"De pé, ó vítimas da fome / De pé, famélicos da terra..." - CLTS 15

Tema: Episódios Históricos Sombrios

Subtema: Distopia (eu acho)

¹: Pelápole = cidade principal

Eu bem sabia que nada que nos fora dito era verdade-verdadeira, se tratava mesmo de uma verdade-mascarada que queriam que nós acreditássemos, não apenas para não causar escândalo, mas para agirmos conforme eles quisessem, sendo “inocentemente” coniventes aos seus caprichos e inumanidades.

Aquela reunião foi reveladora, mesmo não tendo revelado nada por si só. Meu consciente não conseguiu digerir nenhuma das suaves palavras de Posyl Uzhanov, ministro da Defesa. Falava superficialidades, tergiversando como se estivesse lendo um script, calculando as palavras... Não estava a ser sincero, pois era perceptível a omissão estampada em sua face. Disfarcei a incredulidade na minha para que não percebesse a desconfiança; não queria desperdiçar a chance de ver com os meus próprios olhos o que de fato se passava no país vizinho. Conhecendo bem ele, qualquer comportamento divergente do esperado era razão para ser transferido para algum interior distante ou até mesmo sumir misteriosamente. Não era permitido questioná-lo – ou até mesmo demonstrar dúvida às suas atitudes...

Sei que estava recebendo ordens “de cima”, apenas obedecia tal qual um cachorrinho adestrado, contudo não se podia negar que ele também é culpado por muitas coisas e já sujou as mãos sozinho.

~

- Designo vocês para averiguarem e registrarem o que se passa no Óblast de Sumy. Tenham em mente que tudo – nesta hora ele se levantou, sendo enfático, mas aquilo tudo era mesmo raiva e medo da pressão nevoática das ruas, no fim, de nada verdadeiramente serviria a tal missão e seria usada apenas para dar uma desculpa às questões dos cidadãos, lógico, mostrando apenas o que lhe interessasse – tudo que ficharem deve ser entregue diretamente a mim. Mais ninguém pode ter acesso às informações. Ninguém! Entenderam?

Encarou-nos, um a um.

~

- Estamos perto. – Markian Kovski, meu colega, disse – Olhe os soldados rondando a área.

De fato, havia uns grupos de meia-dúzia espalhados pelo campo. Disseram na reunião que nos receberiam na estação Duprimal, uns quatro quilômetros da capital dessa região. Vários do Exército foram enviados para cá após boatos de um levante. Desencadeou, a partir disso, uma série de comentários entre os civis da pelápole¹ sobre “excessos” ocorrendo por aqui.

Histórias e rumores horrendos.

Essas trouxeram uma sensação de pavor e desconfiança em (boa) parte da população, que, distante de qualquer apuração dos fatos, desprestigiou o Governo – e isso era péssimo. Este, afim de findar os maus comentários, agiu do seu melhor jeito: reprimindo. Quem insistisse em falar sobre as “barbáries cometidas pelo Estado” e questionar o que se passava seria enquadrado na mais nova lei de Segurança à Soberania; sendo, então, acusado de terrorista e/ou agitador.

E “desapareciam”.

Se não há ninguém para indagar, não há questão a ser levantada.

Aos poucos a situação voltou ao normal na capital. Um normal falso. Um normal forçado. Um normal acuado. Essa pressão invisível foi responsável pelo nosso envio. Desconfortou os grandes...

O trem parou, era hora de se preparar para a última viagem e chegar ao tão esperado lugar. Ansiedade. Onde estávamos era meio reservado à logística, por isso havia poucos civis, tirando alguns infratores que seriam transferidos via locomotiva. Esses estavam sentados no chão de cascalho, enfileirados e algemados, sob escolta de recrutas. Ali ouvi falar que uns dez foram presos na madrugada. Razão? Tentaram saquear uma khizyeda – armazém para depósito de grãos e outros alimentos. Eram dez contra dois sentinelas; tinham urdido tudo para pegá-los desprevenidos e passarem despercebidos pelos rondantes.

Dez.

