ARDOR NO GELO (Em homenagem aos participantes do novo concurso de contos de terror e suspense, CLTS 18)

 

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Verdanna, era a mulher mais linda que existia naquela região gelada do Ártico, cabelos curtos esvoaçantes, num tom claro de mel, combinando com um olhar de límpido azul. Os homens mais jovens a viam como uma deusa inalcançável, os mais velhos tinham medo dela, por já terem ouvido boatos de que ela fazia os desavisados que por ela se apaixonavam, simplesmente desaparecerem.

Dentro dela existia muita paixão, uma tórrida e pungente necessidade de prazer...a qualquer custo.

Lucas, estava na casa dos trinta e cinco anos, bonito, galante e que exalava sensualidade por todos os poros, mesmo que tivesse escutado os mesmos tais boatos, não deu importância, pois a presa era por demais instigante, aguçava o seu apetite. Mas, Verdanna, também era muito, mas, muito inteligente e mulheres assim, são seletivas, difíceis de se agradar, tampouco caiam em qualquer cantadinha meia boca, Lucas teria que se esforçar, como se diz por aí, teria que ‘comer pelas beiradas’, antes de empreender o bote.

A moça era dona de um laboratório de pesquisas de espécimes marítimas, os óculos que usava destoavam do seu visual espetacular, só que isso atiçava os homens ainda mais, tal como uma moça mais vivida, vestida com roupas de colegial e tranças balouçantes, o fetiche impera na cabeça dos homens rsss...

Lucas buscou um pescador da região, pediu que ele lhe trouxesse um espécime marinho bem diferente, pagou ao camarada e levou ao laboratório de Verdanna, para que ela lhe dissesse que espécime era aquele que ele havia pescado, tudo para tentar uma aproximação, mas, ela logo percebeu que na verdade o interesse era nela e não no tal peixe. Lucas era um pedaço de mau caminho e ela resolveu se fazer de ‘burrinha’, só para ver no que aquilo ia dar, a febre que existia dentro dela, já tinha dado sinais que estava subindo, tinham se passado três meses desde de sua última ebulição, iria cair muito bem um pequeno resfriamento rsss...

Verdanna ficou com o espécime para analisar e marcou com ele dali há uma semana, para poder lhe entregar o resultado. Lucas achou muito tempo, mas, não podia parecer desesperado apenas por um peixe esquisito, então, agiu de forma discreta ficando combinado que ele retornaria na data acertada. Os seus amigos Iolanda e Luis o alertaram para o perigo, pois acreditavam que havia algo de verdade no boatos, os homens que estiveram com ela nunca mais apareceram, mas, Lucas não se fez de rogado, apostava no seu ‘taco’ e achava aquele temor todo, era só uma grande bobagem.

Começou a pesquisar por onde Verdanna ia quando saia do laboratório e em três dias, viu que ela tinha uma rotina, passava num bar, conversava com algumas pessoas, sem sentar à mesa delas em nenhum momento, pedia uma bebida vermelha sem gelo e a sorvia lentamente, repetindo o ritual uma quatro vezes, bebia bem a moça...depois ia pra casa, um chalé pequeno e aconchegante, num lugar afastado. Parecia um grande iglu revestido de peles e madeira, esquisito talvez, mas, para o clima do Ártico parecia perfeito. Lucas apostou no acaso programado e apareceu no tal bar no quarto dia, pediu uma bebida vermelha e ficou lá, aguardando que a moça aparecesse, como se fosse uma bela surpresa do tipo ‘você por aqui?’

Lucas de cara se arrependeu da bebida que pediu, pois descia pela goela queimando os órgãos, além de ser amarga qual fel, cruzes! Como ela conseguia beber praticamente quatro doses por noite, ele nem podia acreditar. O pior seria, que quando ela chegasse ele teria que acompanhar a esbórnia da moça, caso, quisesse entreter uma conversa casual. Seria como se eles tivessem algo em comum e assim aconteceu, claro que mais por conta dela, que claramente estava seduzindo o rapaz, embora o tolo acreditasse que era ao contrário.  A conversa foi seguindo trivial, Lucas já estava se sentindo meio atordoado, pelos feromônios e pelo teor alcoólico da tal bebida vermelha, então, convidou-se para acompanhá-la até a porta de casa, mesmo que o lugar fosse afastado.

O frio era intenso e o caminho feito à pé não foi dos mais agradáveis, ele se sentia como uma pedra de gelo dentro d’um freezer brrrr...mas, tudo estava valendo para que alcançasse o seu objetivo, Verdanna.

Aí é que o caçador virou presa, apesar de ter podido aproveitar por alguns minutos daquele corpo maravilhoso, começaram fazendo sexo no chão gelado atrás do chalé, sob uma pele de urso, frio à beça, mas, o calor que fervia nos dois amenizava.

Logo que orgasmo de Verdanna chegou aos ouvidos de Lucas, a moça ganhou chamas ardentes por todo o corpo, ela uivava alto como uma loba e o pobre Lucas agonizava em brasas até virar cinzas, então, Verdanna se apagou gozando de forma visceral. Relaxou por alguns momentos, levantou, sacudiu as cinzas da pele que arrastou para dentro do chalé, queimou na lareira todos os pertences de Lucas. Lavou o próprio corpo e teve um sono repleto de sonhos solares..........

 

 

Desejo boa sorte e sucesso a todos os participantes no novo desafio.

 

 

 

* Imagem de     gratispng.com

Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 24/01/2022
Reeditado em 27/01/2022
Código do texto: T7436311
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