┼ PET CEMITÉRIO

+ + + Baseado no filme Cemitério Maldito de Stephen King.

💀 PET SEMATARY

Elsie deixou a clínica veterinária com um caixote de papelão. Dentro estava seu gato Milow morto, enrolado na manta xadrez, vítima de Leucose felina. Havia perdido seu companheiro e único amigo para a morte. Ele não era um gato qualquer, era o seu bem mais precioso. Ele não se importava por ela ser corcunda, sofrer de Kifose, usar um colete de metal e ter uma perna mais curta do que a outra, corrigida por um sapato ortopédico, nem debochava de seus óculos enormes, como faziam seus colegas de trabalho, sorrindo de sua aparência grotesca. Milow havia aparecido no seu jardim e ela o havia recolhido na sua pequena casa, herdada da mãe já falecida. Ele ajudava a preencher a solidão, o vazio que sentia, a dor da rejeição, de ser tratada como um aleijume, uma aberração, pelas outras pessoas.

Chegou em casa e observou os brinquedos, a almofada e a tigela vazia que era do gato, e desandou em lágrimas. Iria sepultá-lo no canteiro de flores no jardim, na sombra da árvore Sakura florida.

Elsie lembrou do filme Cemitério Maldito de Stephen King. Aquele Pet Sematary devia existir na realidade, pois o filme havia sido lá rodado. Talvez a lenda do antigo cemitério indígena fosse verdadeira, não custava tentar. Ela faria qualquer coisa, até vender a alma pra Satanás, para ter Milow de volta.

Na internet viu que a cidade de Maine não ficava muito longe de onde ela morava. Havia fotos do tal pet cemitério maldito também.

Colocou a caixa no porta malas, levando ferramentas, o gato morto junto e deixou a cidade. Três horas depois ela localizou o vilarejo e se adentrou no cemitério dentro do bosque. Era exatamente como no filme. As sepulturas dos animais, as cruzes de madeira com nomes dos pets, fotos, brinquedos, musgos, cogumelos, folhas secas cobrindo o solo úmido, pastos, folhagens. Pouco mais adiante havia uma muralha de terra com palanques e arame farpado em volta. Ali estava ele, o velho cemitério indígena amaldiçoado, capaz de reviver os mortos.

Ignorando a placa de advertência escrita *Cemitério Maléfico, Entrada Proibida,* Elsie começou a cavar com a pá um sepulcro, deitou o gato Milow lá dentro e cobriu com a terra escura, infestada de minhocas e larvas. Agora era só esperar para ver se iria funcionar, ou era apenas uma lenda macabra.

Estava anoitecendo, deitou-se dentro do carro estacionado ali perto para dormir. No poste de luz fraca encorujado, um sinistro corvo negro, piou um grasnado de mal agouro. Uma chuva fina e constante passou a cair. No bosque silencioso o caldo da água escura e suja de terra, deslizava por entre as tumbas arrastando folhas mortas e gravetos pelas valetas. Os galhos das árvores se moviam nos soluços do vento, desenhando sombras disformes, como espectros errantes vindos do além túmulo, uivantes pela noite a vagar, sob os pálidos fiapos de luar.

▬▬▬► segue no cap.2

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 07/04/2022
Reeditado em 24/04/2022
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