Contra dois.

Perderam.

Estavam visivelmente fracos, esqueléticos. Não puderam contra dois inexperientes recrutas. Aguardavam, agora, com os outros, a ida para o tripalium no “campo”.

- Ei – Markian tocou meu ombro – se for anotar algo, vá logo – apontou para o horizonte – não temos tempo.

Levei meu olhar para onde fora sinalizado. De lá era possível avistar um caminhão vindo. Nele havia o símbolo estrelado. Como combinado, era o caminhão do Governo que nos levaria à Sumy. Escrevi o possível na caderneta e corri para pegar algumas outras coisas. Quase lá...

~

Nem tinha percebido quando chegamos, andava ensimesmado demais desde o designo e, por isso, muito suscetível a distrações. Quando voltei à “realidade”, já na entrada da cidade, vi uma cena intensamente atroz: um homem estirado no chão, claramente morto, sendo disputado por umas três pessoas. Cada uma gritando ferozmente, puxando a parte do corpo que agarraram, iguais ratos famintos brigando por um pedaço de xepa.

Markian olhou para mim de um jeito que dizia: “estamos vendo isso mesmo?”.

Eu queria dizer que não...

Um grupelho de guardas dispersou aquela selvageria, depois deram um jeito com o cadáver. Sequer saímos do caminhão. Tamanho absurdo testemunhado, quase esqueci de registrar... Uma pena Markian não ter conseguido tirar alguma foto.

~

Voron Dyavol, governador do óblast, dirigiu-se até nós e, talvez por protocolo, reafirmou algumas das coisas que teríamos de fazer e o que NÃO deveríamos fazer. Comentei com Kovski que achei ter o dedo de Uzhanov nessa atitude. Para ele, com toda certeza, aquela missão era muito importante e deveras restrita, deve ter dito para o governador nos monitorar; já que o mesmo não poderia fazê-lo presencialmente...

Nosso “anfitrião”, para nossa “estadia” em Sumy, nos levou até os edifícios oficiais e apresentou onde nossa equipe ficaria: um agradável prédio de cinco andares, tendo separado cinco quartos para os nove designados; quatro quartos para quatro pares e um para o chefe da missão: Andrei Ustinov - este decidiu que deveríamos descansar, pois já era noite e o correto seria recompor as gastas energias em decorrência da longa viagem. Assim fizemos.

~

No meio da noite acordei de repente e não consegui mais dormir: lá fora estava fazendo um frio terrível. “Aproveitei” o momento de quietude para revisar as anotações.

- Ei... – bem baixinho... uma voz fina e suspirante a vagar na noite escura.

Ignorei e voltei aos registros. A voz me chamou novamente, mais alto. Dessa vez fui à janela. Coração acelerado. Observei o ambiente que, naquela noite, vestiu-se de uma escuridão melancólica. Em cima de um montinho de terra havia uma silhueta miúda, cerrei bem meus olhos e vi ser uma menina – a que me chamou, com toda certeza.

- Ajuda...

Não perdi tempo e saí – discretamente. Tinha um patrulheiro vigiando a área, me esforcei para passar despercebido e cheguei ao lugar; este ficava poucos metros atrás do prédio. Ela continuava estática, agachada e retraída. Parecia bem frágil e era bem esguia. Me aproximei vagarosamente.

- Ei... – peguei o agasalho – o que fazes aqui? Está fazendo muito frio. Tome. – estendi-o para ela.

Ela foi mexendo a cabeça devagarinho. Tomou lentamente a veste. Quando pensei que vestiria... começou a comê-la. Não entendi sua atitude, mas ela mastigava os tecidos como se fosse um pedaço suculento de carne.

- Pare com isso! – pus minha mão para tomar a roupa, mas, no ato, ela mordeu meu dedo e tive que usar a força para soltá-lo. Em vez de sangrar, saiu sânie do ferimento.

