O ENANQUIN-2
No Sábado, como dona Rute a empregada estava de folga, Oward decidiu preparar uma omelete para comer. O cheiro de podridão infestava a cozinha, tornando-se insuportável.
— Já quebrei oito ôvos, todos estragados, apodrecidos. A empregada deve tomar mais cuidado quando fazer compras na feira dos agricultores.
— Vamos nos contentar com um espagueti bolognese.
Durante a noite, os dois acordaram com ruídos semelhantes a disparos de armas de fogo pela casa. Imaginando ser um arrombador, um ladrão, Oward pegou a pistola do guarda-roupas, atravessou o corredor e acendeu a luz:
— Mãos para o alto ou eu atiro!
No pequeno bar saltavam as tampas das garrafas de champagne e as rolhas dos vinhos para o alto, fazendo um barulho de tiros, o líquido espumava das garrafas transbordando, como se estivesse fervendo em alta temperatura. Algumas se espatifavam, espalhando estilhaços de vidros pelo piso, manchado de vermelho.
Os dois demoraram duas horas varrendo e esfregando para limpar a saleta de jantar.
— É melhor deixar as janelas abertas para ventilar. O cheiro de álcool impregnou toda casa.
— Vamos voltar a dormir, são três horas da madrugada. Pedirei para a empregada desinfetar tudo amanhã.
Eles retornaram pra cama e logo adormeceram profundamente, sem perceber que pela janela aberta da sala, entrou silenciosamente um morcego negro e foi se pendurar no lustre de cristal, lá ficando empoleirado de cabeça para baixo, fitando atentamente com seus olhos cor de sangue o sinistro quadro do Enanquin. . .
♥ segue no cap. 3
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