensos bombardeios que acabaram prejudicado as usinas termoelétricas que forneciam eletricidade para as famílias alemãs.

Enquanto assistia impotente seu exército desmoronando como se fosse um castelo de cartas ruindo e seu império se perdendo como a areia da praia sendo levada pela força implacável dos ventos, Adolf Hitler estava infeliz e abatido. Pela primeira vez em muito tempo o ditador estava com medo - medo do escuro, medo do futuro, medo de morrer pelas mãos dos inimigos e de ter seu corpo exposto como se fosse um troféu -, servindo de escárnio e sendo motivo de piadas e risinhos. A memória recorda o lar de sua inocência, a infância com os irmãos em Viena, Áustria, o carinho e contentamento que recebia dos pais, o sonho de ser um grande pintor, e por fim de onde caiu.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Hitler. O ditador estava chorando, mas não de tristeza, mas de frustração. Pensava no futuro " grande " que havia sonhado para a Alemanha, pátria que o acolheu como um filho. O mundo haveria de se curvar diante dele e da raça ariana, os povos inferiores não passariam de uma lembrança longínqua esquecida nas páginas da História, assim era o sonho de Hitler, que naquele momento estava se transformando em um pesadelo.

Um som como de trovão foi ouvido sob o solo e imediatamente depois de um violento choque a maior parte da estrutura do bunker onde Hitler e Eva estavam foi abalado. Temor, ansiedade e pavor encheram gradualmente o espírito do casal.

- O que aconteceu? - perguntou Eva.

- Eles estão perto, Eva - respondeu Hitler.

Naquele dia, as trevas da noite não foram menos incomuns e assustadoras do que as do dia. A " fortaleza Europa " de Hitler estava sendo invadida naquele momento.

- Eu acho veneno além de uma morte feminina, também muito demorada e sofrida, Eva - disse Hitler quando viu a esposa com duas taças, uma garrafa de champanhe e cianeto na mão. - Eu prefiro algo mais rápido e com menos dor, minha querida.

Eva Braun pegou um revólver na gaveta da escrivaninha e o carregou, em seguida entregou para Hitler.

- Eva... - disse Hitler, com a voz embargada.

- Sim, meu Fuhrer?

- Você poderia apagar a luz das velas, por favor?

- Sim, Adolf - respondeu Eva, melancólica.

- Obrigado, minha querida. Não queria que esse momento ficasse para a história.

O som do tiro pareceu ecoar para sempre.

Johnathan King
Enviado por Johnathan King em 05/05/2021
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