Quando a encarei novamente expelia sangue de sua boca numa hematêmese farta e incessante. Seus olhos anegraram-se e sua pele se estorricou semelhante areia desértica, e, tal qual cinzas de um defunto, desmanchou-se no chão. Chão este cediço e quebradiço. O monte de terra fétido fragmentou-se ainda mais e revelou a mais horrenda cena que já vi em minha vida: no que a terra se desintegrava, restos de corpos pútridos apareciam.

Antebraços, dedos, unhas, pés, crânios, vísceras...

Todos se unindo e me envolvendo como demônios famintos puxando uma alma para o inferno. Uma mão tampou minha boca, impedindo gritos por socorro. Sentia meu corpo ser arranhado e corrompido por aquela sucursal infernal na Terra. Um crânio uniu-se a um braço e, igual uma aranha demoníaca, andou pelo meu corpo e feriu minha perna esquerda.

Não bastasse o ardor das feridas, suportava também a dor de larvas e fluidos pútridos se juntando às chagas. Não havia raciocínio ou pensamento em minha mente que não findasse na visão da minha morte, já me considerava propriedade daquela imundície. Quisera ser uma veneta, um pesadelo, mas a dor provava que ilusão era pensar naquilo. Como um corpo estagnado no rio enquanto se afoga e não decide mais reagir, apenas aceita ser engolido pelas águas – no meu caso, pelo produto impuro da morte.

“Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você”.

- Friedrich Nietzsche

O abismo, no meu caso, me encarou e abraçou-me desavisadamente e quando percebi... já estava entregue à sua decadência (in)finita. Mas por quê? Esse ‘por que’ surgiu na minha cabeça naquele momento... Foi um toque para o despertar. A provocação para o pensar. A lembrança que há vida e que por ela devo lutar. O lampejo que veio para eu perceber o quão frágil é a escuridão. Então pude, enfim, resistir e sair do portal para o fim.

~

A manhã foi muito difícil, tropeguei pelos cantos nos poucos momentos que foi necessário andar. Fui atendido, após o acontecido, por uma enfermeira residente que morava no edifício-sede ao lado – não consegui falar o ocorrido verdadeiro, inventei que, após ouvir uns ruídos à noite, fui à mata atrás do prédio e um urso me atacou. Demoraram para engolir. Foi o guarda noturno que viu-me rastejando e prestou socorro; claro, relatou tudo a Voron. Este, bem cedo, logo após a enfermeira me liberar, chamou, além de mim, o restante da equipe para prestar esclarecimentos.

O que mais lhe chamou a atenção – e com razão – foi o extenso buraco surgido nos fundos do edifício. Nota: cheio de restos de cadáveres e fragmentos de arcabouços. Ninguém soube responder justamente por não saberem de nada; eu menti. Ninguém foi “incriminado”, contudo, de um jeito ou de outro, ele tornou-se bem mais rigoroso a nós.

~

Logo depois da oitiva, dentro do quarto, Markian resolveu perguntar-me: - Foi você, não foi?

...

Ele era a única pessoa a quem eu confiava piamente. Contei tudo. Ele também confiava em mim, e, por mais que suas feições demonstrassem visível e legítimo estranhamento, ele creu. Mais por mim do que pelos fatos contados. Depois disso, por vários minutos, esteve absorto e vê-lo daquele jeito só ocasionou em mim uma agonia absôrtica também. O que pensava, afinal?

- Não te parece suspeito demais? – a estranheza agora decaiu sobre mim e reproduzi seu semblante passado – O tempo todo nos vigiam, como se escondessem algo e, agora, descobrimos um “cemitério” escondido aqui.

Não tinha pensando por esse ponto, mas, se raciocinar um pouco... Restos mortais... Soterrados... Tudo indica que usaram o local como vala coletiva.

Outro lampejo: - Rápido! Fotografe da janela!

E assim fez, como se custasse sua vida; sequer questionou. Se fôssemos descobrir algo, deveríamos registrar – e provas eram necessárias. Provas... Só as fotos “clandestinas” e “descontextualizadas” não serviriam de nada. Era necessário algo concreto. E eu fui atrás. Apesar do perigo, combinei com meu amigo de “invadirmos” o escritório-oficial do prédio. Ficava no segundo andar, nosso quarto era no terceiro, coincidentemente em cima do nosso alvo.

