Um conto de vingança pt I

Marcos era uma pessoa que você podia chamar de calmo. Pensava muito antes de agir, o que muitas vezes poderia ser encarado com insegurança ou medo de tomar certas atitudes. Mas ele era essencialmente bom. Gostava de ajudar as pessoas e era muito justo e honesto em tudo que fazia. Marcos não acreditava em Deus ou qualquer divindade. Ele acreditava que se vivesse a sua vida de maneira justa e correta, sem prejudicar ninguém, e no final das contas existisse um Deus realmente, ele haveria de ser julgado pelas suas atitudes e não pelo que ele acreditava. Se não fosse dessa forma, não seria um julgamento justo e para ele não valeria a pena se esforçar para viver ao lado de um Deus injusto e parcial. Marcos era professor e recentemente havia aberto uma loja de brinquedos com Luana, a sua esposa. Eles moravam em uma casa a cerca de uns dez quilômetros de distância do centro da sua cidade. Devido o seu trabalho e a loja consumirem boa parte do seu tempo, Marcos decidiu morar junto da sua mãe com a sua mulher e a filha pequena, Luna. Como ele estava passando muito tempo na casa da sua mãe, a sua casa ficou sem cuidados durante umas duas semanas. Temendo pela segurança da sua casa, Marcos resolveu visitá-la, durante seu horário de almoço. Ao chegar em casa ele deparou-se com um cenário que fez o seu estômago revirar. A sua casa parecia que havia sido visitada por um furacão. Ladrões havia pulado o muro e levado grande parte dos seus pertences. Seus instrumentos musicais, livros, cds, eletrodomésticos, roupas, calçados. Nada que ele não pudesse comprar novamente. Porém, ao entrar no quarto da sua filha, ele sentiu um frio que desceu por sua espinha. Todas as roupas de sua filha, sapatos, vestidos, havia sido levados. Ele foi tomado de uma sensação de desolação e desesperança. Parecia que estava só num deserto. Nu e desarmado. Os ladrões haviam levado naquele dia uma coisa que ele nunca iria recuperar: a sua natureza calma e a sua sanidade mental. Ele sabia que a vingança viria como uma força da natureza, imparável, implacável e brutal...