Enterrado vivo - um conto-poema...

Acordei de madrugada

Como de costume

Porto Alegre abafada de fevereiro

Me fazendo suar

Quando de repente

Não podia enxergar...

Quando de repente

Não podia respirar...

Quando de repente

Não podia me mexer...

Ergui as mãos

Buscando o socorro

De uma bênção derradeira

E tudo o que senti

Foi uma tampa de madeira!

Cemitério da Santa Casa

Vinte anos depois

Desocupação de gaveta.

São por vezes incomuns,

Mas tampas de caixões

Arranhadas por dentro

Por dentro me gelam

Parecem coisa do capeta...

Sergio Vinicius Ricciardi
Enviado por Sergio Vinicius Ricciardi em 27/11/2021
Código do texto: T7395262
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