Eu entrei descendo pela minha janela.

~

Parecia uma idiotice, mas achei “razoável” refazer a cena que eu li num livro certa vez: amarrar os panos da cama para descer à janela. Markian, quando dei essa ideia, olhou para mim com uma cara de quem queria saber se era sério o que eu dizia. Bem, sem a chave, a opção mais viável seria essa. Querendo ou não, ele teve que concordar. E foi de madrugada que pomos o plano em prática.

A falta de luz denunciava que já não havia mais ninguém no escritório, era o momento. Tinha que ser algo muito rápido, levando em consideração o vigia lá fora. Tivemos que observá-lo por um tempo para decorar quando estaria em tal lugar de sua vigília. No momento oportuno eu desci, conforme o plano, até ficar bem em frente à janela e consegui abri-la sem grande esforço. Estava lá dentro. Procurei alguns documentos mais antigos e com alguma marcação importante.

Encontrei na seção Restritos o que procurava: o histórico do prédio. Apesar d’estar (ainda) em ucraniano, não tive dificuldades em ler:

“[...] Autorizo, por meio desta, a desapropriação do local para ponto-estratégico estatal na periferia de Sumy. [...] Ficará à disposição do governador eleito pelo Congresso dos Sovietes tomar as devidas providências quanto à insurgências, desobediências, má conduta às novas regras magnas e demais conflitos com os antigos habitantes. Fica também claro a necessidade de prévia neutralização dos grupos nacionalistas presentes, sendo recomendável a prisão compulsória de todos os envolvidos, incluindo as famílias; é certo que os homens devem ser transferidos aos campos de Kiev ou Quixineve – sendo preferível a segunda opção, haja vista a lotação no da capital. [...] Está também permitido a neutralização dos familiares ainda relutantes que permanecerem na cidade. [...] É concedido por este comando o requerimento do emissário-governador Dyavol de suplício-máximo coletivo por meio de julgamento unilateral restrito.”

No final da folha: a mesma assinatura que há no documento oficializador desta missão...

Passos pelo corredor me “convidaram” a sair, levei comigo a folha. Fotografada e copiada no quarto de cima. Era certo: ao fundo havia um cemitério. E era axiomático o teor criminoso e inumano disso tudo. Nós dois já não podíamos convergir com aquilo.

~

Passaram três dias, véspera do fim prazual do fingimento patrocinado pelo Estado. A equipe partiria bem cedo na locomotiva em direção à Moscou, mas eu e Kovski não retornaríamos: combinamos de ir à Mariupol, ao sul, e pegaríamos um navio para Romênia. A ideia era sair da União e depois publicar tudo que registramos para o restante do mundo. Seria essa noite.

Lá da alta torre podia-se ver: o relógio marcava duas horas da madrugada. Era a nossa hora. Tramamos sair dali e dirigir-nos até um ponto combinado com um motorista clandestino. Combinamos com ele para que nos levasse até a cidade em questão. Só um louco aceitaria algo assim, mas que louco não aceitaria as joias contrabandeadas de Markian? Sim, ser militar naquela época nos dava muitas vantagens, uma delas era o saque de objetos valiosos de alguns “ex”-burgueses.

Alguns equipamentos já tinham sido entregues ao moço, outros menores levávamos em bolsas leves. As filmagens e fotografias estavam, em sua maioria, lá...

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Lembro bem delas...

Registrei nas folhas o terror recôndito do simulacro pandemônico aqui presente: lembro-me dos recorrentes cidadãos que vinham até nós se arrastando e pedindo uma migalha de comida e recebendo pontapés dos guardas. Recordo de um dia irmos às pressas para um casebre onde uma senhora ia presa. A razão? Estava a sequestrar crianças - tão miseráveis quanto ela - para cozinhá-las. Não esqueço da ânsia que teve Kovski quando tirava fotografias da cesta com os restos mortais delas. Não me sai da memória também o dia que vi um grupo de pessoas desmembrando um corpo pendurado de um velho que acabara de suicidar-se para levarem às suas casas. Também não sai da memória o dia que pegaram estrume de gado para saciarem a fome e quando esfaquearam um cachorro para beberem seu sangue.

São coisas que a fome faz. E a marca da fome é eterna. Agora entendo...

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Nossa saída fora devidamente silenciosa daquele maldito prédio que, tendo visto os ofícios tomados do escritório, era um hospital. Dou ainda graças aos céus por não terem percebido a sutil mudança na divérsico-grande prateleira de documentos daquela sala. Caso acontecesse eu teria certeza que seria razão para estarmos todos fazendo companhia àquele desprazer soterrado – mesmo que não tivessem provas contra nós, pois é assim o modo de agir dos déspostas: matam antes, descobrem depois.

O caminho era um pouco delongado já que a rota por trás do prédio se tratava de uma área verde, coisa de quase uma hora de caminhada, após isso estaríamos no distrito de Zarichnyi, onde, perto das margens de um lago, estaria o motorista.

Tudo ocorria bem, o que já era o mínimo para desconfiar de algo. Olhando repetidamente para trás e todos os lados foi que percebi um reflexo a alguns metros atrás de nós. Um não, vários. Esses reflexos viraram luzem em nossa direção: estavam nos perseguindo.

Os passos se apressaram, se aproximavam as luzes de nós como o clarão do infinito insistindo em levar uma alma que insiste na vida. Não deixamos que o ambiente turvado pela chuva repentina atrapalhasse a visão adiante da verdade, ora, já víamos as luzes da esperança em frente: eram os “clarões” do distrito. Mesmo irrestrito contentamento, não poderíamos nos deixar levar pelos “clarões” da vida, ainda havia outros para trazer-nos o mal, sim, sempre em nosso encalço nessa corrida.

- Ali está! – disse meu companheiro apontando para o motorista e seu carro estacionado bem embaixo de um poste.

Pouco mais de um quilômetro. A corrida continuava. Ficavam eles para trás. A esperança crescia. Mas, de repente... mostrou-me como é falha. Vi o emissário do demônio surgir. Era ele, sim, Voron. Empunhando uma arma e constituindo, ali, o fim. Não – ainda – meu. Em mim só uma bala acertara: no braço esquerdo. Do meu lado direito, porém, não saiu ileso quem estava, caiu em agonia, entretanto transferindo sua valentia ao jogar sua bolsa num recado-final de confiança. Impávido.

Não atira mais, falhou sua arma, desgraçado. Era a luta entre um homem baleado e o corvo do Diabo.

Anos de treinamento num Exército... Se revelava estratégico nessa emboscada, mas não sabia que só isso não bastava. No corpo a corpo tinha vantagem. Havia, porém, oculto em minhas roupas uma lâmina que serviria bem mais num combate. Quando já ensanguentado dos golpes, demonstrando-me entregue à morte, foi que vi a oportunidade. Baixou a guarda, num sinal de arrogância, porém foi o frio repentino em seu corpo que lhe deu o sinal do seu fim.

- A faca está cravada em seu pescoço, demônio.

Segui, ainda dava, seus soldados não haviam ainda chegado.

Consegui chegar ao meu destino.

No entardecer cheguei ao porto.

Fui-me do Principado da Fome e do Império da Morte no balanço de um navio...

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Passada a agonia, agora, no exílio, termino o que há um ano atrás tinha dado início. Eis, aqui, neste livro-documentário, o que o homem não poderia ter feito nem visto. Se foi, por mim, a mentira, a tirania e a crueldade patrocinadores de um morticínio traídas, serei eu, o traidor, sempre orgulhoso de não convergir com assassinos.

17 de agosto de 1933

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Essa é a parte mágica que o autor fala do próprio texto e você lê se sentir vontade :).

Primeiro: creio eu que isso deve estar horrível, mas pode ser a síndrome da história completada. Esbocei a estória, primeiro, visando uma tragédia ocorrida no mesmo país em 1986, só que seria um negócio bem doido em certo ponto e difícil de defender (além de ter me dado preguiça de procurar toooooooooooooooooodas as informações acerca do mesmo). Então, mudei de ideia e voltei ao passado para retratar esse do conto. Eu podia ter escrito outras trezenta estórias melhores (como me veio na cabeça no meio dessa enquanto eu escrevia), mas eu tava obcecado pela URSS, então, fiquei nisso mesmo. Talvez eu escreva uma outra história que contemple um outro tema só por escrever mesmo, mas duvido minha preguiça permitir.

Foi o conto mais "diferente" que escrevi. Foge bastante do que eu gosto de fazer (criar coisas, teve que tudo ser bem realístico, contudo há uma "invenção" minha aí: relevem uma certa discordância datal, se descobrirem o que é, já sabem), mas não desgostei dele, só penso ter ficado quadrado demais (?).

No início eu estava bem animado, escrevia todos os dias até chegar certo ponto (quando o protagonista cai no buraco)... aí eu fiquei sem escrever por uns quinze dias. Por isso, para dar fim a esse bloqueio, cortei a parte e deve ter ficado bem chato de ler (ora, a pessoa tá lendo um momento de terror e... de repente... PARA). Era isso ou ficaria pior do que está, vão por mim. Se bem que depois disso a carroça saiu do prego e acelerou para um capotamento.

Creio que a parte que ele entra no escritório tenha ficado ridícula - eu até pensei em cortar isso, mas já me faltavam poucos dias e havia outro empecilho que também começa com a letra p. Esse final (quando eles fogem à noite) eu fiz hoje à tarde. Às pressas, também. Por isso ficou um negócio bem doido, fui escrevendo o que me vinha na cabeça. Podem ver que ficou diferente da linha seguida no restante do texto.

Acho que eu fiquei mais tempo revisando do que escrevendo, mas não duvido ter erros ainda (uma me encucou muito: tem uma parte dum "a" precedendo "distrações" que me deixou entre por uma crase ou não).

Tem umas palavras inexistentes, mas entendíveis, quis guimaranear um pouquinho. Deve (deve não, com certeza tem) vários erros de enredo aí, coisa de apagar a estória toda e escrever outra, mas já tá escrito e não tem mais tempo >até pode ter, mas já são 21:22 e não quero escrever outra coisas nas carreiras :P).

Onisuáquimalipanse ao texto, só escrevi-o.

Deixem-me ver se eu tenho mais alguma coisa pra jogar aqui...

Talvez, quando passar minha cefaleia e minha pressão voltar ao normal, eu volte aqui para escrever mais coisas desimportantes.

Hm... isso ficou LONGO demais. Quase as 3200 palavras. Eu juro que não era a intenção. Quando vi já estava nas 2800... Espero que não tenha ficado maçante (eu li umas 50235252 vezes, no entanto, achei fluido, mas o pai tende a achar a própria cria bela [mesmo sendo uma família de ratos-toupeira]).

Tem umas outras observações qu'eu esqueci, depois me lembro...

Usei (de novo) traduções, dessa vez para dar nome a alguns personagens: Voron Dyavol >em russo> Corvo do Diabo (há no texto, mas ninguém é vidente para advinhar); Posyl Uzhanov >em russo> Mensageiro do Terror.

O chefe da equipe tem o sobrenome de um "velhinho" que eu vi nas paradas da CCCP (Andrei Ustinov). A data no final do texto é a data de aniversário do mestre Hildmar Diniz.

Agora terei 14 dias para ler todos os vossos textos, ai de mim. :3

Eu fui o primeiro a me inscrever, e, muito provavelmente, serei último a enviar o texto *insira aqui o emoji do palhaço*.

Hm, uma coisa qu'esqueci de citar: eu odeio escrever diálogos. Admiro muito quem consegue fazer com facilidade e competência, mas eu detesto, meu sensor de ridículo apita quando os faço.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 30/05/2021
Reeditado em 12/06/2021
Código do texto: T7267828
Classificação de conteúdo: seguro
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